Desde o escândalo do ‘valerioduto’ que o TCU (Tribunal de Contas da União) está de olho na contabilidade das agências de publicidade. A novidade é estimular que as empresas governamentais, ministérios e a Presidência da República não deixem que as produtoras remunerem suas agências com BVs (Bonificações de Volume) sobre produção de comerciais e anúncios. Sob a liderança de Luiz Grottera, presidente da TBWA/BR, que atende a conta da Caixa Econômica Federal, há 40 dias um grupo de 15 agências, entre as quais a F/Nazca Saatchi & Saatchi, DPZ, Agnelo Pacheco, Matisse, Arcos, Giovanni,FCB e SNBBnovagência, se reuniu na sede da Abap (Associação Brasileira das Agências de Propaganda), em São Paulo, para discutir o tema. Hoje à tarde, na sede da Fenapro (Federação Nacional das Agências de Propaganda), as agências se reúnem para ampliar a discussão. O grupo de trabalho das agências é formado por Bob Vieira da Costa, sócio da SNBB,  Paulo de Tarso, da Matisse, e Grottera. Os BVs de produção chegam 10% dos orçamentos. O grupo de agências vai pedir apoio institucional à Fenapro nas reuniões que pretende manter com o TCU para explicar esse item de remuneração das agências. Humberto Mendes, diretor executivo da Fenapro, diz que a entidade tem reunião regular e que o assunto não está na pauta. “Vamos ouvir qualquer tipo de ponderação. Se esse assunto for relacionado, vamos encaminhá-lo para uma comissão específica da Fenapro”, diz Mendes. A preocupação das agências cresce. Segundo fonte do Propaganda & Marketing, o BNDES, conta atendida pela DPZ e Contemporânea, já recomendou às suas agências a subtração das BVs de produção. O problema é que as agências parecem incentivar essa prática. Nas concorrências das contas publicitárias governamentais é comum que nos envelopes com as propostas comerciais o comissionamento proposto seja zero. A Abap optou por não emprestar apoio à iniciativa.

Paulo Macedo