Agências lideram criação, prêmios e faturamento
A primeira agência brasileira, a Eclética, começou sua operação na cidade de São Paulo em 1914. O seu portfólio de negócios abrigou marcas como Kolynos, Gillette, Parker Pen, Aymoré, Ford e Texaco. Ela foi descontinuada nos anos 1990, após a morte do fundador, João Castaldi, que introduziu a comissão de 20% como forma de remuneração. A capital do estado de São Paulo de lá para cá não perdeu o protagonismo no negócio da propaganda no país. Mesmo com a capital sendo no Rio de Janeiro. Geraldo Alonso Filho, filho do fundador da Norton, que abriu a operação em 1946, acredita que a vantagem de São Paulo foi ter abrigado nas agências contas da iniciativa privada em contraste com o Rio, que ficou dependente das contas públicas.
Leica 100, uma criação da F/Nazca Saatchi & Saatchi, teve carreira internacional de premiações importantes como o inédito Grand Prix na área Film do Cannes Lions
“O café, a industrialização e a adesão das principais empresas à cidade tornaram natural o caminho para São Paulo implementar uma postura publicitária no universo empresarial. Costumo dizer que foi por sorte que a cidade ficou em segundo plano na política nacional”, pondera Alonso, diretor do Instituto Cultural da ESPM.
A J.Walter Thompson abriu seu escritório na cidade no início da década de 1930 para atender à conta da General Motors. Hoje, até sua rival na época, a McCann-Erickson, que se instalou no Rio na mesma época para atender à Esso, tem base operacional em São Paulo. A cidade abriga 18 das 20 maiores agências do mercado brasileiro, segundo ranking do Kantar Iboper Media. Da líder Y&R, com faturamento bruto superior a R$ 8 bilhões, passando pela AlmapBBDO, F Nazca Saatchi & Saatchi, Ogilvy, Africa, Leo Burnett Tailor Made, WMcCann, Publicis, FCB Brasil, DPZ&T e, por exemplo, Lew’LaraTBWA.
Neogama teve destaque criativo com trabalho para Levi’s, que ganhou Leão de Ouro no Cannes Lions 2015
As grandes marcas da publicidade global se estabelecem em São Paulo por ser um polo estratégico. Não é por outro motivo que a BETC, Crispin Porter + Bogusky, Isobar, Dentsu, mcgarrybowen, R/GA, Marcel (que se fundiu com a Talent) e a Wieden + Kennedy fazem a opção porque a cidade pode funcionar como espécie de hub criativo para a região. Muitas agências globais mantêm unidades em países latinos, mas é em São Paulo que são criadas as principais campanhas regionais, caso da Chevrolet, que utiliza os conteúdos da WMcCann na região.
“Sao Paulo é e sempre foi o centro da publicidade brasileira. É para onde migram cariocas, gaúchos, baianos, enfim todo mundo que quer viver e fazer a publicidade de Primeiro Mundo. Sem São Paulo, não há a publicidade brasileira que construiu negócios e reputações”, argumenta Alexandre Gama, presidente e diretor de criação da Neogama
O primeiro jurado do país no Festival de Cannes, em 1974, foi Alex Periscinoto, que comandava a Almap. O Brasil ganhou seu primeiro Leão, de prata em 1971, antes com um filme para a Swift criado pela Julio Ribeiro Mihanovich, cuja sede era em São Paulo. O primeiro Leão de Ouro, com o comercial Homem de 40 anos, foi uma criação da DPZ para o CNP (Conselho Nacional de Propaganda), com a assinatura de uma dupla de respeito: Washington Olivetto e Francesc Petit.
O primeiro Grand Prix brasileiro em Cannes foi com o anúncio Umbigo, assinado por Marcello Serpa e Nizan Guanaes. Quatro agências com sede em Sampa, Ogilvy, F/Nazca S&S, AlmapBBDO e DM9DDB, foram distinguidas com Grand Prix de Agência do Ano no Cannes Lions. A F/Nazca, com Leica 100 assegurou o primeiro Grand Prix do Film Lions. A mesma agência ganhou o primeiro Leão na competição Titanium&Integrated com a campanha Xixi no banho, para o SOS Mata Atlântica. Mas o primeiro GP de Titanium foi concedido à Ogilvy pela campanha Retrato da real beleza, para Dove.
“Absolutamente inspiradora! São Paulo abre os braços para todas as pessoas, de todos os cantos do país, e é também porta de entrada para as novidades que vêm de fora. É um caldeirão de influências culturais. É pulsante, viva, cosmopolita e linda, mesmo em meio ao caos. Tudo isso é matéria-prima para a publicidade. Toda a diversidade brasileira se encontra aqui”, destaca Hugo Rodrigues, presidente da Publicis Brasil.