Principal elo entre anunciantes, veículos de comunicação e fornecedores de serviços especializados, as agências de publicidade brasileiras vêm demonstrando recuperação após a turbulência gerada pela crise econômica mundial e estão otimistas com os negócios, em linha com estudo feito pelos bancos Itaú e Bradesco, indicando expansão econômica e que o Brasil seria um dos primeiros mercados a sair da crise global.

Para a DPZ, o primeiro semestre foi satisfatório. “A gente não ficou parado. Não foi um semestre ruim, mas não foi tão bom quanto será o segundo. Agosto está sendo o melhor mês de todo esse ano”, disse o diretor geral da agência, Flavio Conti. “Atravessamos uma turbulência. Agora, vamos em velocidade de cruzeiro”.

A Borghierh/Lowe é um dos principais destaques, em um ano pulou da 14ª posição no ranking do Ibope para o quarto lugar. “Tivemos um crescimento gigantesco, de quase 50%! Nossos clientes não aumentaram o investimento, mas estão com o mesmo budget do ano passado, além  e todos, desde o menor até o maior cliente, estarem na mídia”, afirma Erh Ray, presidente da Borghierh/Lowe.

Julio Ribeiro, presidente da Talent, conta que a agência começou o ano de maneira receosa. “Mas tínhamos algumas convicções. Por maior que fosse a crise, decidimos que não iríamos demitir ninguém”, disse Ribeiro. Segundo o executivo, a agência obteve 15% de aumento em faturamento no primeiro semestre do ano, em relação a 2008.

Confirmação
Sergio Valente, presidente da DM9DDB, diz que com o fim do primeiro semestre teve a confirmação do que já vinha dizendo. “Desde janeiro eu achava que ia ser um ano 3-3-6. Três meses jogando na retranca, três meses no meio de campo e os outros seis meses teríamos de correr atrás do prejuízo”, explicou.

Já a Fischer+Fala! teve um primeiro semestre agitado. Há cinco meses, ocorreu a fusão entre a Fischer América e a Fala! e, depois dela, a agência pulou para o sexto lugar no ranking do Ibope. Segundo Antonio Fadiga, ceo da agência somando as duas operações, o crescimento do primeiro semestre de 2009 foi de 14%. “Não sei se dá para manter esse crescimento de 14% no segundo semestre, mas o ideal seria crescer 10%”, disse o executivo.

Orlando Marques, ceo e presidente da Publicis Brasil, afirma que a agência cresceu como nunca antes. “Temos certeza de que a performance está relacionada a toda a reestruturação promovida antes da crise.

Colocamos a casa em ordem, olhamos para dentro. E quando ela chegou estávamos preparados, a maioria das agências demitiu e nós contratamos”. Segundo ele, a Publicis (que engloba Salles Chemistri e Publicis Dialog) cresceu 47% de janeiro a julho comparado com o mesmo período do ano passado. “As perspectivas para os próximos cinco meses são muitas boas. Tudo indica um crescimento parecido com o do primeiro semestre”.

A Giovanni+DraftFCB informou que teve um crescimento de 32% no primeiro semestre de 2008 em relação ao mesmo período do ano passado. “A perspectiva de crescimento para o ano é 10% superior em relação a 2008”, disse Aurélio Lopes, presidente da agência.

Márcio Santoro, vice-presidente executivo da Africa, acredita que o mercado está vivendo um clima de otimismo, observando cada passo da economia mundial para não perder o rumo dos negócios. “A verba dos clientes, administrada no primeiro semestre de 2009, foi muito similar
a que administramos nos primeiros seis meses do ano passado. Para os próximos meses do ano, acredito que a curva também seja de crescimento”.

Sérgio Amado, presidente do Grupo Ogilvy Brasil, afirma que o crescimento no primeiro semestre foi de 11%, marcando um período de oportunidades. “A crise gerou uma grande oportunidade para o grupo aprofundar a sua relação com os clientes e isto acabou por criar novos negócios”, comentou.

Retomada
A Leo Burnett segue com crescimento e afirma que foi um período bom. “Ganhamos a conta de varejo da Fiat e no segundo semestre haverá uma retomada natural da economia que vai voltar a gerar riqueza”, diz Renato Loes, presidente da Leo Burnett Brasil e América Latina.
A Lew’Lara/TBWA diz que se surpreendeu com os bons resultados do começo do ano. “Foi muito bom porque estávamos esperando um resultado pior por causa da crise. E pensamos que fôssemos empatar [o crescimento] com o ano passado”, avaliou Márcio Oliveira, vice- presidente de operação.

Para Roberto Mesquita, presidente executivo da Neogama/BBH, o primeiro semestre foi bastante positivo. “Ganhamos a conta da TIM e nossos principais clientes mantiveram os investimentos em patamares similares aos do ano passado”.

A AlmapBBDO também considera o primeiro semestre do ano marcante. “O primeiro semestre de 2009 foi muito bom e isso se deve especialmente ao fato de que todos os nossos clientes, sem exceção, fizeram atividades de comunicação”, contou Paulo Camossa, diretor geral de mídia da agência, a segunda maior do País pelo ranking do Ibope, atrás somente da Y&R.

Martin Montoya, diretor geral da JWT, disse que a agência está começando o segundo semestre com bons frutos, fato que, segundo ele, permitirá que inicie 2010 numa posição forte.
Jairo Soares, vp da PeraltaStrawberryFrog, comenta que o primeiro semestre foi melhor do que o esperado para a agência. “Os resultados obtidos pelos nossos clientes, no último trimestre de 2008, contribuíram para a manutenção dos negócios”.

Jaime Greene, sócio da Santa Clara, conta que a sensação é de que o segundo semestre será bem melhor do que o primeiro. Ele afirmou que o primeiro semestre foi atípico. “O primeiro trimestre foi 31% melhor que o mesmo período de 2008. O semestre fechou igual ao ano passado. Esperamos ter um ano 20% melhor do que 2008”.

André Paes de Barros, sócio da Loducca, salienta que a agência está otimista. “Estamos otimistas em função do resultado do primeiro semestre. Tivemos um primeiro semestre impressionantemente bom, conseguimos fechar um pouco melhor do que o ano passado. Nossa
expectativa é de ter um faturamento parecido”, falou.

Fernando Mazzarolo, presidente da McCann Erickson, disse que o primeiro semestre foi de convivência com um mercado brasileiro defensivo. “Recuamos 2% no primeiro semestre e a previsão é de crescimento, cerca de 5 %para o segundo semestre. Em resumo, o consolidado do ano deve dar um crescimento de pelo menos 3% em relação a 2008”.

Efeitos
A NBS informa que sentiu os efeitos da crise no primeiro semestre, mas que conseguiu contorná-los. “Como em todo o mercado, tivemos algumas dificuldades, mas fechamos com crescimento sobre o mesmo período de 2008. Percebemos o mercado bastante parado. Mesmo com esse cenário, tivemos um primeiro semestre vencedor”, comenta Cyd Alvarez, presidente da agência. No período, a NBS registrou um crescimento de 8% em relação ao primeiro semestre do ano passado. A agência tem expectativa de fechar o ano com crescimento de 8% a 10% sobre 2008.

 Já a Artplan não chegou a sentir os efeitos da crise econômica nos seus negócios. “Tivemos um primeiro semestre muito bom. Ganhamos muitas contas no ano passado, foram nove clientes novos, o que refletiu no nosso faturamento deste ano”, conta Rodolfo Medina, presidente da agência. “Crescemos 15% em relação ao mesmo período do ano passado e nossa perspectiva é de repetir este desempenho no segundo semestre”, antecipa. Álvaro Rodrigues, presidente do Grupo 3+, que envolve a Agência 3 e a Local, comenta que o primeiro semestre foi apreensivo, mas informa que a perspectiva é boa. “O setor imobiliário já está apontando muitas campanhas. A expectativa é de registrar um crescimento entre 10 e 15%
no segundo semestre”.

Para Otavio Dias, da Repense, o semestre foi de equilíbrio. “Até agosto tivemos R$ 5,8 milhões de receita efetiva, que representou um crescimento de 5% em comparação a 2008”, afirmou. Ele completa dizendo que “sente os clientes mais aquecidos agora”.

Alan Strozenberg, sócio e vice-presidente da Z+, disse que o primeiro semestre foi pior do que a maior parte de 2008. “De modo geral o mercado está mais cauteloso, mas tudo indica que o segundo semestre será mais positivo”. Mesmo assim,  a Z+ cresceu no ranking do Ibope Monitor, subindo para a 14ª colocação.

Eduardo Simon, diretor de atendimento da Taterka, considera que a agência obteve desempenho bastante satisfatório no primeiro semestre de 2009.  “As perspectivas para o segundo semestre são ainda melhores; acreditamos que o pior da crise já tenha passado”. Antonio Freitas, presidente da Master, considera que nos últimos meses do ano o marketing deverá refletir melhor a retomada da economia. “O mercado publicitário certamente será beneficiado, o que já pode ser visto pelos movimentos dos nossos players de ponta e inclusive no varejo”, disse.

No Rio Grande do Sul, as agências sentiram o impacto do cenário de retração e tomam fôlego para compensar o ano no segundo semestre. A DCS, de Porto Alegre, por exemplo, sentiu os efeitos da crise financeira que provocou uma redução nos investimentos econômicos em função do recuo do consumo. “Mas para o segundo semestre, as expectativas melhoram. Nossos negócios já começam a mostrar sinais de reação”, comentou Antonio D’Alessandro, diretor presidente da DCS. Na Competence, o primeiro semestre foi melhor do que o ano passado.

“Nossa receita foi alavancada por algumas campanhas não previstas de clientes do varejo. Projetamos crescimento sobre 2008 entre 8% a 10%”,  afirmou João Satt Filho, diretor- presidente da Competence.

por Cristiane Marsola, Juliana Welling e Maria Fernanda Malozzi (colaboraram Ana Paula Jung e Teresa Levin)