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Andre Chaves, conector do Papel & Caneta, palestrou durante o Festival da Transformação 2018 neste domingo, 25, em evento promovido pela ADVB/RS que aconteceu neste fim de semana na ESPM Sul, em Porto Alegre.

Natural de Aracaju, Sergipe, Andre sonhava em seguir os passos dos grandes nomes da propaganda. Mas a trajetória não foi o que ele imaginou. “Me lembro que no primeiro estágio sofri assédio moral. Eu estagiava há cerca de oito meses, quando pedi pra sair. Meu gestor falou: ‘Você sabe que eu posso te queimar no mercado?'”.

Mas Andre deu a volta por cima e continuou. Em 2013, o profissional largou uma caminhada de aparente sucesso para fazer o bootcamp da Miami Ad School. “Porque todo mundo falava que tem que fazer”, confessa. No fundo, Andre se sentia estranho. Aquela crise de identidade que todo publicitário passa por um momento. “O dilema entre ser reconhecido e me reconhecer”, analisa.

Em 2014, foi chamado para participar de um projeto na faculdade de Oregon. Começou a encontrar vários profissionais que tentavam mudar alguns aspectos do mundo publicitário que o incomodava. Como Laura Jordan Bambach, primeira a levantar a bandeira das mulheres na criação ou Matt Eastwood, um dos poucos líderes assumidamente gays na indústria, entre outros.

Foi então que nasceu o Papel e Caneta, um projeto sem fins lucrativos, cuja missão é criar um futuro com menos competição e mais compaixão a partir das ideias desenvolvidas por um time criativo de diferentes agências. Tudo bancado via crowdfunding.

“O Brasil foi o último a abraçar o projeto. Começou em 2014 e só chegou por aqui em 2016”, lamenta. Desde então, Andre tenta, ao lado de outros nomes do setor, mudar a realidade da indústria da propaganda.

Dados como os que foram revelados pelo Grupo de Planejamento no vídeo reproduzido abaixo incomodam o publicitário. “Muitas vezes, isso nem é falado nas escolas de criação”, explica.

Após a publicação da polêmica planilha “Como é trabalhar aí?”, veio a ideia do “Meu Melhor Defeito”.

O vídeo escancara os problemas. Então, como não se deixar abater? “Trago más notícias. Tem que se abater mesmo. Quando a gente se abate, a gente sente o problema e faz algo sobre ele”, explica.

“Não espere até que o mercado mude. Não tenha receio de ser julgado. […] Não espere que as pessoas segurem sua mão. Peça ajuda e construa uma rede de apoio”, finaliza.