Skol é uma das marcas que elegeram a GUT para coordenar sua comunicação (Divulgação)

Não é um movimento recente. Após sair da DM9 para trabalhar na startup AKQA, nos Estados Unidos, hoje no portfólio do WPP, o brasileiro PJ Pereira partiu para negócio próprio, a Pereira & O’Dell, no ano de 2008. Outros empreendedores estão ganhando relevância na publicidade com a abertura de suas agências, com foco em atendimento personalizado, criatividade, produtividade e disponibilidade para abrigar grandes contas. Antes só acessíveis às corporações mais robustas. É o caso da Suno United Creators, um projeto que une Guga Ketzer, Cesar Toledo, Lica Bueno e Benjamim Young, hoje com mais de 200 profissionais e contas como Banco Santander, iFood, Heineken (linha Craft), Yamaha e Yduqs.


“A Suno é um modelo único de negócio. Não por ser um time dedicado de talentos em prol do nosso negócio, mas por duas peculiaridades que julgo muito significativas: 1) Tudo é descentralizado para cada unidade de negócio: o Toledo cuida de Performance; o Fred Paiva e o Alê Câmara, de BTL. Estruturar a operação com uma holding, mesmo sendo pequena, é cultural e implica em uma governança bem resolvida desde a gênese, além de permitir atender o cliente full service ou vender apenas os serviços individualmente sem conflito de interesses; 2) Há um compartilhamento peculiar da saúde financeira da agência conosco. Essa cumplicidade faz com que tenhamos a segurança do empenho do nosso orçamento e a garantia de uma remuneração justa e saudável para a perpetuação do modelo de negócio da agência”, justifica Igor Puga, diretor de marketing do Santander.


A GUT uniu o brasileiro Alselmo Ramos e o argentino Gastón Bigio, que foram fundadores da David (WPP) com Luis Fernando Musa, após premiações importantes em grandes corporações, entre os quais o Grand Prix de Titanium com o case Real Beauty Sketches, para Dove, em 2013. Quando a operação brasileira foi lançada, a GUT iniciou com a Domino’s, que permanece, e depois veio Mercado Livre, Skol, Nestlé e QuintoAndar.

Valéria Barone é managing director da GUT São Paulo (Divulgação)


“Acredito que os anunciantes estejam de olho nas propostas mais disruptivas, em discursos e ideias que fogem do lugar-comum. As agências independentes são mais abertas para trabalhar em parceria com o cliente. Na GUT, eles acompanham todo o processo justamente para que entendam a importância de cada decisão, mergulhem na ideia e tenham a coragem de ousar com a gente. Esse processo evita retrabalhos que são tão comuns no mercado publicitário, tornando as entregas mais ágeis e assertivas. Eu acredito que estruturas enxutas fazem com que a tomada de decisão seja mais ágil e a cultura da agência permeie todas as áreas de forma mais efetiva”, argumenta Valéria Barone, managing director da GUT São Paulo. “O mercado de publicidade está aquecido e a busca por profissionais qualificados, criativos e experientes nunca esteve tão acirrada. Muitos estão buscando agências focadas em criatividade e projetos com propósito. As agências que forem capazes de suprir as necessidades desses profissionais, saem ganhando nessa corrida”, acrescenta.


A opção enxuta garante às marcas um olhar de dono, que nas grandes corporações também existe, mas fica comprometido pelas engessadas escalas hierárquicas. “No nosso caso, acredito que, por sermos uma agência independente, em que a tomada de decisão pode ser bem rápida, e a proximidade com o cliente muito grande, ajuda sim a atrair os clientes. E, claro, por termos uma veia criativa muito forte. Na GUT todas as áreas funcionam em prol da criatividade. As estruturas enxutas crescem no ritmo da agência. As equipes são formadas por times com perfil sênior, formados de modo a ter a menor hierarquia possível, e maior poder de decisão”, prossegue Valéria.


Após passagens por grandes agências, Guilherme Jahara, Flavia Campos, Clariana Regiani e Carlão Fonseca montaram este ano a Dark Kitchen Creatives, com um olhar para otimização e proximidade. E já acumulam cases para Dr. Jones Men Care, YVY (produtos de limpeza naturais e sustentáveis), Mobly e Baby Dove, por exemplo.


“O nosso modelo foi pensado para conectar e integrar especialidades, de acordo com diferentes momentos em que as marcas se encontram. Formatamos alguns deliveries que os anunciantes vão buscar em diferentes parceiros. Ele também traz possibilidade de branding, de trabalho de planejamento e posicionamento de marca. Oferecemos também Design Sprint, trazendo clientes junto para a resolução de problemas complexos em cinco dias. Também possibilita atender marcas que precisam de design e rebranding, tanto em produtos quanto em experiência de compra. E, claro, oferecemos comunicação integrada, estratégica, criativa e com produção inteligente. Tudo para trazer diferentes possibilidades de serviços, de remuneração e mais transparência, sempre de acordo com as necessidades do momento da marca. Sabemos que o acesso direto aos ‘chefs da cozinha’ é um diferencial”, detalha Jahara.

A Tech and Soul, que une os sócios Claudio Kalim, Flavio Waiteman, Fernando Amino e Cláudio Gora, navega na vibe que identifica gaps para resolver questões com proximidade que só as operações enxutas conseguem. Em 2019, assegurou Leão de prata com o case Distracted Goalkepper para a Uber. E foi reconhecida pela Advertising como a Experimential Agency of the Year (2021). Entre seus clientes estão banco C6, Mitsubishi, Suzuki, OMO, Dove e Suhai.
“Acredito no modelo tailor made, onde a estrutura é desenhada para o desafio a ser encarado, e não onde o desafio deve se encaixar ao modelo engessado e predefinido de uma agência. As necessidades são diferentes, por isso as soluções devem ser únicas. Os anunciantes estão buscando novos olhares e formas de se fazer comunicação, e nesse ponto nosso modelo tem muito a contribuir. Não apenas os anunciantes estão trabalhando dessa forma em seus negócios, com metodologias ágeis, test and learn e novos formatos, como também esperam isso de suas parceiras de comunicação”, observa Kalim.

Com mais quilometragem, a Z515 também integra na sua estrutura profissionais com longa carreira em grandes agências, caso de Flavio Nara (DM9) e Marcelo Prista (Africa), que se juntaram a Zezito Marques da Costa e Alan Strozenberg, fundadores da Z+, vendida à rede Havas. A agência está no pool do governo de São Paulo e atende Marfrig, Maguary, Oxxo e Focal.

Os sócios Guilherme Jahara, Clariana Regiani, Carlão Fonseca e Flávia Campos (Divulgação)

“A demanda tem sido por entregas cada vez mais ágeis e baseadas em cocriação. Cliente que cria junto e agência plugada no negócio não esperam briefing. É claro que a capacidade estratégica e criativa da agência é sempre valorizada, mas não há mais espaço para ego. A agência precisa ser ágil para entender, criar e, principalmente, aprender e corrigir a rota imediatamente, quando necessário”, esclarece Prista.


Com passagens pela Africa, Heads, Giovanni FCB e StrawberryFrog, Asterio Segundo lançou a Agência 35 há três anos, com foco em estratégia que implica a prática dos pilares senioridade, proximidade, profundidade e agilidade.
“No mundo de hoje é essencial que a agência seja uma extensão dos departamentos de marketing, com capacidade para ir além do planejamento de comunicação e atuar em pautas relevantes para o negócio. Mais que uma cultura hypada, os anunciantes estão de olho nos profissionais que estão por trás dela. Nesse cenário é essencial ter uma interface experiente, com capacidade criativa e profundidade estratégica. Foi-se o tempo das entidades invisíveis e das relações baseadas na ausência”, finaliza Segundo.