Desde o final de abril, os passageiros que circulam pelaViaQuatro – Linha Amarela, do metrô de São Paulo, tem sido surpreendidos por sons de clarinete. O sistema de avisos também está mais cordial e menos imperativo, a exemplo do que é feito no metrô do Rio de Janeiro há seis anos. O trabalho de sound branding é da agência Zanna, responsável também por projetos  para o transporte público de Salvador (BA) e aeroportos de Guarulhos e Congonhas, em São Paulo.

Na capital paulista, as mudanças têm dividido opiniões, sobretudo, nas redes sociais, que já receberam centenas de memes e comentários sobre a novidade. Não faltaram comparações com personagens animados, como Lisa Simpson e referências ao músico Kenny G, famoso por interpretar canções românticas com seu saxofone. De acordo com Zanna, diretora criativa da agência que leva seu nome, é natural o estranhamento inicial do público, mas reconhece que o projeto ainda está em fase de ajustes.

“Tudo que é novo, estranha mesmo, mas estamos testando o volume ainda, porque de fato está alto em algumas estações e isso precisa ser corrigido. Como as estações foram desenhadas para receber mensagens de voz, e não de música, vão precisar de melhoria acústica”, explica a executiva.

Zanna ressalta ainda que a agência tem acompanhado de perto os comentários nas redes sociais, mas descarta possíveis mudanças no projeto, pelo menos até serem realizadas pesquisas de opinião. Na capital carioca, por exemplo, onde o projeto de sound branding do metrô foi implementado em 2011, as mudanças foram aprovadas por 81% da população.

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“Os meios de transporte de massa costumam ter tratamento frio na comunicação porque são administrados pela área de operações da empresa. No Rio, havia um hábito de vozes duras, informativas, secas, sem preocupação de estabelecer uma relação próxima. Implementamos, então, um jeito mais carinhosos de falar”. Além da comunicação mais gentil, foi trabalhada trilha sonora com sons de pássaros.

A estratégia também foi utilizada em São Paulo, onde a inspiração para o clarinete surgiu da relação de boemia na cidade. A agência fez um estudo sobre a linguagem paulistana, e percebeu influências da música pop, hip-hop, mas foi o samba o escolhido para representar a cidade. “Criamos um nicho no mundo, existia esse gap na comunicação e criamos um serviço em que a gente cuida dos ouvidos dos passageiros de forma carinhosa, próxima, humanizada, com instrumentos de verdade”.