Otavio Dias e Luna Gutierres, sócios da agência, combinam passado focado no marketing de relacionamento com efetividade na entrega (Fotos: Alê Oliveira)

Segundo o pensador britânico Beda, existem três caminhos para o fracasso: não ensinar o que se sabe, não praticar o que se ensina e não perguntar o que você não sabe. O mantra define bem o pensamento da agência Repense, liderada pelos sócios Otavio Dias e Luna Gutierres. Os executivos receberam o PROPMARK no escritório localizado na Vila Madalena e explicaram a estratégia do negócio.

Fundada em 2006, a agência já nasceu num período de questionamentos do mercado. “Na época, a gente não acreditava mais nesse modelo por caixinha, a gente acreditava no modelo realmente de comunicação integrada”, explica Dias.

Segundo o CEO, hoje o CRM e o marketing de relacionamento têm total integração estratégica e de raciocínio técnico com as mídias digitais. “Essa feliz coincidência faz com que hoje a gente nade de braçada”, afirma o executivo.

Repense possui cerca de 75 colaboradores divididos entre São Paulo e Rio de Janeiro

Entre as contas, há empresas de diversos tamanhos. “O Banco Itaú foi um cliente-fundador e está com a gente até hoje”, celebra Luna. “Um que temos muito orgulho de atender é o Médicos Sem Fronteiras. Tudo que você vê na televisão de MSF é da Repense”, menciona a diretora.

Aliás, a veia do terceiro setor é forte na empresa. “Nosso DNA de marketing de relacionamento traz pra gente uma angústia positiva em relação a métricas, performance das campanhas. Em marketing direto, uma campanha é bem-sucedida quando ela dá resposta, quando gera lead, quando ela vende. Nosso trabalho, claro, tem a ver com construção de marca, mas, sobretudo, com o impacto nos negócios dos clientes. Quando a gente fala de terceiro setor, o negócio é a doação. Com a ressalva de que para eles o investimento que colocam em mídia é um dinheiro muito mais suado”, explica Dias. O executivo destaca que o MSF e outras contas do terceiro setor não são pro bonos. “Eles entendem que a especialidade da gente em performance e marketing voltado para resultados é um diferencial”, afirma.

Sede da agência está localizada na VIla Madalena, em São Paulo. Empresa se divide em squads para atender clientes como Itaú

A preocupação com os resultados, obviamente, vai além na carteira da Repense. Itaú, cujo atendimento é concentrado em comunicação dirigida e uma fatia de digital, sempre busca algo do cliente. “Quando falamos em comunicação dirigida, estamos falando de comunicação de resposta direta. Tudo que eu, Repense, faço para o Itaú, estou pedindo para o cliente fazer algo”, pontua Luna.

Além disso, a agência também faz comunicação interna para alguns de seus clientes. “Antes, as empresas não entendiam que a comunicação interna deveria ser feita por uma agência. O cara do RH fazia. Aí ninguém via, ia para o mural. Hoje eles perceberam que não, a audiência interna é tão importante quanto a audiência externa”, comemora a sócia.

Nas paredes da empresa, frases e imagens pregam o respeito mútuo

A agência é dividida em squads e conta com os departamentos tradicionais, além de um braço de produção. “O olhar da Repense é ser, sim, criativo, você não consegue vender comunicação sem criatividade. […] Lembra daquela frase: ‘eu sei que 50% do que investir em propaganda eu vou perder, o problema é que eu não sei qual é o 50%’. Hoje você sabe. Você sabe exatamente onde está perdendo dinheiro. A gente é obstinado por resultado”, alerta Luna.

Recentemente, a agência oficializou três núcleos de negócio: Comunicação & Conteúdo; Data & Performance e Consultoria & Treinamento. Sobre este último, Luna explica que a oferta foi, praticamente, inevitável. “Nosso dinheiro vai ter de vir disso. As agências vão migrar. Nosso segmento vai precisar se reinventar. O modelo tradicional de agência está falido”, alerta. A Repense começou a vender as consultorias mesmo antes da oficialização do negócio. “Itaú, por exemplo, chamava a gente e falava: ‘dá pra vocês darem um treinamento aqui sobre jornada do consumidor? […] Começamos a perceber: tem uma oportunidade”, relembra.

Área de produção é um dos diferenciais da agência

“Listamos os principais temas de treinamento de consultoria que estávamos dando e tínhamos autoridade, e desenhamos a área de consultoria e treinamento. Essa área está indo superbem porque, na verdade, os clientes já estavam utilizando”, comemora Otavio Dias.

“A parte de dados e performance também já existia dentro da entrega do cliente. Mas a gente não vendia isso separadamente”, esclarece, celebrando que a área está funcionando como porta de entrada para novos clientes.

Mas dar consultoria não faz o cliente optar por não contratar a agência? “A gente entende que o mundo é colaborativo. […] Vamos morrer com nosso conhecimento? Não, pois muitos clientes, às vezes, não têm grana para pagar nosso fee mensal, mas têm para contratar a consultoria nossa […] A gente não tem medo de compartilhar, por outro lado, somos ávidos e obstinados pelo novo. Temos sempre uma coisa nova para falarmos aos clientes”, elucida Luna.

A agência segue criando novos braços. Recentemente, anunciou a contratação de Guilherme Cavallini, como head de tecnologia e inovação; e Elisa Moura, como head de produção. O objetivo é viabilizar tecnologicamente as ideias criativas e intensificar a produção audiovisual.

“Nosso core business vai ser sempre comunicação. Não vamos fazer consultoria de logística”, finaliza Otavio, em meio a risos.

RAIO-X

Nome da agência: Repense

Ano de Fundação: 2006

Lideranças: Otavio Dias, sócio e CEO; Luna Gutierres, sócia e diretora-geral

Colaboradores: cerca de 75 pessoas, distribuídas pelas unidades de São Paulo e Rio de Janeiro

Principais clientes: Itaú, Oi, Mondial Eletrodomésticos, Tecnisa, Pernambucanas, DAF Caminhões, AES Tietê, Santa Marcelina EAD, Komatsu, Central Nacional Unimed, SPC Brasil, IDEC, Médicos Sem Fronteiras, Action Aid, Greenpeace e World Animal Protection.