Alimentos são confiáveis como a medicina para manter a saúde
Alimentos feitos “na natureza”, como frutas e legumes, dão prazer e sensação de status, além de ser um caminho para a saúde
O estudo Prosumer Report, realizado globalmente pela agência Havas Worldwide, apontou que 81% dos consumidores consideram os alimentos, atualmente, tão eficazes quanto a medicina para ajudar a manter a saúde em geral. E um dado importante, que afeta diretamente as principais marcas de alimentos do mundo: apenas quatro em cada dez consumidores confiam na indústria para fornecer alimentos saudáveis e 74% se preocupam com o impacto na saúde dos ingredientes artificiais que comem e bebem.
Andrew Benett, CEO Global da Havas, afirma que há uma tremenda oportunidade para as marcas de alimentos e bebidas resolverem este problema. E elas devem primeiro provar que são dignas de confiança.
O levantamento foi realizado em fevereiro de 2016 e ouviu 11.976 pessoas acima de 18 anos em 37 mercados, inclusive o Brasil. Dessa amostra, 20% foi formada pelos “Prosumers”, os chamados influenciadores e drivers de mercado, pessoas cujos hábitos a Havas Worldwide vem acompanhando há mais de dez anos. Para 70% das pessoas deste grupo, o que se come influencia o que se é. A afirmação também é verdadeira para 62% dos millennials ouvidos no estudo, e 61% da geração X, com idade entre 35 e 54 anos.
Gal Barradas, co-CEO do Havas Creative Group no Brasil, fala que a escolha da área alimentar para um novo estudo – cujo tema, em 2015, foi a mobilidade – tem a ver com o fato de o assunto estar na pauta das pessoas, pois está intimamente ligado a saúde, bem-estar e sustentabilidade.
“Por exemplo, cerca de 75% dos consumidores globais (86% no Brasil) temem que os alimentos estejam se tornando mais inseguros no que diz respeito ao uso de agrotóxicos e contaminações em geral. Apenas 38% dos entrevistados confiam que os fabricantes fornecem alimentos saudáveis. Há nitidamente um retorno às origens da alimentação, em que a necessidade de saber a procedência, valorizar receitas de família e o alimento feito com tempo têm muito valor”, comenta.
E ficou claro, ao contrário do que se esperava, que não são os millennials a erguerem a bandeira em matéria de segurança alimentar e nutricional. Houve pouca diferença entre os grupos estudados (millennials, geração X e Baby Boomers), pois estão todos de olho na questão. Os mais jovens, no entanto, se destacam mais como “Foodies” (52% do público entre 18 e 34 anos) – pessoas que amam o alimento, a comida, a culinária e têm um interesse particular em relação a esses temas.
O levantamento da Havas aponta três movimentos importantes aos quais as marcas de alimentos devem ficar atentas no futuro. Em primeiro lugar, há uma consciência crescente de que os alimentos que escolhemos para nos alimentar impactam não apenas na nossa saúde individual, mas também na saúde do planeta. A segunda tendência é o pensamento geral de que os alimentos orgânicos continuam sendo vistos como a opção mais saudável, e os consumidores mais conscientes de hoje estão prestando atenção até mesmo onde os alimentos são cultivados. Mesmo em um país como o Brasil, com tantas necessidades básicas que ainda não foram satisfeitas, é possível identificar este movimento.
“A mídia social tem dado às pessoas muito mais poder para trocar informações e exigir respostas das empresas e marcas. Basta olhar para o crescente número de fabricantes de alimentos, mesmo os mais populares, removendo os ingredientes artificiais de seus produtos, em resposta às mudanças de preferência dos consumidores. Podemos afirmar que a pressão dos consumidores por alimentos mais seguros e ricos em nutrientes não vai desaparecer tão cedo”, observa Gal.
A terceira tendência é a de que, para esse novo consumidor, comer alimentos feitos “na natureza” é mais do que um caminho para a saúde: dá prazer e uma sensação de status. Segundo o levantamento, os mercados desenvolvidos são menos propensos a confiar na indústria alimentar: apenas 20% dos consumidores na França e 35% no Reino Unido disseram que confiam na indústria como fonte de alimentos saudáveis. Na China, o número chega a 50%, e 67% na Índia. O Brasil fica na coluna do meio, com 44% de confiança.