Allan Barros, CEO da Pullse: ‘Nós dobramos de tamanho em dois anos consecutivos'

Executivo diz que, apesar de 2025 ser um ano ser de 'consolidação', agência deverá crescer entre 30% e 40%

Com 30 anos de carreira no varejo, Allan Barros, cofundador e CEO da Pullse, do Grupo Dreamers, iniciou sua trajetória em empresas como Marabraz, Casas Bahia e Máquina de Vendas.

Em 2006, entrou para o mercado das agências com a fundação da Fala!. Em 2016, lançou a Pullse, com foco em varejo, performance e tecnologia. Três anos depois, criou o Aceleraí, inicialmente como uma solução da agência. Hoje, a startup está estruturada como empresa independente dedicada à inteligência artificial.

“É essa simbiose, para mim, que faz a diferença. Se olhar os últimos dois anos da Pullse, é a agência que mais cresceu no Brasil. E quando eu anexo essa visão de branding com a tecnologia, temos um território bem exclusivo”, sintetiza Barros.

Na entrevista a seguir, ele fala também sobre o atendimento às pequenas e médias empresas, sua visão da IA e do mercado.

Quais são as projeções da Pullse para os próximos anos?
Nós dobramos de tamanho em dois anos consecutivos, de 2022 para 2023 e depois de 2023 para 2024, quando chegamos a quase triplicar. Este ano considero um ‘ano de consolidação’. Não estamos participando de concorrências nem focando em prospecção, porque a prioridade é a entrega para grandes contas e clientes estratégicos que conquistamos. Mesmo assim, devemos crescer entre 30% e 40% em 2025, o que marca um movimento de estabilização da Pullse. Já o Aceleraí segue em outro ritmo, depois de validar e testar o produto, entramos na fase de scale up.

A inteligência artificial é o diferencial dos seus negócios. Qual case recente você gostaria de destacar?
Fizemos duas campanhas gigantes para a Casas Bahia que, sem IA, seriam impossíveis. Uma delas foi um paralelo com o filme ‘Missão impossível’, no qual recriamos uma cena na Marginal Tietê que, dentro do orçamento de varejo, não seria viável. Mas quando você assiste ao conteúdo, percebe que não é IA pura: ela está integrada à estratégia. É justamente aí que vemos o que o Aceleraí empresta para a Pullse. Na sequência, fizemos outra campanha de liquidação, em que brincamos com a ideia de apocalipse, inspirados nos filmes de zumbi. Criamos um supersaldão no depósito da Casas Bahia, com a peça fictícia mostrando a Rodovia dos Bandeirantes tomada por carros e pessoas.

Qual o maior desafio no uso da IA?
O problema é que muita gente olha a IA apenas pelo viés da tecnologia e esquece
que, no fim, existe uma pessoa assistindo do outro lado. A IA deve amplificar e reduzir custos, mas sem parecer artificial, senão não conecta. Acredito que nesse ponto estamos à frente. Desde 2019, quando começamos no Aceleraí, sempre tivemos esse cuidado. O resultado é que, quando você assiste ao conteúdo, não parece feito por IA. No fim das contas, fazemos comerciais para o consumidor, não para nós mesmos. E há ainda um aspecto único na nossa experiência com a aplicação da IA no dia a dia dos pequenos negócios. Recentemente fomos até Harvard apresentar o case do Aceleraí, que é uma estrutura tecnológica geradora de um impacto enorme de forma escalável a pequenos e médios empresários.

Por que foi tão importante para você democratizar o acesso de pequenos e médios empresários às campanhas com celebridades?
Quando começamos a pensar no Aceleraí, a ideia central era justamente emprestar o nosso know-how. Percebi, então, o alcance que as big techs estavam dando com a entrada massiva de anunciantes no Instagram e no Google. Hoje, costumo brincar que uma pizzaria, antes mesmo de assar a primeira pizza, já vira anunciante no Instagram. No passado, para chegar na Globo, era preciso primeiro virar uma rede de pizzarias.

Allan Barros, CEO da Pullse, agência do Grupo Dreamers (Foto: Alê Oliveira)

A democratização do acesso à mídia chegou muito antes da democratização do conteúdo. Quando fui estudar os números, já havia 750 mil empresas impulsionando posts nas redes sociais sem passar por qualquer agência. Acreditava-se que era só a mídia de performance que esse empresário precisaria. E é justamente o contrário, já que o que pequeno mais precisa é gerar diferenciação. O problema é que ninguém tinha feito isso de forma escalável. Nossa indústria funcionava muito como uma ‘alfaiataria’, tudo sob medida. E aí veio o clique de pegar a experiência que tínhamos com os grandes clientes e transformar numa espécie de ‘fast fashion’ da comunicação, para atender o maior número possível de marcas.

Esses pequenos e médios empresários, em teoria, já possuem uma conexão próxima com o público?
Já têm. Mas o dilema que identificamos lá atrás é que eles valorizam muito o marketing, sabem que é fundamental para crescer, só que não cabe no orçamento. Ficavam presos numa equação complicada em que, se produziam bem, não sobrava dinheiro para impulsionar, e se não impulsionavam, não cresciam. Era quase uma lógica ‘Tostines’. Encontramos o equilíbrio de emprestar uma celebridade para fazer a comunicação, mas cobrando um valor proporcional ao PIB da cidade onde o negócio está. E junto já entregamos a produção completa no digital, TV ou rádio, dentro de um combo acessível. Percebi que havia não apenas um negócio sustentável, mas também uma missão de gerar impacto real nesses pequenos e médios empreendimentos. Afinal, 70% dos empregos no Brasil vêm desse segmento. Enquanto isso, as grandes agências disputam os mesmos 3% das empresas que anunciam. Ou seja, 97% ficam abandonadas pelo ecossistema da comunicação. O Aceleraí nasceu justamente para atender essa parcela.

Leia a entrevista completa na edição do propmark de 15 de setembro de 2025