AlmapBBDO supera expectativas no digital

 

Nos últimos três anos, o mercado digital brasileiro passou por enorme transformação, sobretudo diante da investida em massa dos grupos internacionais nas principais representantes do país, quase todas ainda independentes adquiridas por Publicis ou WPP. Nesse período, as chamadas “full-service” seguiram por caminhos diferentes, ora estruturando um departamento especializado reforçado, ora adquirindo ou firmando acordo com parceiros externos. Porém, um dos exemplos que mais se mostraram efetivos para esse modelo de operação foi o da integração geral, colocando o digital como pensamento, não mais como barreira.

Consolidada como uma das maiores agências do Brasil, tanto em faturamento e tamanho de clientes, quanto por sua reputação criativa global, a AlmapBBDO apostou neste último caminho – e, agora, colhe frutos maduros. Até o início de 2011, ela tinha um departamento de criação digital definido, liderado pelo diretor Sergio Mugnaini (hoje na Loducca), que em fevereiro daquele ano partiu para a americana Goodby, Silverstein & Partners. Foi a deixa para que o sócio e diretor-geral de criação Luiz Sanches aplicasse o novo método de trabalho. “Decidimos pela integração. Colocamos a Luciana Haguiara e o Sandro Rosa como codiretores de criação digital e o restante da equipe pensando de forma mais abrangente. Passado o tempo de maturação, estamos colhendo um resultado muito satisfatório, tanto em termos de eficiência quanto na excelência da produção”, confirma Sanches.

No quinto andar do prédio comercial em que está sediada, a Almap tem a maior parte do espaço tomado pela equipe criativa. Sem divisórias ou baias, apenas as mesas e alguns pilares de sustentação separam os profissionais do departamento, independentemente de sua especialização. “Já temos campanhas digitais que nasceram nas mãos de uma dupla que trabalhava só com offline, assim como aquelas que eram digitais trabalhando em outras mídias. Mais do que isso, estamos começando a formar esse profissional ‘ambidestro’, que já pensa digital”, complementa.

Com aproximadamente 350 funcionários no total, ao menos 60 são dedicados exclusivamente aos trabalhos digitais – sobretudo na equipe de produção, instalada em outro andar do prédio. “Antes terceirizávamos muita coisa que não era possível realizar internamente. Hoje, os processos são em sua maioria internos”, afirma Sanches. Com isso, a agência atraiu mais demanda de seus clientes nesse sentido. “O volume tem aumentado sem parar. Isso mostra não apenas que os clientes têm entendido que o digital é fundamental no negócio deles, mas também que ganhamos a confiança deles para esses trabalhos”, acrescenta Luciana.

Sanches, porém, enfatiza a relevância de profissionais especializados. “O processo é muito parecido com o que acontece desde sempre com a dupla de redator e diretor de arte. No primeiro momento, eles são ‘criadores’. Depois, um se dedicará mais ao texto e o outro ao visual, quando necessário”, relaciona. “O jeito é criar com todo mundo participando e partindo do mesmo briefing. É só a partir de uma ideia central e de um conceito já bem definido que partimos para o que chamamos de ‘especialização’”, acrescenta Luciana.

Mais negócios

O volume crescente também pode ser facilmente percebido do lado operacional. “Se o digital fosse um cliente da agência, ele seria o terceiro maior, contando os investimentos em produção, conteúdo e mídia”, compara Gustavo Burnier, sócio e diretor de serviços a clientes e gestão. Mesmo sem citar números absolutos, a correlação ilustra a relevância de valores movimentados pela disciplina, já que a Almap traz em sua carteira verbas robustas como as de Volkswagen, O Boticário, Antarctica, Pepsi, Visa, Havaianas, entre outras.

Segundo o executivo, o pensamento que orientou Sanches na criação serve para todas as divisões da agência. “Hoje, o digital não é uma área ou departamento. Nossa crença é que ele é importante demais para estar separado. Sinto que estamos em um momento de evolução, deixando de falar de comunicação digital para tratar de comunicação em um mundo digital. Não existe um consumidor on e outro offline, mas sim comportamentos distintos de uma mesma pessoa. Esse olhar é muito mais saudável e desafiante para os profissionais”, completa Burnier.

Em maio, a AlmapBBDO ganhou quatro novos sócios – além de Sanches e Burnier, passaram a integrar o grupo a diretora-geral de planejamento Cintia Gonçalves e o diretor financeiro e de negócios Rodrigo Andrade. Com isso, os líderes e também sócios Marcello Serpa e José Luiz Madeira passaram a atuar como copresidentes do board, focados também na procura de oportunidades de novos negócios, seja internamente ou para a constituição de um pequeno grupo ao atrair ou criar novas empresas.

De acordo com Burnier, não há nada em negociação, mas a aquisição de empresas especializadas em processos de produção digital não está descartada. “Existe uma série de conversas sobre novas oportunidades e possibilidades. O principal é que nunca temos a sensação de já ter ‘chegado lá’. Como organização, temos sempre que nos reinventar, além de reavaliar as mudanças já implementadas. Não há um destino, e sim uma direção”, conclui.

Efetividade

O resultado positivo da nova estrutura digital da Almap pode ser visto também tanto no portfólio quanto pelo reconhecimento do mercado. No início do ano, a agência apareceu no Gunn Report referente a 2012 como a segunda operação digital mais premiada do mundo, além de ter levado Luciana ao júri de Cyber do Cannes Lions. Ela ainda conquistou dois dos três Leões de bronze da área em 2012, com trabalhos para VW e Getty Images, além do primeiro de ouro da então estreante área de Mobile, com anúncio interativo para tablets da Bradesco Seguros.

Outros cases citados por Sanches e Luciana como de destaque foram a divulgação da nova MTV, com a Mãe Dinah “prevendo” o futuro da emissora; o desaparecimento da picape Tiguan do ambiente online; a série de cases para peças originais Volkswagen, o desdobramento da campanha “Pagar com Visa é muito melhor” na internet, com conteúdo em vídeo; e a plataforma digital do Fox Rock in Rio, que permitia ao público viajar, a bordo do carro e com a ajuda do Google Street View, por 440 histórias do rock, além de ter acesso a podcasts, playlists, tablaturas e outros conteúdos. “Os clientes estão colocando a barra lá em cima, e isso é muito positivo”, celebra Sanches.