O sétimo andar do prédio Matarazzo, residência atual do prefeitura de São Paulo, recebeu na tarde desta quarta-feira (23) os alunos do 3º do curso de publicidade da ECA-USP (Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo). Divididos em oito agências, os estudantes tinham como missão apresentar as campanhas que vinham elaborando, desde abril, para a Comissão Municipal de Direitos Humanos (CMDH).

A ação é fruto de uma parceria estabelecida entre a entidade e Comissão de Direitos Humanos da USP a ECA. O trabalho foi desenvolvido nas disciplinas de Comunicação Visual e Arte Publicitária, ministradas pelo professor Dorinho. Segundo o docente, nas práticas de suas matérias, os alunos costumam fazer ações, como para o Hemocentro e segurança no trânsito, mas nada como o atual trabalho. “É um tema muito complexo. As pessoas não sabem que existe a comissão”, disse.

Com o briefing aberto, os alunos tiveram que se dedicar a fazer pesquisas sobre o que efetivamente são os direitos humanos e a atuação da CMDH, ponto em que contaram com a ajuda das assessores técnicas para obter informações adicionais.

Em todos as análises que fizeram, as mesmas contastações: desde a visão negativa sobre os direitos humanos, com o estereótipo de “coisa de bandido” ou “defesa de vagabundo”, até a falta de conhecimento da população sobre os seus respectivos direitos e o conhecimento da existência de uma comissão municipal, cujo conhecimento pela população está mais restrito ao centro da cidade. “As pessoas acabam vinculando os direitos humanos com questões polêmicas e pejorátivas. A ideia é mostrar às empresas como os direitos humanos fazem parte de suas vidas e como eles podem ser efetivados”, afirmou Laura Mascaro, coordenadora do projeto e assessora técnica da CMDH.

A partir desse diagnóstico, as “agências” desenvolveram as campanhas com o objetivo de mudar percepções e gerar aproximação. Cada uma traçou sua rota. A “Expresso”, por exemplo, optou por redesenhar o “Balção”, que é a linha da frente da comissão, enquanto a “Sobpressão” optou por uma linguagem infantil para a comunicação.

Para José Gregório, presidente da comissão e secretário especial dos Direitos Humanos, “nenhum dos alunos errou a profissão. Todos demonstram a queda para a comunicação e para a publicidade”, afirmou. Para ele, no dia em que todas as pessoas souberem e praticarem os direitos humanos, o mundo será diferente. “Eu acredito nos direitos humanos, mas sei que, como uma planta, precisam ser regados”, concluiu.

Alexandre Isnenghi, vice-presidente de operações e atendimento da Fischer&Friends e jurado, ressaltou a ousadia dos trabalhos. “Todos com visão de comunicação integrada, com foco muito claro de ouvir o público e dar respostas diretas”. Os jurados enviarão suas escolhas e justificativas até o próximo dia 30 e o resultado deve ser anuncado na sequência.

Segundo a CMDH, a entidade, em interação com a Secretaria Municipal de Comunicação, estuda a realização de cerimônia para premiar a agência vencedora, bem como lançar a campanha vencedora e promover uma exposição, no edifício Matarazzo, com todos os trabalhos apresentados.

por Marcos Bonfim