O diretor executivo da Editora Três, Carlos Alzugaray, emitiu hoje um comunicado sobre conversa gravada entre o empresário Adriano Schincariol e o publicitário Luiz Lara. Na última semana, a operação batizada “Operação Cevada”, prendeu executivos da Schincariol, sob a suspeita de lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e evasão de divísas. A relação da editora com o caso está intrinsicamente ligada ao presidente da Abap SP (Associação Brasileira de Agências de Publicidade de São Paulo), Luiz Lara, que viu seu nome protagonizando um suposto esquema de compra de reportagens jornalísticas para o Grupo Schincariol. A suspeita veio à tona na última sexta-feira (17), quando gravações telefônicas foram feitas pela Polícia Federal para investigar a “Operação Cevada”. As gravações obtidas pela PF sugerem que a Schincariol teria negociado pagamentos a veículos de imprensa para que fossem publicadas matérias favoráveis à cervejaria, inclusive uma reportagem de capa na revista IstoÉ Dinheiro, da Editora Três. A revista Época, da Editora Globo, também foi citada no diálogo. Tais negociações teriam sido realizadas por Lara, presidente da Lew,Lara, que atende contas de alguns produtos da Schincariol, como a cerveja Primus e refrigerantes. Veja comunicado de Carlos Alzugaray na íntegra:
“Uma infeliz conversa entre o importante publicitário Luiz Lara e Adriano Schincariol, tomou conta de uma boa parte das conversas dos profissionais de comunicação na semana passada.
Aproveitando o evidente (e desastrado) avanço de sinal do Luiz, alguns grupos de comunicação, como a Folha de S. Paulo e a TV Record, revelaram um jornalismo mal intencionado na cobertura do episódio, porque de fato sempre souberam e continuam sabendo que não há nenhuma relação entre as compras de programações feitas pela Schincariol (e outros anunciantes) nos diversos veículos de comunicação, inclusive na Editora três, e os conteúdos editoriais destes veículos, incluindo a matéria que saiu na “Dinheiro” meses depois (período no qual a Schin ganhou quase todos os prêmios do meio, capas de outras revistas, etc…).
Da mesma forma, todos também sabemos que as tais compras de programações são práticas comerciais não apenas comuns como prioritárias para quase toda a cadeia anunciante (cliente, agência e veículo): hoje praticamente nenhum grande anunciante compra os espaços no varejo, ou seja, anúncio a anúncio, mas sim “no atacado”, até para conseguir maiores descontos – como conseguem.
Quem procurou difamar a Editora Três conhece muito bem o nosso segmento e sabe que – infelizmente – alguns clientes de fato se sentem “blindados” pelo simples fato de serem clientes. Sendo assim, a possibilidade de enormes exageros verbais entre clientes e publicitários, como os ocorridos nesta conversa, não são tão raras – e a prova está no fato de a Editora Três não ter sido a única atingida pelo diálogo registrado no grampo entre o publicitário e o anunciante. A Record, por exemplo, também foi.
Temos, portanto, a tranqüilidade e a certeza de que todos os profissionais do mercado de fato sabem que nada de anti-ético aconteceu. Ainda mais tranqüila está a redação da revista Dinheiro, reconhecidamente a melhor e mais independente de seu segmento, que sabe que a matéria “Schin” nasceu em sua reunião semanal de pauta, ao centro de 50 profissionais.
Os hipócritas que, a partir da conversa entre o Luiz e o Adriano, tentam fazer futrica e passam o assunto adiante, mesmo sabendo que essas incontinências verbais acontecem no meio, o fazem por interesses concorrenciais ou porque “estão precisando ler mais o Estadão”, já que falar sobre a atual conjuntura política, pode ser uma exigência sofisticada demais para tais mentes.
Quanto ao Luiz, como já falamos à ele algumas vezes, repetimos: Fique tranqüilo, você tem o reconhecimento do mercado de ser um dos melhores e mais proeminentes executivos de agência de publicidade e este fato não mudará sua história; E aqui na Três você continua com grandes amigos, se não ainda mais amigos, por sabermos (mesmo que de forma bastante peculiar ) que tivemos um parceiro no final do ano tentando nos ajudar com os dobrados compromissos do momento, da mesma forma que quase todos os publicitários fazem com os outros veículos, de revistas, jornais e televisão.
Carlos Domingo Alzugaray
Diretor Executivo – Editora Três”
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