Ambev: “A gente tentou fazer coisas que pudéssemos adaptar na empresa”
“A pandemia chegou e embaralhou todas as cartas. A gente está passando por um momento histórico que nunca vivemos e estamos aprendendo bastante. A Ambev é uma empresa brasileira, tem uma responsabilidade muito grande com o país, com a forma de fazer negócios aqui. A maioria da nossa força de trabalho vem de fornecedores locais, mais de 90%. E estamos no mercado há muito tempo. Nossas marcas têm centenas de anos. Stella Artois, por exemplo, tem mais de 600 anos e a gente pretende ficar por aqui por mais 600. Está sendo um ano para a gente se reconectar com essa essência e ajudar o país a vencer isso mais rápido.
Tivemos de adaptar nossos processos, lançamentos, campanhas, nesse novo cenário, e a partir daí agir para realmente fazer a diferença. O nosso sonho como Ambev sempre foi unir as pessoas por um mundo melhor. E eu acho que esse é um momento em que estamos conseguindo colocar isso em prática de verdade. Tivemos muitas inovações durante a pandemia. A Ambev sempre foi uma empresa muito ágil e o nosso forte sempre foi gestão. Como somos uma empresa muito enxuta, a partir do momento que combinamos o que a gente ia fazer, tudo ficou fácil e acessível para fazer mesmo. Por exemplo, a nossa primeira ideia foi a produção do álcool em gel.
A gente viu no começo que na China tinha faltado muito dos ingredientes básicos para sanitizantes e pensamos que isso ia chegar ao Brasil. A gente produz álcool na nossa cervejaria, porque fazemos cerveja, e da cerveja zero a gente tira o álcool, e foi quando pensamos se não conseguiríamos transformar isso em álcool em gel. Em nove dias, a gente tinha o álcool em gel. 100% do que produzimos foi para doação a hospitais. No final das contas, a área de inovação estava envolvida, junto com a de marketing e o pessoal do suplay. Todo mundo se mobilizou. A gente tentou fazer coisas que pudéssemos adaptar a empresa para fazer. Como trabalhamos com plásticos, garrafas pet, pensamos também em transformar isso em máscaras. E em pouquíssimo tempo também, em duas ou três semanas, disponibilizamos três milhões de unidades para serem doadas aos profissionais de saúde. Transformamos o pet em face shield. Ninguém gostaria de estar vivendo o que estamos enfrentando, que é realmente assustador, mas eu acho que toda crise também é uma oportunidade.
É o momento em que todo mundo para, presta atenção e muda o foco. Eu acho que o marketing, pelo menos aqui na Ambev, entendeu muito rápido que esse era o momento de a gente transformar e se conectar com os nossos consumidores e parceiros. Durante a pandemia, o Zé Delivery (aplicativo que conecta os bares das regiões com os clientes finais e faz as entregas), por exemplo, quintuplicou de tamanho. A gente tentou trazer as dores dos consumidores para o centro e transformar tudo aquilo que estava ali quicando para ser feito, mas estava em marcha lenta.
Desde o começo, tentamos trazer à tona a história do propósito da marca, de conseguir transformar o nosso sonho em realidade, que é unir as pessoas por um mundo melhor. E, nesse processo, buscamos fazer ações que ajudassem nossos parceiros a sobreviverem a essa crise. As cidades começam a voltar e lançamos há pouco tempo o ‘Movimento Nós’, unindo oito empresas, para tentar ajudar os mais de 300 mil pontos de venda no Brasil para quando forem retomar terem o kit sanitizante e apoio comercial. Nosso plano é estar muito próximo do nosso ecossistema para que os parceiros tenham fôlego para retomar seus negócios. Essa está sendo uma crise bem intensa para o nosso mercado”.