Antes de David, Ogilvy reestrutura atendimento e criação
O plano de crescimento do Grupo Ogilvy Brasil não parece ter limites definidos. Na manhã desta segunda feira (12) será anunciada a criação da David, nova agência com escritórios em São Paulo, Buenos Aires e Nova York, tendo como inspiração a união entre a visão criativa e o entendimento do negócio de seus clientes, principal legado deixado por David Ogilvy, fundador da agência que carrega seu nome e falecido em 1999 (leia mais aqui).
A David tem em seu corpo diretivo profissionais como Sergio Amado, presidente do Grupo Ogilvy Brasil, Luiz Leite, ceo do Grupo Ogilvy Brasil, Fernando Musa, ceo da Ogilvy & Mather Brasil, Anselmo Ramos, vice-presidente de criação da Ogilvy & Mather Brasil e Gaston Bigio, diretor regional de criação da rede para a América Latina. Leite, Ramos, Musa e Bigio devem ter participação efetiva na operação, sem, porém, abandonar suas atuais funções dentro da Ogilvy.
Inicialmente, a operação brasileira deve se utilizar de grande parte da estrutura da própria Ogilvy, em movimento semelhante ao realizado na concepção da 9ine, de Ronaldo com o WPP, no início do ano. Clientes, equipe e outros detalhes serão apresentados pela empresa no decorrer desta semana.
Mudança estrutural
A ambição da Ogilvy por ser “a melhor agência”, sem se pautar por limites regionais, disciplinares ou de estrutura, faz com que seus líderes não parem de promover modificações, adaptações e ampliações em busca de tal objetivo. Somente em 2011, a operação finalizou seu processo de “digitalização”, dando fim a qualquer divisão com esse objetivo para torná-lo cultura em todo e qualquer departamento e nomeando Daniel Tártaro, oriundo ainda da finada OgilvyInteractive e com expertise de atendimento, como diretor de integração digital; reestruturou o planejamento, elegendo Kajsa McLaren como profissional à frente da área; fez o mesmo com a mídia, colocando-a sob responsabilidade dos diretores Toco Monteleone, Daniella Gallo e Miriam Shirley (essa última no escritório do Rio de Janeiro) e promoveu, em seguida, um projeto que visava maior sinergia entre a própria mídia e o planejamento.
Agora, próximo ao fim do ano – e do ciclo de definição de comandos –, atendimento e criação também passam por adequações consideradas pertinentes para um fluxo mais proveitoso. A agência passa a ter duas diretoras gerais de atendimento: Valéria Barone e Daniela Glicenstajn. Já a criação tem dois de seus diretores promovidos a diretores gerais: Fred Saldanha e Claudio Lima, que responderão diretamente ao vice-presidente do departamento, Anselmo Ramos.
Além da promoção, a criação da Ogilvy passa a ter um diretor de criação dedicado a projetos especiais, função que será exercida por Eduardo Marques. O escritório do Rio de Janeiro também recebe um reforço de peso para liderar seu fluxo criativo: o espanhol Paco Conde, que nos últimos sete anos dirigiu a criação da Sra. Rushmore, de Madri, e também passou pelos escritórios por lá sediados de Saatchi & Saatchi, Contrapunto e Y&R – quando trabalhou por dois anos com Ramos. “Nossos dois novos diretores gerais já estão há mais de três anos na Ogilvy e são muito comprometidos, têm experiência fora do Brasil e entendem exatamente o que a gente quer promover por aqui”, ressalta o vp de criação em relação a Saldanha e Lima. Sobre Paco, Ramos destaca que “ter um profissional dessa relevância saindo de uma agência lá fora e vindo para uma operação no Rio de Janeiro reforça a importância do mercado brasileiro, já que era impensável uma migração desse tipo há alguns anos”.
Segundo Fernando Musa, ceo da Ogilvy, as mudanças são baseadas na intenção de poder descentralizar a tomada de decisão e o comando de equipes e funções cotidianas, especialmente com o crescente volume de trabalho e pessoal – hoje o Grupo Ogilvy abriga cerca de 700 profissionais, sendo 500 em sua sede, em São Paulo, e o restante espalhados por operações como as do Rio e Recife. “Criamos um corpo de diretores muito forte, pessoas que terão a responsabilidade de tocar o dia a dia da agência de maneira integrada. A maioria deles já está aqui há muito tempo, conhece a filosofia e a cultura e agora vai poder colocá-las em prática de forma mais simples e funcional”, explica.
Divina inspiração
Uma nova inspiração global deverá contagiar a equipe da Ogilvy no Brasil a partir de 2012. A agência assume a postura de “Divine discontent” (“Divino descontentamento”, em tradução livre), incentivando seus funcionários a sempre encontrar algo a ser melhorado – e agir para melhorar. “Nós temos o hábito do divino descontentamento com nossa performance. É um antídoto para a presunção. Gostamos de relatórios e memorandos bem escritos e fáceis de ler. Também gostamos deles bem curtos e enviados apenas para quem deve tomar conhecimento deles. Pedimos a nossos líderes em cada escritório para representar nossa indústria em suas comunidades, tomar as rédeas em questões difíceis e se fazer ouvir claramente em entrevistas, artigos e discursos. Usamos a palavra ‘parceiro’ entre nós. Isso diz muito”, informa o site global da Ogilvy sobre o conceito. “É perceber que está legal, quando estiver legal, mas sempre se questionar: ‘e agora, o que dá para fazer melhor?’”, sintetizou Musa.
Com isso, o conceito “Being more David”, adotado em 2008 e inspirado nos ensinamentos deixados por David Ogilvy, não será extinto, mas passará a ser mais forte, a partir de agora, na cultura da recém-criada David.
por Karan Novas