A escalada do novo Coronavírus mundo afora tem causado reflexos nos torneios e grandes eventos esportivos. Apesar das discussões e incertezas a respeito dos Jogos Olímpicos de Tóquio, marcados para 24 de julho a 9 de agosto, são as competições em vigor nas últimas semanas que têm sofrido os maiores baques, impactando não apenas a torcida e sua paixão, mas também patrocinadores, ligas, agências de marketing e grupos de mídia.

À medida que concentrações de pessoas estão sendo evitadas para conter a disseminação do vírus, a rotina de clubes de futebol, escuderias de automobilismo e times de basquete passa por mudanças. Não à toa, algumas das principais ligas, como a NBA, decidiu suspender indeterminadamente a temporada nesta quarta-feira (11) depois que dois jogadores do Utah Jazz foram testados positivo para a doença.

A partida contra o Oklahoma City Thunder foi cancelada em cima da hora, deixando as emissoras de TV que fariam a transmissão sem programação. No Brasil, ESPN, SporTV e Band detêm os direitos para a temporada.

Para Rafael Plastina, CEO da consultoria em marketing esportivo Sports Track, o cenário inspira atenção, uma vez que impacta a cadeia do esporte em vários níveis. “Patrocínio esportivo, acima de tudo, é um negócio. As marcas vão segurar a tomada de decisão, não tenho dúvida. No caso dos veículos que detêm os direitos de transmissão, toda a estratégia do ano fica comprometida. Se 40% da temporada da NBA for perdida, por exemplo, é evidente que há um prejuízo financeiro real que cascateia para todo mundo, seja patrocinadores, organizadores, empresas de mídia etc. É um trimestre muito ruim para quem está envolvido na cadeia do esporte”.

Partida entre PSG x Borrussia Dortmund foi feita com portões fechadas nesta quarta-feira (11)

A suspensão de jogos também foi adotada pela Liga Espanhola de Futebol, que interrompeu o torneio mediante a situação no país. A Europa é o atual epicentro dos casos, sobretudo, na Itália, Espanha e França, onde parte dos jogos da Champions League aconteceram, por enquanto, sem torcida, para evitar aglomerações. Foi o caso do jogo entre PSG x Borrussia Dortmund, em Paris, nesta quarta-feira (11). Já os dois próximos jogos entre Manchester City x Real Madrid e Lion x Juventus, agendados para os dias 17 e 18 de março, ainda não têm novas datas e, com isso, o sorteio das quartas de final (previsto para o dia 20) também será adiado. O canal TNT, que detém os direitos das transmissão no Brasil, anunciou que exibirá filmes no lugar das partidas.

Na América Latina, o esporte também tem sido impactado. Nesta quinta-feira (12), a Fifa suspendeu os jogos da eliminatória para a Copa do Mundo a pedido da Conmebol. Até mesmo a F1 tem sofrido mudanças após a McLaren confirmar que um dos membros de sua equipe está infectado. A escuderia se retirou do GP da Austrália, que aconteceria neste domingo (15), mas que também foi adiado. Na StockCar, marcada para o mesmo dia, e Fórmula Indy, o status também é de incerteza.

“Nesse momento, o streaming se torna mais interessante pela possibilidade de assistir os jogos em casa, ao mesmo tempo, a transmissão depende do evento ao vivo, então, não há muita saída. O esporte tem como premissa juntar pessoas e é justamente essa característica que está causando contaminações”, destaca Eduardo Baraldi, CEO da agência de marketing Octagon Brasil.

Na próxima edição impressa do PROPMARK, os especialistas avaliam o cenário do marketing esportivo e dão possíveis caminhos para a retomada do planejamento e investimentos no mercado.

Texto atualizado em 13 de março, às 14h47.