Chaccur: mercado ainda tem muito para crescer com a chegada de novos concorrentes

 

Pertencente ao grupo espanhol Sánchez Cano, a Fini, uma das maiores empresas de guloseimas do mundo, produtora de balas de gelatina, marshmallows, chicles, regaliz, entre outros, aposta em outras frentes para atrair o consumidor. Nesta entrevista, o diretor-geral da empresa, João Paulo Chaccur, fala da parceria com uma rede de cinema, que passa a adotar a comunicação visual da marca, da expansão da companhia, com a abertura de franquias, e da estratégia que fez com que o Brasil se tornasse mais importante do que a própria matriz para o negócio.

Quais as principais novidades da Fini para este ano?
A marca não para de inovar. Uma das principais iniciativas é a parceria que acabamos de firmar com uma grande rede de cinema para um projeto de naming rights. Adquirimos o direito do nome e vamos explorar todo o complexo, com nossos produtos e comunicação visual, desde a bilheteria até as salas.

Qual é a rede de cinema?
É o Cinespaço, no Square Open Mall, na Granja Viana, em São Paulo. São sete salas, incluindo o Imax. Todas serão batizadas com o nome dos nossos produtos.

A localização do cinema teve influência na escolha da rede?
Foi um fator importante, já que o fluxo de crianças é bastante grande. Mas o que queremos mesmo é, além oferecer experiência para quem está passando pelo local, levar consumidores até lá para conhecer o cinema e ter contato com a marca.

Que tipo de ação a empresa fará para atrair esse consumidor?
Teremos uma atuação forte, principalmente nas redes sociais. Nosso objetivo é fazer concursos culturais, promover pré-estreias e outras iniciativas. Queremos que as pessoas sejam realmente seguidoras da marca e tenham vantagens em nos acompanhar.

Esse projeto de naming rights é inédito para a categoria?
Para a categoria de alimentos é uma ação bastante inovadora.

Quando esse espaço será inaugurado, já com a comunicação visual da Fini?
Assinamos o contrato no final de maio e temos 120 dias para promover as mudanças e fazer a virada do cinema. Estimamos que em três meses já esteja tudo pronto.

Quanto a empresa investiu nessa parceria com o Cinespaço?
Por questão contratual, não podemos divulgar. O que posso dizer é que foi um investimento bastante importante e é uma aposta bastante grande para a empresa.

O que a companhia espera dessa ação?
Esse projeto faz parte do que a marca busca, que é ter um contato mais direto com os consumidores e oferecer uma experiência com a marca.

Quantas lojas a marca tem?
São 50 lojas em São Paulo e Rio de Janeiro, mas nossa expectativa é chegar ao Brasil inteiro. É importante ressaltar que, hoje, poucas empresas têm essa capacidade de ter lojas só com produtos fabricados por ela, nosso portfólio extenso permite que isso seja feito.

Quando foi inaugurado o primeiro ponto de venda?
Em 2012, no Hopi Hari, que fica em Vinhedo, São Paulo. Depois, abrimos em Jundiaí, onde temos nossa fábrica. Além da loja, temos um quiosque no mesmo local, nossos dois modelos de negócio.

A marca tem loja em outros parques temáticos?
Temos uma relação forte com parques temáticos. Vamos inaugurar, nos próximos meses, no Beach Park, em Fortaleza, e também no Rio Quente Resort, em Caldas Novas. O que queremos é estar presente nos momentos de lazer e diversão, não só das crianças, mas da família toda.

A Fini também estará presente na rede de parque de diversões mexicana Kidzania, que abrirá sua primeira unidade no Brasil, no Shopping Eldorado, em São Paulo. Como vai ser essa participação?
Temos certeza de que esse projeto vai arrebentar e será um grande sucesso e a Fini não poderia estar de fora. No parque, as crianças poderão brincar com profissões de adulto e receberão salários que serão gastos dentro do próprio parque. Elas poderão escolher trabalhar como médicas, jornalistas ou atuar na indústria, por exemplo. A Fini estará presente com uma fábrica, que vai simular a produção de balas de gelatina. No final, a criança levará para casa o produto. É uma oportunidade das crianças conhecerem todo o processo. Será um grande espaço, cerca de 9.000 metros quadrados, no mesmo lugar onde funcionou o Parque da Mônica, durante 18 anos.

Quando será inaugurado?
No segundo semestre. Estava previsto para o começo do ano, mas a ideia era não competir com a Copa do Mundo, por isso, foi adiado.

Como a marca atua nas redes sociais?
Cada vez mais nosso objetivo é ser ativo nesse meio, sair da mesmice e se destacar, porque apenas estar presente já não é mais novidade para ninguém. Nós temos um blog do Mr.Fini, que é um personagem que representa a marca. Ele é muito ativo e tem uma relação próxima com o consumidor. Recebe fotos, críticas, elogios, é bastante atuante.

Além das lojas próprias, a empresa também vai vender fraquias da sua marca. Quando isso deve começar a acontecer?
Na verdade, temos muitas pessoas interessadas, mas vamos começar a analisar as propostas ainda. É preciso que haja um mínimo de afinidade entre as partes para que o negócio se concretize. Também precisamos pensar na localização, porque o objetivo é dar o suporte que o franqueado precisa. Então, nossa expansão será feita aos poucos.

Já é possível dizer quais locais receberão as primeiras lojas?
Nossa ideia é abrir pontos de venda no Sul do país, primeiramente. Vamos também passar para franqueados algumas das nossas lojas próprias de São Paulo e Rio de Janeiro. Vamos fazer isso porque acreditamos que o negócio tem que ter o olhar do dono de perto e que ele deve ser uma figura operante. Não queremos abrir uma loja que o proprietário tenha outras atribuições.

Quando deve ser aberta a primeira?
Ainda estamos analisando, mas nossa ideia é só abrir umas cinco ou sete de uma só vez, para justificar o investimento.

A expectativa é chegar a quantas?
Não estabelecemos uma meta, já que não existe essa necessidade de uma expansão imediata, mesmo porque esse não é o principal negócio da companhia.

Atualmente, qual a relevância das lojas para o negócio da empresa?
Começamos há 18 meses, então, ainda é muito pequena e o faturamente é pouco representativo.

A empresa acredita que será uma parte significativa do negócio?
Nunca será o principal negócio da empresa, mas queremos aumentar essa importância e tornar um negócio bastante significativo.

Qual a importância para a marca da abertura dessas fraquias?
Hoje, a marca já está presente em aproximadamente 85 mil pontos de venda em todo Brasil. Mas, mesmo assim, é um ganho para a marca ter esse aumento no número de lojas. A ideia é ter mais exposição, se posicionar melhor no mercado, sem contar o aumento no volume de venda e no faturamento, claro.

Quanto custará ter uma franquia da Fini?
Cerca de R$ 90 mil seria o investimento inicial para ter um quiosque, já operando.

De quanto é o ticket médio de uma pessoa que compra os produtos?
Varia muito, mas em média 170g, porém acreditamos que com as franquias, esse valor possa subir 40%, no mínimo. Por ser um produto de impulso, a pessoa tem que ser estimulada a comprar e isso deve acontecer com esse novo modelo de negócio.

Desde quando a marca está no Brasil?
A Fini é uma marca espanhola e está atuando no Brasil desde 2001. Hoje, contamos com 1050 colaboradores.

Como é a concorrência neste segmento?
Se pensarmos em lojas de guloseimas, existem pequenos quiosques e estabelecimentos que vendem produtos nacionais e importados. Mas esse negócio não nos preocupa, já que são volumes muito pequenos e são regionais. Mas pensando na categoria como um todo, temos concorrentes nacionais e internacionais, mas que não têm lojas próprias, é outra estratégia.

Qual a participação da marca?
Essa categoria não é medida pela Nielsen, mas pelo que percebemos do mercado. Em gelatina, a Fini tem 95% deste mercado. E em marshmallows, pelo menos 92%, sendo bem conservador. Isso acontece porque a concorrência é muito nova, mas isso deve mudar.

Esse mercado tem espaço para crescer?
Com certeza. Se compararmos com os Estados Unidos, por exemplo, onde o mercado é bastante pulverizado, existem grandes fabricantes e muitas marcas, assim como na Europa. No Brasil, a tendência é acontecer isso, a Fini vai perder um pouco de espaço, mas a pizza vai aumentar e não haverá perda de volume, ao contrário. O segmento vai crescer e ocupar espaço de outros. Vale lembrar que, em qualquer setor, a concorrência é sempre saudável, faz com que todo mundo se movimente.

Atualmente, qual a importância do Brasil para o negócio?
O Brasil é o principal mercado e a chega ser mais importante para o grupo do que a própria Espanha. A matriz só fica maior porque eles vendem para o mundo todo. Hoje, produzimos o mesmo produto que é feito lá fora, então a qualidade é exatamente a mesma.

A marca é atendida por qual agência?
A Borghi/Lowe desde o ano passado. E ter uma agência desse porte também marca o momento da empresa e o aumento do nosso investimento.

Qual é o investimento?
Não falamos os números, mas posso dizer que é 5% do faturamento, que vem crescendo.

Qual o crescimento da empresa esperado para este ano?
Temos crescido nos últimos anos de 30% a 40%. Este ano, a média é 30%.

A marca cresceu bastante. Qual foi a estratégia adotada?
Para chegar a esse ponto, passamos por diversas etapas. Primeiro foi a qualidade, depois, a distribuição e, por fim, passamos a investir mais em comunicação.

A Fini trabalha com licenciamento. Como funcionam essas parcerias?
A empresa tem diversas parcerias e atua muito forte nessa área de licenciamento. Uma das mais importantes é com a Disney. Também temos o Angry Birds, Candy Crush, Warner, Patati Patatá, entre outros. Esses produtos têm uma grande rotatividade e ficam mais ou menos um ano em linha e depois saem para entrar outros.

Tem alguma novidade?
Para o final do ano, tem o lançamento do filme dos Minions e vamos lançar esses produtos, além de Star Wars.