Em comemoração aos seus 50 anos, Exame produziu uma sequência de revistas especiais, além de outros eventos e iniciativas. Na segunda das edições, tema relevante e essencial neste momento único da história da humanidade e decorrência do tsunami provocado pelas conquistas tecnológicas, Exame mais que recomendou a seus assinantes e leitores, a empresários e suas empresas, reinventarem-se.

E relacionou uma série de exemplos emblemáticos e inspiradores. Dentre esses, o de Reed Hastings, Mr. Netflix, que se reinventou quatro vezes num período de 20 anos.

No fim dos anos 1990, a sua empresa
era uma locadora de DVDs a distância, que disruptou a Blockbuster – primeira vez. Mais adiante, segunda vez – compatibilizou a distribuição de DVDs pela via analógica – em que ganhava dinheiro de verdade – adotando a solução do streaming – em que perdia dinheiro de verdade e em grande quantidade.

Na sequência, terceira vez – intuiu que seu negócio de distribuição analógica fazia sentido ainda nos Estados Unidos, mas, e para invadir o mundo, o caminho único, possível, viável, que parava em pé, era o streaming. E assim fez.

E, finalmente, quarta vez – concluiu que, mesmo com a quantidade descomunal de conteúdo disponível depois de quase um século de indústria cinematográfica, o que manteria seu Netflix em pé eram produções relevantes, atuais, e emblemáticas de conteúdo.

E assim fez, começando por House Of Cards. Deu certo. Tudo deu certo e continua dando. Esperando apenas pela quinta reinvenção de Hastings. Dos 22,9 milhões de assinaturas de 2012, hoje o Netflix registra 110 milhões, em quase 200 países.

E, enquanto aguarda por sua quinta reinvenção, Reed Hasting demole todos aqueles que cultuam celebridades e lideranças, na tentativa de replicá-los.

Perguntado por Exame sobre o que o estilo de liderança dele tem para ensinar a empresários e executivos de outro setor, simplesmente, berrou:

“Nada! Cada setor é único. Cada pessoa é única. Ninguém deve copiar outra pessoa se quer se tornar alguém de sucesso. É preciso procurar o que faz com que uma pessoa seja autêntica. Claro que há pessoas que admiro, mas nunca tentei ser como elas. Sempre tentei ser eu mesmo e torci para que desse certo. Tenho heróis, sim. Admiro Nelson Mandela tremendamente. Estudei a vida dele, mas tentar ser outra pessoa é uma tarefa impossível…”.

E, concluiu: “Sim, acredito que existam coisas a serem copiadas, como sempre, por exemplo, pagar os funcionários na data certa. Mas, em termos de liderança, não. Assim, não adianta estudar o modelo
Netflix ou o modelo GE.

Os empreendedores devem pensar na empresa que querem montar, pensar nos porquês e ter plena consciência de suas ações”!

É isso amigos. Sempre prestando atenção e aprendendo com os acertos e principalmente erros das demais empresas. Sem jamais se esquecer de que vocês – você e sua empresa – são únicos! E é por aí que começa o jogo.

Em tempo, esqueci-me de dizer que a Netflix está dando fim a uma praga supostamente impossível de exterminar: a pirataria. Por asfixia econômica.

Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing (famadia@madiamm.com.br)