Estudo mostra que liderança das agências segue masculina e branca
Segundo levantamento da Gestão Kairós a convite do Observatório da Diversidade na Propaganda, apenas 10,3% das lideranças são de pessoas negras
A liderança das agências de publicidade brasileiras é formada, majoritariamente, por homens, brancos, heterossexuais, cisgêneros, pessoas sem deficiência e com menos de 50 anos de idade.
Essa é uma das principais constatações da pesquisa Estudo Publicidade Inclusiva: Censo de Diversidade das Agências Brasileiras – Observatório da Diversidade na Propaganda 2023, realizada pela Gestão Kairós a convite do Observatório da Diversidade na Propaganda (ODP).
Os dados referentes à liderança das agências (nível de gerência e acima) apontaram para uma fotografia que expõe a falta de representatividade de alguns grupos minoritários. No recorte de gênero, o levantamento apontou que as agências são lideradas por 50,2% de homens e 49,8% de mulheres.
Já sobre raça e etnia, 88% dos líderes são autodeclarados brancos e apenas 10,3% negros (pretos + pardos), representando um número oito vezes menor que profissionais brancos. Além disso, apenas 4,6% das líderes mulheres são negras, enquanto apenas 1% são indígenas e amarelos.
Em termos de orientação sexual e identidade de gênero, apenas 16,2% das lideranças de agências é formada por profissionais LGBTQIAP+ e apenas 0,7% é formada por pessoas com deficiência. No recorte referente à questão geracional, o estudo apontou as pessoas com mais de 50 anos representam apenas 6% dos cargos de liderança, que os maiores cargos das agências são preenchidos por profissionais com 50 anos ou mais.
De acordo com os dados levantados, o Quadro Geral de Colaboradores das 24 agências ouvidas conta com 57% de mulheres e 43% de homens. No recorte de raça e etnia, 68% dos profissionais que atuam ali são brancos e 30% são negros, um número que se assemelha ao estudo Diversidade, Representatividade e Percepção – Censo Multissetorial da Gestão Kairós 2022, seguido de 21% de mulheres negras, e, estatisticamente, aproximadamente 1% são amarelos e indígenas.
Quando analisada a representatividade de orientação sexual e identidade de gênero, 24% dos pesquisados se autodeclaram LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgênero). Entretanto, os números sobre a comunidade trans seguem insuficientes, uma vez que a temática da diversidade sexual é complexa no âmbito empresarial, o que expõe a vulnerabilidade social dessa parcela da população no Brasil e, consequentemente, a invisibilidade no mercado.
Já no cenário referente às pessoas com deficiência segue desafiador, esse público representa apenas 1,6% do Quadro Geral, representando, inclusive, um caso de inconformidade legal, assegurada pela Lei Nº 8.213/91, que determina que empresas com a partir de 201 funcionários tenham pelo menos 2% de pessoas com deficiência proporcionalmente. Quanto à idade, somente 5% dos profissionais têm 50 anos ou mais.
A pesquisa, que reuniu etapas quantitativas e qualitativas, foi realizada no período de dois meses e contou com a participação de 29 agências que compõem o Observatório da Diversidade na Propaganda. Como resultado, foi obtida uma amostragem de participação de 24 agências (83% dos respondentes), que informaram seus dados de diversidade, representando mais de 6.200 funcionários no total.
(Crédito: Benjamin Child na Unsplash)