Após a Páscoa

Na casa dos meus pais, descendentes de italianos, costumava-se repetir um bordão da velha “Bota”, através do qual se justificava uma promessa ou expectativa não cumprida: “Depois da Páscoa”.

Assim acontecia, por exemplo, quando eu e os meus irmãos (mais velhos que eu, mas todos ainda crianças) pedíamos algo que não cabia no restrito orçamento doméstico da família: “Depois da Páscoa”.

Tratava-se de um costume trazido por nossos avós, que não significava uma engabelação. É que no Velho Continente o ano realmente não começava, até a época em que lá viveram, a partir de 1º de janeiro. O inverno rigoroso restringia as atividades profissionais não só ao ar livre, como em ambientes fechados, porém sem calefação, fazendo o dinheiro correr pouco até a Páscoa.

Como o leitor bem sabe, a data coincidiu com a ressurreição de Cristo, mas já existia desde os primórdios dos tempos, marcando a saída do povo judeu do Egito (pesakh, passagem).

Isso é História. Na prática, devido ao início da primavera no Hemisfério Norte, o povo sai às ruas e os pequenos negócios, aqueles que sustentam grande parte da população local, voltam a se realizar de forma acentuada.

Daí então a promessa para os pedidos não atendidos no inverno: “Depois da Páscoa”. Nem sempre se cumpriam, mas boa parte deles era atendida em virtude das condições então propícias.

Por mera coincidência, pois na Terra de Santa Cruz o inverno, além de ser mais ameno, cai no meio do ano, temos de acreditar na melhora tão esperada por todos os brasileiros, que deverá atingir mais em cheio as atividades econômicas… depois da Páscoa.

Aqui no Brasil, no atual momento, vislumbramos a retomada do desenvolvimento, a bem da verdade já iniciada desde o começo do ano, mas agora prometendo recompensar todos os que souberam esperar e contribuem, cada um em sua trincheira, para a ativação dos negócios de uma forma geral.

O PROPMARK é um jornal que, perto de completar 53 anos de circulação ininterrupta em maio, dedica-se a narrar, registrar e comentar as atividades de todo o hoje vasto ferramental do marketing, com destaque maior para a propaganda, por se tratar da mais atraente das suas funções e até por ter, curiosamente e de uma certa forma, surgida bem antes do imenso guarda-chuva do próprio marketing.

Este nosso destino jornalístico nos autoriza a afirmar que o país voltará a deslanchar a partir de agora, prosseguindo de forma acentuada um ciclo, na verdade, como já dissemos, iniciado meses atrás.

Para que possamos, porém, ultrapassar nossos atuais limites, será necessária a colaboração da vida política nacional, com a participação na campanha eleitoral prestes a se iniciar oficialmente, de postulantes sérios e bem-intencionados, além de extremamente preparados para comporem a direção e o consequente destino de um gigantesco país que de há muito espera por isso.

Torço para que a população esteja bem mais amadurecida do que em eleições passadas, quando tivemos escolhas finais infelizes, que culminaram na situação grotesca que tanto nos afetou.

É da maior importância que a escolha dos novos governantes, em outubro, recaia sobre mulheres e homens capazes de bem cumprir com a missão a eles entregue pelas urnas. Nossa recusa a messiânicos, sejam de quais crenças e colorações ideológicas forem, deve ser a chave para possibilitarmos atingimento de um país que todos queremos. E, mais que isso, tanto necessitamos.

 

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Bem a propósito de tudo o que acima está dito, permito-me chamar a sua atenção, leitora e leitor do PROPMARK, para a matéria desta edição assinada pela jornalista Cristiane Marsola, destacando ter ficado para trás a imagem do país apenas sambista, futebolista e carnavalesco.

Claro que conservamos e queremos que isso dure para sempre, essas nossas preferências, mas há hoje muito mais no Brasil, um país que, embora com as suas contradições, podemos considerar moderno, alegre e hospitaleiro, além de extremamente desenvolvido em regiões que tiveram as benesses de grandes escolas, hospitais, meios de transporte e de comércio e indústria abrangentes e progressistas.

Registre-se nesse particular as reveladoras campanhas assinadas pela Embratur no exterior, incrementando a marca Brasil e passando para os povos por elas atingidos a imagem de um país verdadeiramente moderno.

Há um dado que reflete o bom efeito desse esforço: em 2017, o número de turistas estrangeiros que nos visitaram aumentou consideravelmente em relação ao ano anterior.

 

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Um dos assuntos do momento na mídia mundial tem sido o vazamento de dados de milhões de usuários do Facebook. Nesta edição, a matéria sobre o mesmo revela a sua possível extensão e os cuidados que devem ser tomados pela empresa responsável por esse ainda disputado meio digital para que filtre, com a urgência e o rigor necessários, esse inconveniente vazamento.

Se isso não ocorrer, ou ocorrer apenas para acalmar momentaneamente os usuários mais exaltados, voltando ao ponto de partida logo depois, a marca e a eficácia do uso das suas funções correrão sérios riscos de continuidade.

 

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Ainda estão abertas as inscrições para as agências concorrerem ao Colunistas São Paulo 2017/18. O júri será realizado no próximo dia 14. Mais informações com a Nanny, telefone (11) 2065-0753 ou e-mail nanny@editorareferencia.com.br

 

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Este Editorial é em homenagem à esplêndida campanha do Itaú sobre a participação do Brasil na Copa do Mundo na Rússia e os conceitos de futebol e de equipe do exemplar Tite.

Armando Ferrentini é presidente da Editora Referência, que publica o PROPMARK e as revistas Marketing e Propaganda (aferrentini@editorareferencia.com.br).