Após MWC, coronavírus deixa empresas e eventos em alerta
O surto de coronavírus vem causando prejuízos inestimáveis para os negócios pelo mundo e afetando eventos que, de alguma forma, conversam com o setor de marketing e comunicação. Nessa semana, foi confirmado pela GSMA, organizadora do evento, o cancelamento do Mobile World Congress (MWC), principal feira mundial para o segmento de TI e Telecom, e que atrai atenção do universo das marcas especialmente interessadas nos impactos do 5G em suas estratégias de comunicação.
Colocando-se os números de perdas em perspectivas, pode-se ter uma ideia do tamanho do problema: o prejuízo estimado com o cancelamento do MWC é estimado em €490 milhões, sem contar a perda de 14 mil empregos na cidade de Barcelona que, a cada ano, oferece diversos benefícios aos congressistas como o transporte gratuito nos metrôs. O evento ocorreria entre 24 e 27 de fevereiro e costuma atrair muitos chineses, cerca de 6% da audiência, segundo a organização, de um total estimado em 100 mil pessoas.
“As preocupações com o coronavírus, viagens e outras circunstâncias tornam impossível a realização do MCW”, decretou John Hoffman, presidente da GSMA. Foi o ato final após uma série de empresas confirmarem que não iriam ao evento por conta do Coronavírus. Intel, Amazon, Sony, Ericsson, Cisco, Facebook, Nvidia e LG foram algumas delas, em um total de quase 40 e que inviabilizaram a realização do MWC.
A questão agora preocupa os organizadores de outros eventos de negócios pelo mundo, e impacta o dia-a-dia das empresas. São diversos comunicados internos emitidos e medidas impostas aos funcionários em que o tom varia de “a decisão de ir ou não à China pode ser tomada caso a caso” às quarentenas de executivos proposta pela Huawei para os executivos que iriam ao MWC. Assim, embora a Organização Mundial da Saúde não tenha recomendado restrições no comércio e nas viagens por causa do coronavírus, há o receio de outros cancelamentos por decisão das companhias.
O Global Marketing Week, da Word Federation of Advertisers, que aconteceria em 31 de março, por exemplo, foi adiado, como informou o The Drum. Agora, eventos como SXSW e mesmo o Cannes Lions estão atentos. O evento de Austin, previsto para março, colocou recomendações de segurança em seu site, de manter as mãos lavadas e espirrar em papel higiênico. “O SXSW 2020 vai ocorrer como planejado. Continuaremos a monitorar a situação de perto e atualizaremos conforme necessidade”, diz a organização do evento em seu site.
Cannes, que ocorre apenas em junho, mantém a questão sob controle e uma porta-voz afirmou ao site Digiday que “o festival segue aberto aos negócios” e que “monitora os acontecimentos segundo as autoridades francesas e a Organização Mundial da Saúde”.
Nesse caso, fica claro que, mesmo sem risco aparente de cancelamento, pode haver algum receio na hora de se comprar propriedades dentro do festival ou mesmo de já se adquirir as credenciais. Ao Adweek, um executivo afirmou que está segurando as compras para o Dmexco, que ocorre apenas em setembro, para aguardar informações sobre a real escala do projeto. É por esse mesmo receio que passa, nesse momento, todo o mercado, dos promotores de grandes eventos internacionais àqueles interessados em estar presentes e apertar mãos e fazer negócios.