Apro terá apenas produtoras independentes como afiliadas

Estatuto da entidade não aceita mais empresas ligadas a grupos de publicidade

Com cerca de 130 produtoras associadas, incluindo as que operam no mercado internacional por meio do projeto Film Brazil, a Apro (Associação Brasileira das Produtoras de Audiovisual) decidiu não ter mais nos seus quadros empresas de produção ligadas a grupos de publicidade.

Isso significa que marcas como Mutato e Hogarth (WPP), MediaMonks (S4 Capital) e New Content (Accenture) estão fora do seu escopo de representação institucional, corporativa e comercial. Ou seja, não são mais afiliadas à Apro.

Uma reunião recente do conselho, como informa a executiva Marianna Souza, que preside a Apro, formalizou a decisão e, agora, outras empresas com esse perfil como a PXP (Publicis), que sucedeu no mercado brasileiro a Prodigious; Frame (Galeria.ag) e Craft (Interpublic Group - IPG) não poderão se afiliar à Apro.

"Vamos seguir trabalhando apenas com produtoras independentes. Estamos à disposição das agências e dos anunciantes, mas são visões diferentes e esse tipo de produtora não se adequa ao nosso escopo de trabalho", pondera Marianna.

A executiva aponta que entende o movimento dos grupos globais e nacionais de publicidade em ter produtoras próprias, mas reconhece que a prática prejudica a estrutura das empresas dedicadas a produzir filmes com foco criativo.

"Há um ímpeto imediatista e o que vemos é desapego à criatividade. Nosso último Leão de Ouro no Cannes Lions foi com 'The endeless ad', da Wieden + Kennedy para a marca Old Spice com produção da Conspiração Filmes. O tiro curto compromete o trabalho de construção de marca, que produtoras e diretores sabem fazer", completou a executiva, lembrando que a opção por influencers estarem conduzindo trabalhos pode dar resultados em termos de business, "mas sem branding".

Marianna também enfatiza que as produtoras independentes apostam na publicidade como fonte de faturamento e, em 2023, foram mais de 40 mil produções registradas na Ancine (Agência Nacional de Cinema).

"O mercado está aquecido e as produtoras estão diversificando. Mas a publicidade é essencial. Os projetos robustos é que estão mais restritos", completou a presidente da Apro, que lembrou que a Prodigious, do Publicis Group, já concentra 60% das produções na França.

(Crédito: Foto de Jakob Owens na Unsplash)