Arena Corinthians quer diversificar receitas com música e educação
A Arena Corinthians estampou os principais noticiários na semana passada depois que foi anunciada a inclusão de seu nome na lista de inadimplentes do Serasa. O processo foi movido pela Caixa Econômica Federal, que alega o não pagamento de seis parcelas do financiamento feito para a construção do estádio em Itaquera. As informações foram dadas pelo Blog do Perrone e confirmadas pelo globoesporte.com. Em meio às dificuldades financeiras que levaram o clube a pagar apenas as parcelas de janeiro e fevereiro deste ano, saídas comerciais estão sendo estudadas para o pagamento dos R$ 400 milhões financiados.
Segundo Caio Campos, superintendente de marketing do Corinthians, o clube tem avaliado novas formas de aproveitamento de seu estádio, uma vez que o clube joga apenas de 35 a 40 partidas por ano na arena. Os demais dias ficam livres e poderiam ser melhor aproveitados. Com essa brecha, a gestão do clube desenvolveu, em parceria com a produtora de eventos Vinci Brasil, o The Arena Show, espaço de eventos musicais realizados no estacionamento do setor leste do Complexo Arena Corinthians.
Com capacidade de receber até 23 mil pessoas, o espaço traz estrutura de camarotes e palco, além da utilização dos banheiros e lanchonetes no interior do estádio. O projeto começou a ser testado em julho deste ano com o Arraiá da Arena. Nos dois dias de evento quase 10 mil pessoas compareceram para os shows de nomes como Falamansa e Solange Almeida. Mais recentemente, nos dias 14 e 15 de setembro, o espaço recebeu nova edição, desta vez, o Arena Samba dobrou seu público, levando 20 mil pessoas para acompanhar artistas como Mumuzinho, Tiaguinho e Jorge Aragão.
“A gente viu uma oportunidade de criar oportunidades de entretenimento para a população do nosso entorno e para a cidade como um todo. Daí o The Arena Show, que traz uma alternativa para a organização de festivais sem utilizar o gramado do estádio para a operação. A gente não tem a ambição de concorrer com outros estádios para grandes shows. Estamos falando de outro formato de evento”, destaca Campos. Atualmente, o Allianz Parque, em São Paulo, e o Mineirão, em Belo Horizonte, são as principais arenas no segmento de shows de grande porte no Brasil.
A ideia do Corinthians é atrair, sobretudo, a população que vive na Zona Leste e região, que concentra mais de seis milhões de pessoas, de acordo com levantamento feito pela Vinci Brasil. Segundo Sergio Tadeu, sócio da produtora, foram pesquisados os gostos e demandas do público da região para a elaboração do cronograma de atrações nos próximos anos com base no calendário de jogos divulgado pela CBF.
“Criamos a marca The Arena Show para promover os eventos de entretenimento no estádio. A ideia é desvincular um pouco do nome Arena Corinthians, cujo foco são os jogos de futebol. A Arena Show é outro negócio”, explica Tadeu. Coube à Vinci Brasil também a formatação de estrutura e padronização do espaço para os shows, desta maneira, outras empresas interessadas em realizar shows e festivais na arena já terão definidos os parâmetros necessários. O executivo ressalta que a ideia é promover 10 eventos musicais em 2020. Até 2021, a gestão da Arena Corinthians espera que o novo negócio gere aumento de 30% na receita do estádio.
Novos negócios
Na mesma lógica de diversificação de receitas, a Arena Corinthians está às vésperas de inaugurar dois novos espaços. A partir desta semana, o clube começa a montar os infláveis de seu novo parque temático. Uma quadra poliesportiva também foi inaugurada neste ano, em parceria com a Nike; assim como a academia, em parceria com o lutador Anderson Silva. Uma pista de corrida também está em obras, além de um restaurante no quarto andar.
Nos próximos dias também está prevista a assinatura de contrato com uma faculdade para que a arena receba cursos universitários e de curta duração. “Antes, a gente pensou em aproveitar a troca de gramado para fazer os shows, mas não dava para esperar um ano ou 24 meses para acontecer um evento de grande porte. Esse desafio nos fez criar novos produtos. Temos um espaço com cabeleireiro e uma clínica médica que ficam prontos no início de 2020. Acreditamos muito no potencial da arena como prestadora de serviços porque ficamos muito próximos do metrô, é fácil de chegar”, destaca Campos.
O executivo pontua ainda que essa diversificação de ofertas e entregas é benéfica para os atuais nove patrocinadores da arena. Uma vez que novos perfis de público visitam o estádio, as marcas já presentes, como Estrella Galicia, Jack Daniel’s e Som Livre, por exemplo, tem novos pontos de contato. “Estamos buscando a sinergia de patrocínios, tanto aqueles anunciantes que querem estar com a gente no futebol, mas também trazer mais oportunidades com entretenimento para os patrocinadores que investem em outras áreas”.
Os acordos comerciais para o The Arena Show, no entanto, são diferentes dos contratos para o futebol. Desta maneira, marcas de diferentes segmentos podem ser contempladas. “Formatamos um modelo de não exclusividade. A preferência será sempre dos nossos patrocinadores do futebol, mas como estamos atuando em outra plataforma, é outro contrato. Isso facilita, inclusive, nas relações com os artistas. Zeca Pagodinho, por exemplo, tem contrato com a Ambev. Se exigirmos que aqui só entre o patrocínio de uma marca de cerveja que não seja do grupo, todo mundo perde. Por isso decidimos ser mais flexíveis na área de shows”.