Argentina libera reorganização do Grupo Clarín
O Grupo Clarín, maior conglomerado argentino de mídia, poderá dividir suas operações em empresas distintas para evitar um desmantelamento forçado devido à lei do monopólio sobre meios de comunicação. A empresa recebeu o aval do governo argentino na segunda-feira (17), conforme informou o órgão estatal de regulamentação da mídia da Argentina, a Afsca (Autoridade Federal de Serviços de Comunicação Audiovisual).
O Grupo Clarín CLA.BA terá seis meses para reestruturar suas unidades de TV e rádio, transformando-as em meia dúzia de empresas independentes, de acordo com uma proposta apresentada pelo próprio grupo no ano passado, depois de perder uma batalha legal de quatro anos contra a Lei de los Medios (Lei da Mídia). O plano, aprovado pelo órgão regulador, permitirá que o Clarín venda suas licenças de operação ou redistribua a propriedade das ações.
“Nós estamos nos encaminhando para um panorama de serviços audiovisuais muito mais plural, democrático e livre, com nenhum proprietário impondo condições e uma agenda nas novas emissoras”, disse o presidente da Afsca, Martín Sabbatella, em comunicado. Sabbatella é aliado político do partido de Kirchner.
O Clarín é o maior grupo argentino de mídia, tendo sob seu controle a principal operadora de TV a cabo do país (Cablevisión), o jornal mais lido (Clarín Diario), as rádios mais populares e duas emissoras de TV com as maiores audiências. A lei antimonopólio de Cristina Kirchner, aprovada em 2009 e referendada pela Corte Suprema no ano passado, limita o número de licenças no segmento audiovisual que podem ser controladas por apenas uma empresa.
O Clarín qualificou a lei de afronta à liberdade de expressão e disse ser parte de uma campanha para punir críticos do governo. O grupo mantinha relações harmoniosas com a presidente e o executivo-chefe do governo, Hector Magnetto, até os órgãos noticiosos da empresa criticarem a administração do país pelo modo como agiu em relação aos protestos de fazendeiros contra impostos, em 2008.