A importância de dialogar com diferentes classes durante a produção de trabalhos criativos foi um dos assuntos de destaque da comissão “Criatividade e sucesso”, presidida por Alexandre Gama, presidente e diretor geral de criação da Neogama/BBH, e composta por Claudio Santos, da Geo Eventos; Alex Atala, chef e dono dos restaurantes Dalva & Dito e DOM; e pelo artista plástico Vik Muniz. Segundo Muniz, é preciso lutar contra o pensamento de que há uma incompatibilidade entre arte acessível e inteligente.
“O artista se torna completo e realizado quando percebe que depende, e muito, do público. A brecha entre quem produz cultura e quem a consome é cada vez maior e cabe ao artista trabalhar para diminui-la. Precisamos parar de tratar as classes C e D com distanciamento. Eles devem ser vistos como ‘nós’, não como ‘eles’. A arte é sempre discutida do ponto de vista mercadológico, mas o impacto dessa arte na educação das pessoas nunca é colocado em questão, o que lamento muito”, afirmou Muniz.
Alex Atala aproveitou a discussão para comentar sobre a polêmica galinhada realizada durante a Virada Cultural, no início de maio. “Foi sensacional sair do gueto A e AB e ver as classes C e D engajadas, indo às ruas consumir pratos que jamais teriam acesso. Foi um momento incrível, apesar de não ter sido bem analisado pela mídia”, contou Atala, referindo-se às críticas da imprensa sobre a má organização do evento.
“A verdade é que o Brasil tem um potencial de mídia de massa enorme, mas que ainda é pouco explorado. Falta acreditarmos mais em nossa capacidade criativa para termos mais iniciativas como a galinha ou como os projetos de Muniz”, concluiu Gama.