As novas farmácias

Quando a CVS comprou a Onofre – em fevereiro de 2013 –, o plano, consistente com seu DNA, jamais foi de ser uma pequena rede de farmácias.

Comprou a Onofre apenas para colocar um primeiro pé no mercado brasileiro, acreditando em profundas mudanças na legislação e regulamentos, tendo em vista, de um lado, a falência do atual sistema e planos de saúde, e, em paralelo, a admissão pelas autoridades de que a única solução possível, no curto e médio prazo, é a de autorizar as clínicas em anexo às farmácias.

Talvez hoje a mais forte especialização da CVS, através das Minut Clinics.

O que a CVS não sabia, pelo açodamento da aquisição, é que acabaria se enrolando na precariedade de uma Due Dilligence meia-boca, hoje briga com a família Arede, ex-proprietária da Onofre, em tribunais de arbitragem.

Mais especificamente, no Centro de Arbitragem e Medicação da Câmara de Comércio Brasil-Canadá.

A CVS reclama por informações fornecidas em confiança, mas que não correspondiam à realidade, hoje se defronta com um exposure muito maior do que o previsto e recusa-se a pagar o saldo restante da aquisição.

Assim, enquanto perdurar a pendência que deve ser decidida no próximo ano, os planos da CVS permanecem stand-by. Salvo uma mudança repentina na regulação, ou uma oportunidade de nova aquisição que não possa ser perdida.

Por exemplo, no ano passado, comentou-se muito sobre a eventual compra
da Drogaria São Paulo pela CVS pela bagatela de R$ 6 bilhões.

E aí, sim, a CVS entraria no jogo para valer, para brigar com a Raia Drogasil.

Mas as notícias acabaram não se confirmando, embora muitas pessoas garantam que as negociações apenas amornaram, mas não foram abortadas. São mais de 700 farmácias e aí o jogo é outro, contra as atuais 37 da Onofre.

As chamadas Clínicas Minuto da CVS hoje estão organizadas numa unidade independente. A primeira começou a funcionar no ano de 2000, hoje são mais de 1.100 em 33 estados americanos.

No ano passado, atendeu a 20 milhões de pessoas, com um rating de satisfação superior a 95%.

Todas dotadas de médicos e enfermeiras que cuidam de 90% das incidências – as de rotina: diagnóstico e tratamento de garganta, ouvido, olhos, respiração, mais toda a parte de vacinação, e outros serviços, mas de atendimento recorrente como diabetes, colesterol, pressão alta, asma etc.

Quase todas abrem sete dias por semana, inclusive no sábado e domingo, e aceitam praticamente todos os planos de saúde.

Em síntese. Considerando a revolução porque passa o setor de saúde no país, com a movimentação radical de todos os players, incluindo planos e hospitais, tudo leva a crer que até 2020, finalmente, a CVS diga a que veio. E aí ou compra a Drogaria São Paulo ou faz uma oferta irrecusável para a Raia Drogasil.

Antes da virada da década, o sistema de saúde no Brasil terá um desenho totalmente diferente do que é hoje.

Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing (famadia@madiamm.com.br)

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