“As pessoas mudaram não só no consumo, mas na forma em que se relacionam”
Fórum falou sobre a necessidade do varejo se adaptar aos diferentes perfis de consumidores que estão surgindo com as evoluções sociais
Na noite da última-sexta-feira, 22, os convidados do 7º Fórum Lide do Varejo, promovido pelo Grupo Doria, foram recebidos no hotel Sofitel Guarujá Jequitimar com palestra do jornalista Augusto Nunes, da Veja e Jovem Pam, que falou sobre o atual cenário político do país.
No entanto, a abertura oficial do evento, que apresenta como tema macro os “Novos ecossistemas de negócios globais”, foi realizada na manhã deste sábado, 23, com a presença do vice-governador do Estado de São Paulo, Rodrigo Garcia, e do deputado federal Vinicius Poit.
Também estiveram presentes na cerimônia o fundador do Movimento Brasil 200, Flávio Rocha; o chairman da Raia Drogasil (RD) e presidente do instituto para desenvolvimento do varejo, Antonio Carlos Pipponzi; o curador do evento, presidente do Lide Comércio e do Grupo GS& Gouvêa de Souza, Marcos Gouvêa de Souza; o chairman do Lide Luiz Furlan; e o head das unidades nacionais e internacionais do Lide, Fabio Fernandes.
DIFERENTES PERFIS DE CONSUMIDORES E MEIOS DE PAGAMENTO
Após as formalidades, o primeiro painel do Fórum trouxe Marcelo Bazzali, diretor executivo do Extra; Walter Faria, CEO da J. Macêdo (dona de marcas como Dona Benta, Sol, Petybon e Brandini); e Diogo Castro e Silva, diretor-geral da Fosun Brasil, para falar sobre as “Transformações na estrutura global do consumo”.
Faria abordou a necessidade da indústria e de redes varejistas se adaptarem aos diferentes perfis de consumidores que vêm surgindo com as evoluções sociais. “Famílias estão mudando e têm novas composições: muitas pessoas estão morando sozinhas, muitos casais não possuem filhos, e temos também o crescimento da quantidade e relevância dos pets”, explicou. O CEO comentou ainda sobre a ascensão do consumo dos millenials, que atingiram a maturidade financeira e se mostram consumidores cada vez mais críticos e atentos. “Existe hoje uma consciência maior, uma preocupação com variedade de produtos, com saudabilidade e com conveniência para os consumidores que já vivem uma realidade conectada”, afirmou.
A preocupação no atendimento à geração dos millennials também foi ressaltada pelo executivo do Extra, que salientou a importância de estudar e conhecer os diferentes targets para obter fidelização e, consequentemente, retorno. “Cada vez mais precisamos falar com cada uma das pessoas, e não fazer uma comunicação massiva. Precisamos estar disponíveis e nos conectar com pessoas, e só fazemos isso se tivermos dentro de casa perfis diversos de colaboradores”, defendeu Bazzali.
Já o diretor-geral da Fosun Brasil reforçou a questão dos meios de pagamento, que classificou como fundamental. “Pagamentos estão relacionados a realidades locais. A China, por exemplo, é tida como o ‘Santo Graal’ dos pagamentos, mas não acredito que isso seja exportável, cada contexto é um contexto. O que é fascinante é que estamos construindo algo totalmente novo. Essa é a maior revolução que vai acontecer nos próximos tempos com impacto para toda a economia”, acredita.
UNIÃO FÍSICA E DIGITAL
Para discutir a “Disrupção como catalisador do novo ciclo do varejo”, o Fórum contou com a presença de Ronaldo dos Santos, presidente da Apas; Sergio Borriello, CEO da Pernambucanas; Rodrigo Diago, diretor executivo da Accenture; e Vander Giordano, vice-presidente institucional da Multiplan.
O painel reforçou a necessidade de as empresas estarem presentes tanto no varejo físico e digital, enfatizando que os formatos não competem entre si, como se acreditava há alguns anos, mas são complementares. “Hoje a gente entende a importância da união dos dois canais para atender ao consumidor”, comentou Santos.
Para Diago, esse movimento ainda precisa ser aprimorado, e por isso o diretor acredita que é necessária “coragem” do setor para “romper com modelos e estruturas que são muito fortes. Para migrar de um business tradicional para um digital, por mais que se tenha planejamento, ainda significa lidar com o incerto”.
Por sua vez, Giordano ressaltou que o varejo físico não vai acabar, mas que é importante reconhecer que todo o processo de levar experiências positivas ao consumidor acontece em meio ao que classifica como caos urbano: trânsito, segurança pública e outras questões sociais.
Em sua apresentação, Borriello questionou o termo “disrupção” e propôs a palavra “transformação” para falar sobre a movimentação digital que estão fazendo as redes varejistas tradicionais, como a Pernambucanas, que possui 110 anos. “Independentemente do que tá acontecendo com a tecnologia, a gente busca enxergar o que está acontecendo com as pessoas, e elas mudaram não só no consumo, mas na forma que elas se relacionam. Eu poderia ficar falando de um monte de inovação digital que a gente fez, como por exemplo emitir um cartão de crédito em 10 minutos, mas quando vocês estiverem em nossas lojas, não se esqueçam de ver como os colaboradores estão atendendo aos clientes, porque é isso o que faz a diferença”, assegura.
O encerramento da primeira parte da programação foi apresentado pelo Secretário Especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, que falou sobre a importância da Reforma da Previdência para o setor.
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