"As pessoas não compram coisas, compram histórias"
Maria Konnikova sorri durante partida no EPT Barcelona
A escritora Maria Konnikova é uma das embaixadoras da marca PokerStars. Nascida na Rússia, ela migrou para os Estados Unidos quando tinha apenas quatro anos de idade e possui uma trajetória peculiar. A profissional falou ao PROPMARK durante a edição 2019 do PokerStars European Poker Tour Barcelona.
Com forte experiência no mercado publicitário, Maria tem passagens por grandes agências como Saatchi & Saatchi e Young & Rubicam. Para ela, a ligação do poker com a propaganda e o marketing é muito maior do que parece.
“Na verdade, há muito em comum porque quando você está no marketing você não está vendendo um produto ou uma coisa, mas está vendendo uma história, no fim das contas, porque as pessoas não compram coisas, compram histórias, compram estilos de vida, compram conceitos como ‘eu quero ser aquela pessoa, deixe-me comprar isso’, e eu acho que no poker os jogadores mais bem-sucedidos são aqueles que contam histórias sobre o quão forte eles são, quão forte suas mãos são, então, acho que aprender a vender, a fazer o marketing de sua imagem da maneira correta é crucial”, explica.
Maria, que hoje tem 33 anos, vive em Nova York e tem bacharelado em Psicologia pela Universidade de Harvard e é Ph.D em Psicologia na Universidade de Columbia, é autora de dois livros que entraram para a lista de mais vendidos do The New York Times. Além disso, a jogadora também faz palestras no TED e contribui regularmente para a revista New Yorker. Para ela, é fácil vender quando você acredita no produto, “quando você tem a melhor mão possível”. “Se você é do marketing da Apple, por exemplo, e tem que vender os celulares, provavelmente é um trabalho mais fácil, porque já é o telefone que todos querem. Você não está blefando. Mas se você estiver fazendo marketing de um novo produto que nem mesmo você acredita que seja bom o suficiente, não irá funcionar”, analisa.
Além da redação publicitária, Maria também escreveu para TV e produziu a Charlie Rose Science Series. Ao saber que no Brasil muitos ainda percebem o poker como um jogo de azar, Maria explicou que a comunicação é uma forte aliada para modificar tal percepção. “Mudar isso é uma das coisas que tento fazer com meu livro. A propósito, a impressão que você disse que há no Brasil sobre poker é comum em vários outros países. Historicamente, há uma percepção errada sobre o jogo, infelizmente. Uma das coisas que quero mostrar para as pessoas e que me faz amar o poker é que é um jogo de habilidade, não de azar. Eu não gosto de jogos de azar. Acho Black Jack a coisa mais chata do mundo. Não entendo como as pessoas jogam. Você apenas senta lá. Não há estratégia. É mecânico. E o poker é 100% um jogo de habilidade porque você pode vencer com a pior mão e perder com a melhor, o que é impossível quando se trata de jogos de azar”, compara.
Para a escritora, é muito importante mudar essa perspectiva para que o poker possa ser uma ferramenta de aprendizado. “O poker deve ser visto mais como xadrez, só que muito mais difícil, pois você não vê todas as peças. Espero ajudar a comunicar isso e acho importante, pois, como já disse, acredito que o jogo seja uma ótima e poderosa ferramenta para muitas pessoas. Ele te ensina a pensar em probabilidades, em tomadas de risco, ensina a gerenciar e controlar suas emoções, ensina sobre interações humanas, como lidar com pessoas, como negociar, ensina muitas coisas em várias áreas de sua vida. Se você disser que isso é um jogo de azar, você não entendeu como funciona”, finaliza.