Assédio, mansplaining: como as mulheres estão se sentindo no ambiente de trabalho
Estudo da Nielsen mostrou que três em cada quatro mulheres disseram já ter sido questionada sobre gravidez em entrevistas de emprego
Um estudo realizado pela Nielsen, em parceria com a Opinion Box, mapeou pela primeira vez dados sobre os conceitos de mansplaining (quando um homem explica algo a uma mulher, desconsiderando que ela já sabe sobre o tema) e manterrupting (interrupção masculina na fala de uma mulher a ponto de impedi-la de emitir alguma opinião), além do assédio no ambiente de trabalho.
No caso do mansplaining, 48% das mulheres entrevistadas, e familiarizadas com o termo, relataram já terem presenciado esta prática no trabalho, enquanto 54% afirmaram que já sofreram com o manterrupting. Em relação ao assédio no trabalho, 46% das entrevistadas disseram que já sofreram ou presenciaram.
Sabrina Balhes, líder de measurement da Nielsen Brasil, afirmou que a atuação feminina no mercado de trabalho tem sido limitada por construções sociais.
"Ser mulher significa estar exposta a ser questionada sobre assuntos não relacionados à sua competência profissional desde o momento da entrevista até ao alcançar uma posição de liderança", enfatizou.
A pesquisa, chamada de Elas: comportamentos e barreiras, também apontou que a maioria das mulheres acredita que a possibilidade de engravidar pode ser usada como empecilho em entrevistas de emprego.
De acordo com o levantamento, 88% das respondentes concordam que a gravidez pode ser considerada um motivo para que as empresas não as contratem e 75% afirmaram que isto pode ser uma razão para questionar sua capacidade de trabalho. O estudo revela ainda que apenas 13% discordam da afirmação, enquanto 12% são indiferentes em relação ao assunto.
Além do fato de a gravidez ter influência em uma possibilidade de contratação, três em cada quatro mulheres (75%) afirmam que foram perguntadas em entrevistas de emprego sobre ter filhos e com quem deixariam as crianças para trabalhar. Entre os homens, a taxa é de 69%.
O levantamento também mostra que 23% das entrevistadas acreditam que esse tipo de pergunta atrapalhou a entrevista, número que para os homens ficou em apenas 8%.
O estudo foi realizado entre os dias 24 de fevereiro e 2 de março de 2022, com uso de questionário online para mil pessoas de todas as regiões do país. Dentre os entrevistados, 69% eram mulheres, 24% homens e 7% optaram por não citar seu gênero.