Aumento da confiança na imprensa aumenta a responsabilidade da liderança
A pandemia do novo coronavírus foi responsável pelo aumento do consumo de notícias e de fontes confiáveis. Isso porque a objetividade e a responsabilidade na apuração das informações acabaram por determinar as decisões, seja na esfera pessoal, seja na esfera corporativa.
Pesquisa sobre consumo de notícias, realizada pelo Instituto Reuters em 46 países*, revelou que 44% dos entrevistados confiam na maioria das notícias da mídia, sendo que parte considerável dos respondentes têm acima de 35 anos.
A preocupação global com notícias falsas também cresceu e no Brasil esse número chegou a 82%, sendo que o WhatsApp foi apontado como maior disseminador de fake news. A maioria, 64%, disse que prefere a televisão como fonte de informação e a rede social Facebook foi considerada principal canal de desinformação.
E dentro desse contexto, podemos analisar também a comunicação empresarial que seguiu a tendência de ganhar relevância. O momento pediu e está pedindo, pois ainda estamos em plena crise sanitária, que o farol aponte as luzes para clarear a comunicação com as equipes. As pessoas, de modo geral, ficam angustiadas para saber como o navio a que pertencem vai seguir, qual papel os cabe desempenhar, o que se espera delas e como podem contribuir para se sentirem úteis.
Aspectos como a implementação do home office, ações solidárias por parte da iniciativa privada, necessidade de comunicar fatos constantemente colocaram a área em um outro patamar e também colocaram a liderança à prova. Não bastassem os desafios pessoais, somaram-se os desafios de performance, as mudanças, os medos, entre outros.
Ainda no espectro da responsabilidade da liderança, as redes sociais entraram fortemente na pauta. Afinal, elas geram exposição para o bem e para o mal e é natural que haja certa confusão entre posicionamentos pessoais e profissionais. Por isso, ter consciência do papel que cada um ocupa em suas instituições é fundamental. Nem sempre essas linhas são divisas claras, o que torna ainda mais essencial uma autocrítica sobre o que divulgar e porque divulgar.
Uma declaração não checada pode gerar muito ruído e a cobrança por coerência será requisitada. Não se trata de o líder não ter um posicionamento, mas é importante compreender o quão exponencial pode ser uma declaração em uma rede social pública.
Outro ponto delicado que acabou vindo à tona refere-se à infodemia. O excesso de notícias pode gerar ansiedade e transtornos na saúde mental. Os líderes como facilitadores e mediadores de processos de aprendizagem devem debater, apresentar estudos e refletir com suas equipes a respeito da questão.
A liderança deve ter a consciência que é o elo entre as expectativas dos indivíduos da equipe e os desafios da empresa. Deve ajudar a fomentar a confiança na imprensa na qualidade, cuja importância é indiscutível, por aqui, por exemplo, foi criado o Consórcio de Veículos de Imprensa para ajudar na contagem dos óbitos pela Covid-19. Incutir ideias que respeitem a liberdade democrática, abordar temas mais positivos e ter uma visão prospectiva de futuro ajudam nesse processo com as equipes é papel do líder e gestor.
Maurício Pedro é gerente do atendimento corporativo do Senac São Paulo
* https://www.reuters.com/article/midia-reuters-confiavel-idLTAKCN2DY2O9