Band se reestrutura e volta às origens com novos negócios

Os últimos cinco meses foram marcados por mudanças e reestruturações no Grupo Bandeirantes. Enquanto o cenário de pandemia trouxe instabilidade e incertezas para o mercado de comunicação, a Band aproveitou o período para repensar o negócio, otimizar talentos e investimentos e trazer novos nomes para cargos estratégicos, como a chegada de Zeca Camargo em julho como diretor executivo de produção. O primeiro projeto do jornalista é o novo programa matutino de Mariana Godoy, recém-contratada no período de pandemia.

Os jornalistas Mariana Godoy e Zeca Camargo foram recém-contratados pela Band – FOTO: Kelly Fuzaro/Band

Além da atração na TV aberta, a jornalista deve comandar outros projetos no rádio e até no pay TV, como reflexo da unificação de plataformas anunciada em junho. Quem explica os detalhes é Caio Luiz de Carvalho, diretor de comunicação e assuntos corporativos do grupo. “De fato, a pandemia tem sido um momento de tristeza pela situação, mas a gente avançou. O caminho foi acelerar. E nossa primeira mudança foi estrutural, era um sonho de décadas do Johnny (Saad) fazer a unificação das plataformas, principalmente, rádio e TV. Nos fortalecemos e adquirimos musculatura maior, inclusive, no jornalismo e comercial”. Outras mudanças e lançamentos também estão na esteira para este mês.

“Estamos reestrurando a área de marketing. A apresentação está prevista para o fim de agosto. Queremos mostrar que não ficamos parados na pandemia. Ela nos atingiu também. Estamos trabalhando em home office, ao mesmo tempo, percebemos que se ficássemos parados, quando as coisas normalizassem, estaríamos mortos”.

Entre os lançamentos, destaque para o novo brand estúdio que dará suporte à área comercial. O departamento, aliás, também foi unificado em junho e segue sob comando do executivo Cris Moreira. “Estamos vendendo muito mais que um comercial de 30 segundos de TV ou rádio, mas um modelo mais sofisticado e integrado. E, dentro dessa reformulação estrutural, fizemos uma mudança na liderança, que hoje é mais vertical. Não temos a quantidade de vice-presidentes que tínhamos antes. Houve um enxugamento de cargos para verticalizar”, explica Carvalho.

Sobre o brand estúdio, o executivo pontua que a ideia é estabelecer nova relação com os anunciantes. “Não é simplesmente ir para a agência e vender um formato de 30 segundos ou mostrar que o share da Band é x. Estamos vendendo conteúdo nos programas. Não adianta ter ferramentas no digital, streaming, se não criarmos aquilo que o cliente quer. Esse laboratório que estamos criando tem essa visão. Vai estar na nova área de comercial e comunicação”.

Segundo Caio Luiz de Carvalho, ideia é aproveitar os talentos em todas plataformas do grupo

Ainda como reflexo da unificação, o executivo, que também lidera o Arte 1, um dos canais de pay TV do grupo, explica que jornalismo e entretenimento saíram fortalecidos. Os apresentadores também são melhor aproveitados de maneira transmídia. José Luiz Datena e Neto, por exemplo, comandam atrações na TV aberta, mas também na rádio Bandeirantes. Em breve, Catia Fonseca, que também foi para o rádio, comandará uma nova atração no canal Terra Viva.

Legado
Desde os anos 1980, o locutor e apresentador Luciano do Valle ajudou a construir a imagem da Band como canal do esporte, devido às transmissões históricas do vôlei, basquete, Fórmula Indy e Jogos Olímpicos. Esse legado não foi esquecido e, aos poucos, vem sendo atualizado. No início de agosto, por exemplo, a Band fechou contrato para transmissões do campeonato de futebol russo, um dos primeiros a fazer a retomada, inclusive, com presença de torcida nos estádios. Em parceria com o DAZN, vai transmitir o Brasileirão Série C, e com a CBF, o Brasileirão Feminino Série A. Os jogos da NBA também seguem na TV aberta. “Jornalismo e esporte estão no imaginário do brasileiro. Mas a Band tem os pés no chão. Está trabalhando o esporte, mas sabe que não dá para pagar pelos direitos se a conta não fechar. Trabalhamos com cautela e responsabilidade”.

Ainda sobre o legado do grupo, Carvalho adianta que a Band está levantando todo o acervo cultural ao longo dos seus 83 anos. Desde os grandes musicais que promoveu, passando pela dramaturgia, com o clássico Meu Pé de Laranja Lima, aos materiais sonoros do rádio. Como primeiro movimento desse resgate, a Band se prepara para lançar um especial de Tom Jobim e Elis Regina gravado em Los Angeles, em 1974. O material será exibido no cinema e na TV.