Beijinho doce, abraço apertado, amor sem fim...

Tempos de Covid-19, no mínimo dois metros de distância. Não! Nem tente! Sem exceção. E se tentar abraçar eu grito, chamo a polícia, denuncio. Ainda bem que o Zé Alves de Moura, o Beijoqueiro, não viveu pra ver.

Sou do tempo do Gonzaguinha: “se me der um beijo eu gosto… diga lá, meu coração, da alegria de rever essa menina, e abraçá-la e beijá-la…”; do Milton Nascimento, “me dê um abraço, venha me apertar tô chegando”.

O distanciamento começou com o microchip e sintetizou-se no canivete suíço da digisfera. O smartphone. Nunca estivemos tão perto. Nunca tão distantes. E assim fomos desumanizando…

A cada novo dia, as pessoas falam menos e escrevem mais. Nada de longos textos. Com a síndrome do Twitter, a prática do WhatsApp, e a precariedade do vocabulário, vamos nos convertendo num mundo e país onde as pessoas falam menos, e escrevem pouco, e mal. Nesse ritmo, voltaremos aos tempos dos grunhidos. Brevemente. RuhUAHAUWDHID…!

Semanas atrás a Telefônica divulgou seus números do terceiro trimestre de 2019. E, pela primeira vez, a dona da Vivo constatou que o previsto confirmou-se e, assim, as receitas de banda larga ultrapassaram as receitas de voz, que durante décadas foram absolutas. No segundo trimestre de 2019, abril a junho de 2019, as receitas de voz totalizaram R$ 1,37 bi, e as de banda larga R$ 1,39 bi.

Portanto, nos últimos anos, fomos nos esquecendo dos telefones fixos, optando pelos celulares, através dos quais e além de mensagens passamos a anexar fotos e vídeos. Chegamos lá, amigos!

Nunca estivemos tão próximos das pessoas que amamos, nunca conversamos tanto, mas, e cada vez mais, distantes. Não podemos tocá-las. E o contato físico é a essência da vida. A cada dia que passa valorizamos infinitamente mais os raros encontros que circunstancialmente temos com essas mesmas pessoas tão próximas, embora distantes. E pra piorar, agora, o Covid-19…

Assim, não é por outra razão que o chamado live marketing assumiu por completo a liderança das ações de branding de maiores retornos e sucessos. É o clímax, de onde decorrem todas as demais formas de comunicação pelas infinitas e diferentes plataformas.

Nada, absolutamente nada, substitui o prazer de um encontro, de um abraço, aperto de mão, olhos nos olhos brilhando, e todo o amor que só um sorriso sincero, franco e espontâneo é capaz de transmitir.

Johns Keats, coberto de razões, A Think Of Beauty Is A Joy Forever… de preferência Live, Claro, Sempre Live… Mas se vocês preferirem alguma manifestação mais nossa e natural recorro à composição legendária de Nho Pai, cantada por praticamente todos os principais e melhores cantores de nosso país. De Tonico e Tinoco, passando pelas Irmãs Galvão, Ivete Sangalo, gravada pela primeira vez em 1945, pelas Irmãs Castro… lembram…

Que beijinho doce/ Foi ele quem trouxe/ De longe pra mim…

Um abraço apertado/ Um suspiro dobrado/ Que amor sem fim…

Ótima semana, e, mesmo a distância, beijinhos doces e abraços apertados em todos vocês.

Xô Covid!… 19, 20, 21, 22…

Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing
(famadia@madiamm.com.br)