Bia Granja: “Em social, as marcas não são protagonistas”

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Bia: “Trabalhamos mais no nível do negócio do que no da comunicação, da big idea”

Formada em turismo, a executiva Bia Granja é a representante brasileira da competição Social & Influencer do Cannes Lions 2019. Ela fundou no ano de 2006 a  plataforma YouPix com Bob Wolheim, da qual é CEO, primeiro como uma revista que fazia curadoria do conhecimento da internet, principalmente da cultura blogueira. Hoje, a  empresa é uma aceleradora da indústria de criadores de conteúdo digital e de consultoria às agências de publicidade, além de promover eventos e viagens imersivas. Confira a sua entrevista.

YOUPIX

Somos uma aceleradora da indústria de creators e entretenimento digital. Temos um braço de consultoria estratégica para marcas, cursos e viagens para o exterior, pesquisas e papers, eventos e programas de desenvolvimento de criadores digitais.

TRANSFORMAÇÃO
Creio que o aspecto mais importante dessa transformação é a velocidade em que ela acontece. Sempre houve mudanças, mas nunca tantas coisas foram questionadas de forma tão ambígua, complexa e rápida. Além disso, hoje temos protagonismo e autonomia em relação às nossas jornadas de informação, conhecimento e consumo, o que também transforma nossa relação com instituições que sempre estiveram à frente dessas três instâncias: mídia, academia e marcas.

VALOR
Não sei se é um valor agregado ou um desafio, mas, em social, as marcas precisam entender que não são mais protagonistas e passar a fazer parte de comunidades, em uma relação horizontal. Como marca, podemos encarar isso como um side effect chato das relações de mão dupla que o digital trouxe ou como uma excelente oportunidade para deixar de emitir mensagens para fazer parte da conversa e agregar valor a um contexto mais amplo de sociedade. O jogo em social é de relevância e influência, para pessoas e marcas. Com dinheiro compramos alcance, mas não essa relevância.

INTERAÇÃO
Deixar seu protagonismo de lado para conseguir se conectar com seus “consumidores” (SIC) de forma real e profunda. Ter um posicionamento claro, ser consistente em relação aos seus valores e, por fim, nunca abrir mão da verdade em prol de qualquer outra coisa.

INFLUÊNCIA
Os influenciadores conseguem construir algo que marcas e outras instituições não conseguem: capital social. Através de seus conteúdos, eles geram relações de confiança e reciprocidade com as suas comunidades, estabelecendo relações profundas e verdadeiras, que só são capazes de acontecer entre pessoas.
IDEIA
A principal parte do nosso trabalho no YouPix é a consultoria estratégica, seja para influência ou para o marketing com influenciadores. Nesse sentido, nosso trabalho é muito mais de planejamento, de entender profundamente o negócio dos nossos clientes para então levantar caminhos estratégicos que ajudem a mover a empresa para frente. Trabalhamos mais no nível do negócio do que no da comunicação, da big idea.

VELOCIDADE
Acho que até o digital, tudo era mais ou menos tranquilo em relação às mudanças na forma como marcas se comunicam com os consumidores.
Agora temos um cenário que muda cada vez mais rápido,
dominado por pouquíssimas empresas (Google e Facebook) que mudam as regras do jogo como bem entendem, que é cada vez mais fragmentado (adeus, mídia de massa) e onde nosso consumidor tem voz. Social, influenciadores, BOTs, AI, VR, AR, existem muitas siglas e ferramentas. Todas dizem que precisamos focar cada vez mais num relacionamento sincero.

PREPARAÇÃO
Dentro do meu grupo, creio que sou a única que não vem do mundo da publicidade, então tenho um desafio maior de entender quais são os critérios importantes de avaliação dos trabalhos. Tenho estudado muito e trocado com outros jurados, com o presidente do meu júri, ouvindo profissionais do mercado, respondido e questionado quem me envia peças.

EXPECTATIVAS
Estou tendo a oportunidade de fazer uma imersão rápida e profunda no que de melhor a publicidade tem para oferecer. Publicidade sempre teve um papel importante de entender e expressar a cultura popular, e minha maior expectativa vem da curiosidade de mapear o zeitgeist social em um momento sensível para o mundo.