Big techs mostram otimismo com governo de Biden
O mundo volta os seus olhos para os Estados Unidos na próxima quarta-feira (20/01), quando acontece a posse do presidente eleito Joe Biden e da vice-presidente Kamala Harris. Mas para as big techs, a visão vai além do alcance. Senadora pela Califórnia (EUA), berço do Vale do Silício, Kamala Harris já demonstrou proximidade com o mundo da tecnologia, que nos últimos anos vem sofrendo ferrenhas críticas sobre a violação da privacidade de dados e a falta de transparência. Quem não se lembra do escândalo envolvendo a Cambridge Analytica, que levou Mark Zuckerberg ao Senado em 2018?
Os desafios que cercam as questões ligadas à transparência e privacidade de dados ganham um novo significado com Kamala Harris, reconhecida como um dos nomes mais proeminentes da política nas discussões envolvendo a privacidade de dados. O otimismo com o governo de Biden é unânime entre os profissionais convidados para participarem do painel “Privacy and Trust with Amazon, Google and Twitter”, reapresentado nesta quinta-feira (14), último dia da CES 2021.
Moderado por Rajeev Chand, sócio e diretor de pesquisas da Wing Venture Capital, o debate contou com executivos que lideram iniciativas sobre privacidade em marcas líderes do setor. Keith Enright, do Google, Damien Kieran, do Twitter, e Anne Toth, que conduz as ações da assistente virtual Alexa, da Amazon, compartilharam as suas impressões sobre um assunto crucial para o futuro da tecnologia.
“Quando pensamos o quanto a tecnologia é importante para as nossas vidas, nos damos conta de que há pouco tempo não tínhamos tanto acesso. Mas 2020 mostrou uma importância que continuará crescente, elevando a barra sobre como o consumidor encara a confiança”, comenta Anne Toth, da Amazon. A executiva espera que ainda mais pessoas passem a usar a Alexa não só como algo divertido ou prático para o dia a dia, mas principalmente para possibilitar autonomia entre grupos com necessidades especiais. “Alexa significa independência para muitas famílias”, reforça.
Para Damien Kieran, do Twitter, “transparência leva à confiança”. É por isso que a plataforma vem investindo cada vez mais, segundo o executivo, em deixar claro para os usuários como é feita a coleta e o uso dos dados. Já Keith Enright, do Google, lembra que as pessoas estão cada vez mais aprimorando a sua experiência online devido à explosão do uso da internet para estudar, trabalhar e se divertir – condições impostas pelo isolamento decretado pela pandemia da Covid-19.
Esse crescimento deixou as pessoas ainda mais apreensivas sobre o uso de dados. “Explicar para as pessoas os mecanismos de coleta sempre foi um desafio para os profissionais de tecnologia. Gerar confiança nunca foi tão necessário”, diz Enright. Segundo ele, a responsabilidade das empresas de tecnologia é manter os seus usuários seguros não só por meio de esforços individuais como também por iniciativas em conjunto com a indústria.
A Europa saiu na frente com a regulamentação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), sancionada em 2018, que veio para frear o uso indiscriminado das informações. Apesar de elevar a precisão e a eficácia das campanhas de comunicação, o uso desenfreado resultou em violações. Algoritmos começaram a expor descobertas que as próprias pessoas não estavam preparadas para revelar. “As leis garantem segurança e um ecossistema produtivo para todos”, defende Enright. Kieran concorda, mas lembra do cuidado com potenciais impactos ligados às vendas de produtos e serviços.
De qualquer forma, os executivos se mostram otimistas com a provável retomada das discussões de leis de proteção de dados pela nova administração conduzida pelo governo de Joe Biden e Kamala Harris. “O assunto estará em uma pauta cercada de desafios”, destaca Kieran. “Ha uma nova perspectiva de estratégias capazes de educar as pessoas sobre o uso de dados”, diz Enright. Para Anne Toth, “quanto mais falarmos, melhores resultados teremos”.
Após pressionar Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, por respostas sobre o vazamento de dados permitido pela Cambridge Analytica em depoimento no Senado norte-americano, e de costurar, em 2012, acordos com as plataformas cobrando o acesso dos usuários à política de privacidade, Kamala Harris indica um caminho de retomada na aprovação de leis capazes de aumentar a transparência e a confiança do setor. Na Califórnia, a senadora já aprovou regras de privacidade, mas no âmbito federal norte-americano ainda não há definição.
Número de expositores da CES 21 diminui
Nesta primeira edição totalmente online da CES 2021, cerca de dois mil expositores, incluindo 700 startups de 37 países, revelaram inovações em cem painéis que superaram mais de cem horas de conteúdo. Em 2020, o evento recebeu 4,5 mil expositores. O encontro do ano passado aconteceu entre os dias 7 e 10 de janeiro, quando o mundo ainda recebia as primeiras notícias sobre o novo coronavírus vindas da China.
“A pandemia nos obrigou a transformar o jeito de reunir a comunidade de tecnologia, mas a essência do evento – inovação, conexão e colaboração – permanece forte”, diz Gary Shapiro, presidente e CEO da Consumer Technology Association (CTA), organizadora do evento.
As inovações vão desde o ambiente da casa até entretenimento, 5G, carros, inteligência artificial e saúde digital. Bosch, Canon, Caterpillar, Hisense, Intel, LG Electronics, Mercedes-Benz, Panasonic, Samsung Electronics e Sony são algumas das empresas que participaram do primeiro dia, dedicado a inovações para o lar com funcionalidades personalizadas para o trabalho e entretenimento, além de inovações no mundo da saúde.
Entre os expositores, estão Intel, LG Electronics, Panasonic, Samsung Electronics e Sony, que compartilharam as suas presenças com empresas de outros segmentos, como Bridgestone, Caterpillar, Indy Autonomous Challenge, John Deere, L’Oréal, Moen e Procter & Gamble. As novatas no pipeline do evento foram a ASUS, BioIntelliSense, Bose, Sono Motors e Volvo. “O evento digital trouxe novas vozes para a conversa de tecnologia”, ressalta Karen Chupk, vice-presidente executiva da CES.
A CES 2021 foi palco para a Verizon mostrar o seu avanço em 5G, a General Motors anunciar o lançamento de um conceito de táxi aéreo – o Cadillac eVTOL -, além de uma nova unidade de negócios dedicada a eletrificar o mercado de entrega de mercadorias. Já a AMD mostrou o novo processador Ryzen 5000, a Best Buy dividiu as mudanças ocorridas na empresa durante a pandemia, o Walmart debateu os caminhos do 5G, AI e da robótica, e a Microsoft compartilhou a sua visão sobre cyber security e privacidade. Do universo do entretenimento, também vieram análises da MediaLink, WarnerMedia Studios e Networks Group.