Boas novas
Armando Ferrentini é diretor-presidente da Editora Referência
Aos poucos, o Brasil vai deixando para trás, a maior crise por que passou desde 1500.
Comparando a um cenário de guerra, ainda temos muitos escombros a recolher e o principal deles representado pelos mais de 12 milhões de desempregados em virtude do encolhimento das empresas.
Muitas sequer encolheram, fecharam de vez, sem condições para prosseguir em busca de melhores dias.
A tarefa de reconstruir o país, pois é disso que necessitamos, é ingente. Os inimigos da pátria causaram danos profundos à nossa economia e isso demora ainda algum tempo para se restaurar.
De qualquer forma, respira-se um pouco melhor, com as instituições voltando a funcionar democraticamente, as empresas tentando se recuperar, as escolas fazendo força para expurgar os pastores da desordem e as ruas pouco a pouco deixando de servir de passarela para o desfile de malandros e tolos, estes ainda mergulhados no me engana que eu gosto, tão a gosto daqueles que têm plena noção do estrago causado, mas é justamente disso que se aproveitam para aumentar suas contas bancárias no exterior e impedir que o país volte à normalidade.
Porque o retorno da população ao trabalho, quando novamente houver vagas para todos, será a negação daquele jeito de governar que prometia o paraíso na terra para os seus ingênuos seguidores.
Note o leitor como já não há mais em grande quantidade aquelas manifestações profissionais avermelhadas, que defendiam o indefensável e confundiam os mais crédulos com os seus gritos de guerra, que na verdade tinham outros propósitos.
Joseph Goebbels jamais poderia imaginar que a sua teoria, de a mentira mil vezes repetida virar verdade, fosse um dia dar frutos em um país da América do Sul que se desenvolveu para além dos seus vizinhos e virou a joia da coroa para malandros e matreiros de todos os matizes da baixaria política.
Não estamos ainda no melhor dos mundos e muito provavelmente o Brasil demorará muito tempo até alcançá-lo. Mas, se ainda estamos com as cicatrizes expostas e algumas vertendo sangue, em breve, embora sem a pressa tão necessária, voltaremos a ser o país do futuro e do presente e não mais do passado, que felizmente já passou deixando-nos tristes lembranças e enormes prejuízos, mas também a lição de que não podemos mais tolerar por tanto tempo tamanha enganação e, principalmente, evitar de colocarmos gente incapaz nos lugares que exigem um preparo acima da média.
Não há mágica que promova o progresso e o bem-estar. Basta nos compararmos a outros países: os mais bem-sucedidos não estão nas mãos de gente que não sabe quantas letras tem o alfabeto. E isso não deve ser tomado por discriminação. Cada qual deve ter o seu lugar na coletividade e ser apoiado pelos demais. Porém, seriamente doentes, procuramos médicos e hospitais e não curandeiros de quinta categoria, acima de tudo mal-intencionados.
O verdadeiro idealista não se locupleta com o seu ideal.
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José Eustachio, da Talent Marcel, participando do encontro bilateral entre empresários brasileiros e argentinos, em Buenos Aires, promovido pelo Lide, do prefeito eleito de São Paulo, João Doria Jr., mandou-nos interessante texto que intitulou Do Capitalismo para o Talentismo.
No evento do Lide, desta a apresentação do painel de Marcos Troyjo, “por sua clareza de análise, fundamentação dos argumentos e atualidade de conceitos”.
“Porém – prossegue José Eustachio –, o ponto mais inspirador foi a sua provocação sobre como iremos lidar com a migração do capitalismo para o talentismo”.
“Essa tese – diz ele – foi concebida por Klaus Schwab, o idealizador do Fórum Econômico de Davos, que na sua essência defende que o capitalismo deve ceder ao conhecimento e talento, o papel de motor econômico e agente indutor do desenvolvimento de nações e da sociedade”.
“Em minha opinião – conclui Eustachio – faz muito sentido que o conhecimento e o talento sejam os protagonistas, enquanto o capitalismo é o ambiente que dá sustentação a uma era nova, a era na qual o que o ser humano é capaz de produzir intelectualmente represente o verdadeiro capital”.
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A edição deste outubro da revista Propaganda traz um caderno especial editado pelo jornalista Paulo Macedo, contando em 16 páginas a história compactada da ESPM, que está completando este mês 65 anos. Imperdível.
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Destaque para a matéria de Julio Maria no Caderno 2 do Estadão do feriado de 12 deste mês, noticiando e relatando a exposição de fotografias e tactografias inaugurada no MIS (SP), que está aberta de terça a sábado, das 12h às 21h, e aos domingos e feriados das 11h às 20h, com entrada grátis. Vai até o próximo dia 22.
A mostra é de autoria de Gabriel Bonfim, com curadoria do suíço Thomas Kurer, exibindo uma série de fotos “produzidas” em 3D, que permite aos deficientes visuais “lerem” suas imagens. Como afirma a reportagem de Julio Maria, “àqueles que enxergam, as imagens aparecem apenas na cor branca, mas aos cegos, elas podem ter mil significados”.
Armando Ferrentini é diretor-presidente da Editora Referência, que publica o PROPMARK e as revistas Marketing e Propaganda