Bom desempenho em festivais torna produção brasileira mais atraente
Compradores de serviços de produção de grandes agências, como Wieden+Kennedy Amsterdã, Energy BBDO Chicago e 72andsunny são os convidados da 9ª edição da FilmBrazil Experience, que acontece até 3 de julho, em São Paulo. O projeto é conduzido pela FilmBrazil, iniciativa para promover no mercado internacional a produção audiovisual brasileira ligada à publicidade.
Os executivos que estão no país, convidados pelo projeto, são Melissa Barany, vice-presidente executiva da Energy BBDO para as contas de SC Johnson e Pearle Vision; Elissa Singstock, produtora executiva da W+K Amsterdã; Sam Baerwald, diretor de produção de filmes da 72andsunny; e Jeff Ferro, vice-presidente de produção da Pereira & O’Dell.
A agenda dos profissionais inclui reuniões com 11 produtoras associadas que tenham expertise em produções internacionais – entre elas empresas como Zola, Conspiração e Mixer. Durante o último final de semana, eles visitaram produtoras no Rio de Janeiro e assistiram à final da Copa das Confederações, no Maracanã.
De acordo com Leyla Fernandes, presidente da Apro (Associação das Produtoras de Audiovisual) – que coordena o projeto FilmBrazil –, o custo do país, considerado alto até pelos clientes norte-americanos e europeus, dificulta a competição com outros países mais baratos. Contudo, com o bom desempenho internacional do país na publicidade, o Brasil tem sido procurado pelos diretores locais, que começam a ficar conhecidos fora do país. “O atendimento das agências internacionais querem que os produtores venham conhecer o Brasil. Sempre tivemos um grande concorrente, a África do Sul, que é mais barata que nós. Mas há cerca de seis anos estamos vendendo ativos como qualidade e talento”, afirma.
A taxa da Condecine, aprovada em 2011 e que taxa em R$ 250 mil filmes internacionais sem a participação de diretores brasileiros, também acabou atraindo produções para o Brasil. Em 2012, dobrou o montante gerado com produções estrangeiras filmadas no país. O valor saltou de R$ 12,5 milhões em 2011 para R$ 23,5 milhões no ano passado.
Melissa Barany, da Energy BBDO, é uma das que está cotando projetos para seus clientes globais, como SC Johnson e Lay’s, Wrigley e Quaker, marcas da PepsiCo. “Temos clientes que têm largo interesse no país. Precisamos ter mais familiaridade com o mercado brasileiro”, diz.
Elissa, produtora executiva da W+K Amsterdã que trabalhou no premiado filme “Write the future” para a Nike e já filmou com a produtora brasileira Hungry Man no filme “Copa”, do mesmo anunciante, está no país cotando para uma campanha ligada às Olimpíadas. “O trabalho feito aqui é fantástico. Este foi o ano que o Brasil marcou seu lugar no mapa da criatividade”, afirma. Elissa foi uma das juradas de Film Craft no Cannes Lions deste ano, área em que o Brasil conquistou cinco Leões.
A 72andsunny, que nunca filmou no país, veio pela primeira vez visitar as produtoras locais após ser convidada pela FilmBrazil. “É realmente uma oportunidade única. Tem fatores como o bom desempenho do Brasil na publicidade e o assunto das taxas. Usamos bastante os serviços de produção de Argentina e Uruguai e estou realmente interessado em trabalhar com diretores brasileiros”, aponta Baerwald, diretor de produção de filmes da agência, que tem entre seus clientes a Samsung.
Esta é a segunda edição do FilmBrazil Experience em 2013. Normalmente, os convidados internacionais vêm para o período do Carnaval, mas, com a realização da Copa das Confederações entre os dias 15 e 30 de junho, os organizadores aproveitaram o evento para trazer uma nova leva de possíveis compradores. O projeto é gerido pela Apro e tem apoio da Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos). Ao longo dos últimos 10 anos, 50 compradores internacionais visitaram o país. Em sua última edição, a iniciativa gerou US$ 1,25 milhão em negócios para as empresas nacionais de produção.