Chega às livrarias a história do homem que “inventou” a TV brasileira. José Bonifácio de Oliveira Sobrinho conta em “O livro do Boni” sua história de menino simples, nascido no interior de São Paulo, que se apaixonou pelo rádio, migrou para a publicidade e depois foi trabalhar na televisão, ainda uma atividade experimental no país. São incontáveis histórias em 460 capítulos e prefácio do sociólogo Domenico de Masi.

Logo no início do livro, Boni avisa que não inseriu ali nenhuma informação bombástica, revelação de segredos de bastidores, nem tampouco define a obra como autobiografia, uma vez que ele concentra-se principalmente em experiências profissionais. De fato, Boni relata, com bom humor, riqueza de detalhes e, como ele próprio diz, “dentro dos limites de sua memória”, mais de 60 anos de história da comunicação brasileira.

O relato cobre desde quando ele ingressou no rádio, aos 15 anos, sua passagem pela publicidade e entrada na televisão, primeiro na TV Tupi, em 1952, e, posteriormente, na TV Paulista, na TV Rio, na TV Excelsior e na TV Globo. Mas há vários bastidores sim, como o relato detalhado do episódio em que a Rede Globo foi acusada de favorecer o então candidato à presidência Fernando Collor de Mello em seu debate televisivo com Lula, em 1989.

O autor conta ainda sobre o convívio carinhoso e difícil com Chacrinha, o surgimento dos especiais de Natal do cantor Roberto Carlos, a relação com autores, atores, jornalistas, diretores e com Roberto Marinho e família. Um dos capítulos finais trata de sua visão do futuro da televisão aberta.

Boni diz, entre outras coisas, que há futuro sim para a TV, mas que haverá transformações importantes como o fim das grades de programação. Para ele, a TV aberta terá “sobrevida” no Brasil devido a um produto único homemade, que é a novela, e só garantirá seu lugar ao sol se conseguir sair da mesmice.

por Claudia Penteado