"Brasil continua a ser um mercado importante", diz CEO da Shutterstock
A Shutterstock anunciou em fevereiro um novo CEO, Stan Pavlovsky. Ele substitui Jon Oringer, fundador da empresa que ocupava o cargo de CEO desde 2003. Em sua primeira entrevista a um veículo brasileiro, o executivo fala sobre os desafios da pandemia do coronavírus, mercado brasileiro, entre outros temas.
Como é assumir um cargo tão importante num momento tão diferente da indústria? Quais os principais desafios?
Eu me tornei CEO da Shutterstock no dia 1º de abril, logo após a empresa inteira ter trabalhado remotamente por duas semanas. É claro, nunca imaginei que minha primeira vez como CEO seriam sob essas condições, mas refletindo sobre meus primeiros 30 dias liderando a empresa de casa, estou extremamente orgulhoso de nossa habilidade como um time para se ajustar a este novo ambiente.
Minha maior prioridade é ter certeza de que nossos funcionários estão seguros, saudáveis e engajados. Assim que começamos a nos acostumar a trabalhar de casa, eu soube que era, mais importante do que nunca, se comunicar efetivamente e consistentemente. Somos favorecidos por ter a tecnologia e ferramentas como uma boa conexão com a internet, plataformas de mensagens instantâneas e tecnologia para vídeo conferências que nos ajudam a manter conectados e produtivos durante esse período. Na verdade, eu tenho uma checagem diária com meu time de liderança. Além disso, nós criamos novos canais onde os funcionários podem interagir e compartilhar dicas. Alguns dos nossos canais também são dedicados à saúde mental e bem-estar, ajustes para trabalhar de casa, e “Shuttertots” para mostrar como é compartilhar o escritório com os filhos.
Da perspectiva de negócios, tivemos de mudar nosso foco para ajudar os nossos representantes a se comunicarem com os clientes de maneira diferente. Estamos posicionados por meio da nossa grande comunidade de contribuidores e plataformas para capturar histórias visuais impactantes e tocantes e assim demonstrar a natureza global dessa crise na qual nos encontramos.
Com o distanciamento social, houve aumento nas buscas por imagens?
Agora que as pessoas estão instaladas no novo ambiente de trabalho em casa, elas estão colocando seus projetos de volta aos trilhos ou trabalhando em novos. Com as restrições de distanciamento social em vigor, estamos vendo muitas empresas criando presença on-line pela primeira vez, enquanto outras estão ampliando seus esforços de comunicação digital para se manterem conectados com seus clientes. O tráfego para o nosso site aumentou durante esse período, porque marcas e empresas estão buscando maneiras visuais de se comunicar com seus públicos.
Globalmente, estamos vendo um aumento no volume de consultas sobre que tipos de serviços que fornecemos, pois, os criativos precisam se desviar de suas formas tradicionais de produção para executar projetos. A demanda do mercado por conteúdo criativo está aumentando à medida que as pessoas se adaptam rapidamente ao trabalho remoto e buscam maneiras de comunicar sua história usando imagens, vídeos e músicas autênticas e relevantes.
Quanto às imagens especificamente, certamente vimos um aumento na demanda por vírus e imagens científicas, simplesmente porque publicações e clientes estão buscando maneiras de visualizar o conceito abstrato de vírus. De acordo com nossos dados, as pesquisas em todo o mundo por frases como vírus, infectado, quarentena, COVID-19 e outros termos relacionados no Shutterstock.com aumentaram 97% em janeiro de 2020, 255% em fevereiro de 2020 e 1.920% em março em comparação com dezembro de 2019.
Nosso hub de recursos COVID-19 descreve algumas das principais palavras-chave pesquisadas no momento, que refletem a pandemia atual. As pesquisas de conteúdo visual relacionadas à alimentação, família, educação, atividade física em ambientes fechados e saúde aumentaram. As narrativas da marca mudaram, centrando-se nesses tópicos para fornecer mensagens mais humanas, preocupadas e focadas na comunidade.
Ao mesmo tempo que parece ser um momento curioso para um banco de imagem, é também complicado, pois não há produção de novas fotos, certo? Principalmente se forem fotos em grupo. Como vocês lidam com isso?
O aumento da demanda por conteúdo novo e relevante em um momento de recursos de produção limitados devido às diretrizes de distanciamento social deixou os cineastas e criadores de conteúdo em uma situação desafiadora.
Temos uma rede global de 1 milhão de colaboradores em todo o mundo e com limitações de isolamento em mente, muitos ainda têm acesso a espaços e estúdios que lhes permitem continuar seu trabalho com segurança. Também há muito o que você pode fazer no confinamento em sua casa. Por exemplo, um de nossos colegas criou este pacote gratuito de efeitos sonoros para cozinhar enquanto estava isolado em casa.
Os criativos são inovadores e engenhosos. Como resultado, o pipeline de conteúdo não sofreu durante esse período. Em vez disso, vimos um aumento no número de colaboradores que se inscreveram e viram a Shutterstock como um meio de complementar sua renda. As pessoas estão aproveitando o tempo para avaliar seus discos rígidos e arquivos de conteúdo e estão disponibilizando imagens, videoclipes, efeitos especiais e faixas de música para obter licença.
Enquanto sessões que estavam programadas estão sendo canceladas, episódios piloto estão sendo adiados e estratégias estão sendo reavaliadas, muitos clientes continuam trabalhando nos projetos e precisam de conteúdo não relacionado ao COVID-19. Por exemplo, o filme da Marvel Studios, a ser lançado em breve, Viúva Negra, trabalhou recentemente conosco para obter conteúdo para a sequência de abertura dos filmes, além de efeitos visuais e cenários.
Há preocupação em marcar, de alguma maneira, imagens que representem hábitos não condizentes com o momento? Como imagens de beijos, abraços, etc?
As marcas não precisam somente de imagens que entregam continuidade em uma cena para projetos existentes que precisam ser concluídos, mas também precisam de conteúdo que se encaixe com o que está acontecendo, incluindo a pessoas que se distanciam socialmente, usam máscaras, acenam de ambientes fechados e em carros, conversam a longa distância e se comunicando por meio da tecnologia. Nossa comunidade global de contribuidores acompanham as tendências e responderam rapidamente à pandemia para atender às novas necessidades de conteúdo. Começamos a ver artistas, fotógrafos e videógrafos compartilhando conteúdos que refletem esses conceitos no momento que o vírus começou a aparecer nos noticiários no final de 2019 e início de 2020.
Empresas tiveram de adaptar rapidamente a tradicional linguagem e imagem de marketing para imagens que falam sobre a situação atual. A maioria dos consumidores querem marcas que reflitam o que eles estão vendo e sentindo ao seu redor. Marcas que não estão fazendo isso parecem dissimuladas em um mundo de mudanças.
As marcas precisam liderar com empatia e ouvir seus clientes conforme suas necessidades mudam. A mensagem unificadora dessa crise é a que estamos todos juntos nisso para que possamos nos relacionar uns com os outros. E, é claro, comunicar isso da maneira certa é crucial. A chave para atingir isso é manter as mensagens autênticas, sinceras e reais.
Quais as expectativas para o mercado brasileiro? Mesmo com a pandemia, ainda é um mercado aquecido?
O Brasil continua a ser um mercado importante para a Shutterstock e essa pandemia não altera nosso compromisso de atender nossos clientes nessa região. Na verdade, vemos que o comportamento do tráfego e da pesquisa é uma tendência crescente na região. Em comparação com o mês de março, as pesquisas de clientes no Brasil mais que dobraram em abril. À medida que as empresas trabalham em novos projetos e retomam outros, prevemos uma necessidade consistente de conteúdo da Shutterstock.
Qual a palavra-chave mais buscada entre os clientes brasileiros?
É interessante ver como o comportamento da pesquisa mudou entre março e abril no Brasil. As pesquisas por imagens relacionadas ao COVID-19 no Brasil aumentaram em mais de 300% em abril em comparação a março. As pesquisas por imagens de quarentena aumentaram 450% no mesmo período. Enquanto isso, algumas outras principais pesquisas incluem entrega (aumentada em 220%), pizza (aumentada em 200%) e ioga (aumentada em 450%). Esses dados de pesquisa de palavras-chave nos dão uma ideia dos projetos visuais de marketing em que as marcas brasileiras estavam trabalhando no mês de abril. Nosso objetivo é continuar a empoderar empresas brasileiras e qualquer empresa do mundo todo com acesso a nosso conteúdo, equipes e serviços 24 horas por dia, 7 dias por semana, para ajudar suas histórias a serem atuais e relevantes.