"Brasil é a bola da vez quando se fala em entretenimento e mídia”
Alexandre Eisenstein: “o que chama a atenção nos resultados do Brasil é o crescimento da internet, principalmente móvel”
“O Brasil é a bola da vez quando se fala em entretenimento e mídia”. A projeção é de Alexandre Eisenstein, gerente da PwC Brasil e especialista em mídia e entretenimento, baseada nos dados da pesquisa Global Entertainment and Media Outlook 2016-2020, da PwC. O estudo da PwC, que está em sua 17ª edição, analisa 13 segmentos do setor em 54 países, atingindo cerca de 80% da população mundial.
Com crescimento anual projetado de 6,4% até 2020, o mercado de mídia e entretenimento no Brasil deverá ser estimulado principalmente pelo aumento do investimento em publicidade na internet, que deve crescer 14,6% ao ano até 2020. O crescimento do mercado brasileiro está acima da média global, projetada em 4,4%. “Mesmo com o cenário econômico atual, a perspectiva de crescimento de entretenimento e mídia no Brasil é positiva”, comenta. Em 2020, o setor brasileiro deve girar em US$ 48,7 bilhões.
O gasto esperado com acesso à internet no país em 2020 é de US$ 17 bilhões. Em 2020, o Brasil deverá se tornar o quarto maior mercado mundial de internet móvel, com 175 milhões de assinantes, à frente do Japão, Rússia e México. Com isso, o consumo de dados em dispositivos móveis deverá aumentar 500% em 2020, em relação a 2015. “Com toda esta demanda pela frente, as empresas de telecomunicações precisam fazer investimentos”, opina Eisenstein.
Apesar do consumo estar migrando para o digital, os meios tradicionais ainda serão importantes. No país, a publicidade na TV permanece como o meio preferido dos anunciantes. 50% dos gastos totais com publicidade são direcionados a essa mídia. O crescimento projetado do setor é de 8,6% ao ano até 2020, quando deverá atingir US$ 7 bilhões.
Os investimentos em TV online deverão ser ainda mais expressivos, conquistando um aumento médio de 46% ao ano. Com o aumento dos investimentos em publicidade na plataforma digital, estima-se que a TV aberta perca market share para os demais segmentos online.
Os gastos dos consumidores com o segmento de TV e vídeo, que inclui acesso a serviços de TV por assinatura, filmes, vídeos e outros conteúdos, devem chegar a US$ 11 bilhões, com cerca de 6 milhões de novos assinantes de TV por assinatura comparado com 2015, atingindo uma penetração de 33% dos domicílios brasileiros. Provedores de conteúdo de vídeo no formato streaming, como Netflix e YouTube, continuarão a representar uma concorrência importante para a TV paga. O Brasil ocupa o 7º lugar no ranking internacional de países em gastos com TV e vídeo e deve ficar nesta posição até 2020.
“O que chama a atenção nos resultados do Brasil é o crescimento da internet, principalmente móvel”, afirma o gerente da PwC Brasil. “Há uma demanda reprimida pelo serviço de transmissão de dados no Brasil. O país está muito abaixo em termos de qualidade”, comenta Eisenstein. O reflexo desse crescimento, segundo ele, é pela publicidade online.
“O aumento do tráfego de dados móvel desafia os anunciantes a repensarem a publicidade. O mercado requer modelos disruptivos de negócio para o setor de publicidade”, diz.
A mídia programática surge como uma tendência para alcançar o público-alvo. O desafio, segundo Eisenstein, é como capturar valor e atenção em um cenário global multiconectado. “A publicidade digital mobile veio para ficar. O caminho é fazer o anúncio certo, na hora certa, no local certo e para o público certo”, avalia ele.
No cenário global, a receita do setor de mídia e entretenimento deve atingir US$ 2,14 trilhões em 2020, ano em que, pela primeira vez, os gastos de publicidade na internet vão superar os investimentos em publicidade na TV, passando de US$ 154 bilhões em 2015 para US$ 260 bilhões. Esse desempenho é puxado pelos mercados dos Estados Unidos, China e Inglaterra. O segmento de publicidade na TV deverá movimentar US$ 210 bilhões, 26% a mais do que em 2015.
No ranking dos países com maiores gastos publicitários em plataformas digitais, o Brasil aparece em 14º lugar e deverá ser o 13º em 2020, à frente da Itália e do México, com US$ 2,9 bilhões de receitas geradas. O gasto global com acesso à internet deve crescer 6,8% ao ano até 2020.
As projeções, no Brasil e na média global, recuaram em relação à edição anterior, divulgada em 2015. No ano passado, esperava-se aumento da receita global de 5% ao ano e, no Brasil, de 10% ao ano até 2019. Os resultados globais foram influenciados pela retração da economia da China, que levou à queda no setor de mídia e entretenimento chinês. No Brasil, contribuíram para a redução dos números a desvalorização do real em relação ao dólar e a recessão na economia.
Dos 13 segmentos analisados; jornais e revistas devem encolher até 2020. O primeiro tem queda anual média de 1,5% no mundo; o segundo, -0,1% ao ano. No Brasil, jornais e revistas deverão ampliar suas receitas em pouco mais de 1% ao ano. As projeções também variam conforme a plataforma. As versões digitais de jornais e revistas crescem 9,8% e 13,2%. No país, jornais e revistas digitais sobem 19% e 15,1% ao ano, e impressos, 0,4% e 0,9% ao ano, respectivamente, mostra o estudo da PwC.