Brasil e suas chances no D&AD
Embora “se esforce” para ser uma premiação global, o D&AD – realizado nesta semana em Londres – segue como intrinsecamente britânica. É a opinião de Alexandre Gama, presidente da Neogama/BBH e CCO global da BBH, que este ano presidiu o júri de Press – por sinal, um dos júris mais internacionais, com integrantes de Alemanha, China e Cingapura. Até o momento, o Brasil teve cinco “In Book”, trabalhos que farão parte do livro do festival, e cinco “Nominations”, indicações que podem, até o fim do dia, transformar-se em Yellow Pencils, o concorrido lápis amarelo. Foram seis os trabalhos que chegaram lá – alguns com mais de uma indicação.
No inBook entraram “Motorista de caminhão” e “Senhora”, da AlmapBBDO para Volkswagen (categoria Fotografia para Propaganda) e os trabalhos da Ogilvy “Letras da estrada” para Claro (o mesmo trabalho entra duas vezes, uma na categoria Ilustração e outra em Poster) e “O mundo sem bilionários” para Forbes Brasil (Poster). Os indicados a Yellow Pencil (Nominations) até o momento são o mesmo Road Letters, da Ogilvy para Claro (categoria Tipografia para Propaganda), “Meu sangue é rubro-negro”, da Leo Burnett Tailor Made para o Hemocentro da Bahia (nas categorias Integrated e Earned Media), e “Do amor ao bingo”, da AlmapBBDO para Getty Images ,em duas categorias diferentes: Animação & Ilustração para websites e Filmes para web.
Nesta sexta-feira (19) serão escolhidos os concorridos Black Pencils, mas Gama não acredita que sua categoria tenha um, já que não é obrigatório concedê-lo. “Não vi nada que tenha sido um divisor de águas na categoria. Quanto mais velhos ficamos, mais já vimos de tudo, mais difícil fica encontrar algo realmente inovador”, disse Gama. Em Press, o Brasil não teve nada.
Segundo ele, embora haja um esforço contrário, o D&AD ainda é uma premiação britânica, com olhar anglo-saxão. Demais países saem naturalmente perdendo, uma vez que a propaganda é nitidamente superior nessas regiões. “Não acho que não há nada de errado nisso, mas para tornar-se Cannes, teria que mudar bastante”, diz Gama.
Para o presidente do júri, o que é interessante a respeito do prêmio é sua característica muito séria, artesanal, que valoriza as diferentes habilidades envolvidas no processo de desenvolvimento das campanhas. Ele conta que o processo de julgamento no iPad Mini foi bem organizado e que houve três critérios muito claros: buscar uma ideia original inspiradora, que tenha sido executada de forma brilhante e avaliar se ela é relevante para o contexto.
Segundo Gama, havia, por exemplo, uma grande série de anúncios dedicados ao “Don’t text and drive” (“Não mande mensagens de celular enquanto dirige”, em tradição livre), que tornou-se o novo “Se beber, não dirija”. Uma das muitas tendências sociais apontadas pela premiação. “Em Press, de fato, já havia visto muitas das coisas – e pelo que percebi, o Brasil não tinha nada de excepcional. Ao mesmo tempo, o D&AD é muito duro, o percentual premiado é de fato muito pequeno.”, conclui.
Na América Latina se destacaram na premiação ainda o México, o Peru e o Uruguai, com um total de seis trabalhos.