Brasil está entre os países que mais confiam na IA
Credibilidade e segurança da tecnologia foram alguns dos destaques do painel de Sandy Carter, COO e fundadora do Unstoppable Domains
Sandy Carter, COO e fundadora do Unstoppable Domains, apresentou os ‘10 myths busted: The real impact of AI and emerging tech’, painel apresentado na tarde do dia 12 de março, durante a 39ª edição do South by Southwest (SXSW), festival de inovação realizado entre os dias 7 e 15 de março, em Austin, no Texas (EUA).
“AI não é só tecnologia, é uma tendência e transforma todo o aspecto da vida”, indica Sandy, reconhecida como autoridade em inteligência artificial e blockchain. Estimativa da consultoria McKinsey citada pela executiva indica que serão adicionados US$ 13 trilhões em investimentos em inteligência artificial até 2023.
Otimização, suporte aos consumidores, transformação da música, e a computação quântica combinada com inteligência artificial será um divisor. “A IA avançará mais rapidamente que outras tecnologias. Crie sua estratégia AI first”, avisa.
A utilização da IA como suporte ao consumidor também é promissora. “Cerca de 20% dos questionamentos que 2,1 milhões de pessoas fazem já são respondidos por IA. Podemos elevar esse índice para 80%”, aponta.
A confiança é outro pilar de expansão. O Brasil está entre os países que mais acredita em IA. Junto com a Índia, lidera quadro do Trust Barometer, da Edelman, com fatia de 70%. Só o Brasil tem 50%. “Há confiança nos dados, mas também treinamento de profissionais”, frisa Sandy, que elenca ainda desafios ligados à transparência de dados e segurança.
Do mundo do trabalho, vem o receio de demissões e extinção de empregos. Segundo Sandy, a IA pode substituir vagas, mas transformará e criará tantas outras. Projeções dão conta de que 92 milhões de posições serão dispensadas. Mas a McKinsey projeta uma suplementação entre 60% a 70% das ocupações.
“A transformação será maior que a eliminação do trabalho. Pense nos novos papéis que você pode desempenhar e insista em destrinchá-lo. Descubra novas habilidades e quais ferramentas de IA você poderá usar para desempenhá-las”, provoca Sandy.
O impacto para as marcas é certo. Sandy lembra que o SEO (search engine optimization) vai virar GEO (generic engine optimization) em um geração guiada por inteligência artificial, que já é a fonte de informação de 45% das pessoas sobre marcas, em detrimento de buscas e sites das empresas. Sandy propõe ainda investir em personalização, experiências e utilizar a IA para tomar a frente de estratégias e do mercado.
Para aqueles que se escondem atrás da dificuldade de implementação, Sandy deixa um recado: todos podem ser desenvolvedores e criadores. Ela chamou o guru do marketing Mark Schaefer ao palco para ratificar o mantra: “Toda pessoa pode utilizar IA para fazer milagres”, disse ele.
A mágica pode ocorrer por meio da combinação de dados genéricos com informações específicas, estratégia que com potencial para aumentar em mais de 30% a receita de uma empresa. A marca Levi´s, segundo Sandy, experimentou a tática e descobriu a tendência “loose fitting jeans”, de calças mais soltas, elevando vendas, inventário e promoções.
Outro componente que não pode ficar alheio é o agente de inteligência artificial. “Crie seu agente personalizado. Sabemos que 89% dos CIOs dizem que adotarão essa prática, em um futuro tomado por programadores e gerenciadores de agentes de inteligência artificial”.
Para além da companhia dos agentes, há os robôs. De acordo com Sandy, a próxima fase da inteligência artificial será definida pela convivência entre humanos e máquinas. Sandy deixou evidências. Chamou ao palco outro convidado, Dell Demasi, que tem um braço biônico comandado por IA. Ele nasceu sem a mão direita, e as próteses antigas não eram capazes de se adequar às atividades. “Cresci vendo Star Wars. Luke Skywalker perdeu o braço e ganhou uma mão biônica. Achei o máximo”, relatou Demasi.
As receitas com a tecnologia biônica podem ultrapassar a cifra de US$ 66 bilhões. “Humanóides serão parte da força de trabalho. Pense sobre como um robô ou um humanóide pode ser útil. E continue aprendendo”, convoca Sandy.