Brasil sobe no market share da rede Ogilvy
Com crescimento médio de 18,5% nos últimos cinco anos, a Ogilvy & Mather Brasil, braço de publicidade e planejamento de comunicação 360º da Ogilvy Worldwide, é estrela em ascensão no universo global da rede que integra a holding inglesa WPP. A operação brasileira caminha com passo acelerado rumo à quarta posição em faturamento, o que deve acontecer até o final deste ano. A previsão, com base no desempenho do primeiro semestre, é que o País supere a Alemanha que ostenta esse lugar no ranking interno da Ogilvy.
A China, que assim como o Brasil faz parte do Bric (bloco econômico emergente também formado por Rússia e Índia) passou a ocupar o segundo lugar à frente da Inglaterra. Os ingleses devem prestar atenção. A previsão da Ogilvy é que o Brasil ocupe o 3º lugar em 2012. O plano da Ogilvy no País é manter o ritmo de 18,5% crescimento em 2010 e um dos principais indicadores são as conquistas de contas como a montadora chinesa JAC Motors, que tem budget para fase de lançamento de R$ 70 milhões, Claro e L’Occitane.
No ano passado, a Ogilvy teve faturamento bruto no mercado brasileiro de R$ 1,534 bilhão segundo o Ibope Monitor, atrás da líder Y&R, equivalente a 55% dos negócios. Os outros 45% do volume financeiro entregue aos acionistas contabiliza as receitas da Ogilvy PR (relações públicas), OgilvyOne (marketing de relacionamento), OgilvyFav (marketing imobiliário), Ogilvy Interactive (mídia interativa), Neo@Ogilvy (digital), OgilvyAction (ativação), OgilvyHealthworld (saúde e bem estar) e EtcoOgilvy (varejo).
O desempenho brasileiro chamou a atenção de Miles Young, principal executivo da Ogilvy desde 2009, uma organização com faturamento global superior a US$ 13 bilhões e 450 escritórios em 128 países. Ele esteve nesta semana no País para visitas aos escritórios do Rio de Janeiro e São Paulo e aos clientes Cola-Cola e Unilever. Além dos números, Young veio conferir de perto a linha de produção criativa liderada pelo vice-presidente Anselmo Ramos responsável pela conquista de 10 Leões na última edição do Festival Internacional de Publicidade de Cannes, o escritório mais premiado do mundo. Sem querer usar o trocadilho, mas já usando, a missão de Young é rejuvenescer a Ogilvy. A melhor maneira para marcar pontos no plano de milhagem de Young é a criatividade.
“É a matéria-prima básica de uma agência de publicidade. É isso que vendemos para o mercado. É a razão desse negócio. O Brasil tem um frescor criativo envolvente e queremos que esse espírito domine toda a rede. Temos que ser criativos em tudo, sempre com uma visão holística 360 graus, digital e interativa. A juventude presente no grupo vai ser decisiva para cumprirmos esse desafio. Converso muito com os jovens talentos da rede para buscar novas idéias”, justificou Young que, antes de assumir a Ogilvy Worldwide no lugar sde Shelly Lazarus, atuou na China durante 14 anos. A Ogilvy local é maior do país asiático com staff de 3.800 profissionais. O conhecimento do gigante do Bric facilita sua missão, mas confia muito no Brasil. “A cultura aqui é mais globalizada e a dinâmica do dia-a-dia mais solta. Na China vive-se o capitalismo vigiado, com aspectos da ditadura”, disse Young.
A virada criativa no País, como enfatiza Amado, veio com a contratação de Anselmo Ramos há três anos. O profissional estava fora do Brasil há 15 anos e tocava uma pequena agência em Miami após trabalhar em corporações como a Y&R. “Estava com dificuldade para identificar um profissional adequado para o projeto. Pensei em requisitar headhunters para ajudar na busca. Mas, após conversas com Marcello Serpa e Ricardo Chester, recebi a indicação do Anselmo e resolvi investir. Deu muito certo”, frisou Amado, exibindo sem cerimônia a ponta de orgulho de comandar a unidade mais criativa da Ogilvy no mundo.
O presidente mundial da Ogilvy acredita que os países do Bric, principalmente o Brasil, vivem o que chama de “agora”. O “depois” é formado pela Colômbia, México, Paquistão, Turquia, Egito e Indonésia. “Esses países têm muito potencial e ainda não estão devidamente explorados, mas vivem expansão econômica e passam a abrigar muitas multinacionais”, destacou, chamando a atenção para os eventos que o Brasil vai abrigar até 2016, incluindo a Copa do Mundo de futebol em 2014 e as Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro. Young declarou que nas próximas semanas será formalizada uma empresa de marketing esportivo que vai unir o WPP e o jogador Ronaldo Fenômeno. O nome da empresa não está definido, mas será provavelmente Nine. “O Sergio Amado está à frente da iniciativa, mas ela não terá a marca Ogilvy. Será uma empresa que vai identificar oportunidades mercadológicas para os clientes das agências do WPP (JWT, Ogilvy e Y&R, por exemplo) nesses eventos”, argumentou Young.
O otimismo de Young embute preocupação com a estagnação econômica na Europa. As operações na Alemanha e Inglaterra registraram perdas e, consequentemente, influência nos resultados. “A Europa vai se recuperar. É um mercado pronto, mas que vive uma nova realidade. Estamos atentos, mas é inevitável que o ranking tenha novos países no topo. O Brasil está perto do quarto, com tendência de crescimento. Na América Latina destaco também a Colômbia, país que já supera Argentina e Chile, pelos menos no mundo Ogilvy”, finalizou Young.
por Paulo Macedo