Caixa tira do ar comercial que mostra Machado de Assis branco
A Caixa Econômica Federal anunciou, nesta quarta-feira (21), a decisão de suspender a veiculação de um comercial em comemoração aos 150 anos da instituição no qual o escritor Machado de Assis, que era mulato e é apresentado na peça como um antigo correntista do banco, é interpretado por um ator branco. O filme (assista aqui), criado pela BorghiErh/Lowe e exibido em cinemas e emissoras de TV aberta e paga, gerou uma série de críticas nas redes sociais e culminou com um pedido oficial da Seppir-PR (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República), órgão do governo federal, para retirá-lo do ar.
Em nota, a entidade afirmou que “a Caixa deve corrigir a produção deste vídeo, reconhecendo o equívoco e considerando o diálogo que vem mantendo com a sociedade ao longo da sua trajetória institucional”. “Deve-se lamentar o episódio da campanha que traz Machado de Assis, um dos primeiros poupadores da Caixa, representado por um ator branco. Uma solução publicitária de todo inadequada por contribuir para a invisibilização dos afro-brasileiros, distorcendo evidências pessoais e coletivas relevantes para a compreensão da personalidade literária de Machado de Assis, de sua obra e seu contexto histórico”, acrescentou a carta enviada pelo banco.
Em resposta, Jorge Hereda, presidente da Caixa Econômica Federal, divulgou uma nota em que “pede desculpas a toda a população e, em especial, aos movimentos ligados às causas raciais, por não ter caracterizado o escritor, que era afro-brasileiro, com a sua origem racial” e comunica a suspensão da veiculação do comercial. “A Caixa reafirma que, nos seus 150 anos de existência, sempre buscou retratar, em suas peças publicitárias, toda a diversidade racial que caracteriza o nosso país. Esta política pode ser reconhecida em muitas das ações de comunicação, algumas realizadas em parceria e com o apoio dos movimentos sociais e da Secretaria de Política e Promoção da Igualdade Racial (Seppir) do Governo Federal. A Caixa nasceu com a missão de ser o banco de todos e jamais fez distinção entre pobres, ricos, brancos, negros, índios, homens, mulheres, jovens, idosos ou qualquer outra diferença social ou racial”, finalizou.