Turista é alertado sobre exploração sexual

 

O Conselho Nacional do Sesi e a Frente Nacional de Prefeitos (FNP) lançam a campanha internacional “Não desvie o olhar”, com o objetivo de combater a exploração sexual de crianças e adolescentes. A coordenação no exterior é da rede ECPAT (sigla do inglês End Child Prostitution and Trafficking – Fim da Prostituição e do Tráfico Infantil), onde nasceu a campanha, mas com tintas um pouco mais sombrias, que as entidades brasileiras preferiram não utilizar por aqui. “Quisemos dar um olhar menos ameaçador no Brasil. Eles gostaram tanto que vão adotar o conceito ‘Não desvie o olhar’ por lá também”, diz Marcio Caetano Setubal, gerente de comunicação e marketing do Conselho Nacional do Sesi.

A ação, que entra no ar este mês, terá três etapas até o período de Copa do Mundo no Brasil e leva a assinatura das agências Agnelo Pacheco em planejamento e mídia e Bertoni Comunicação e Design na parte criativa e de acompanhamento e produção. A Agnelo é a agência que atende o Conselho. A intenção é alertar turistas nacionais e estrangeiros sobre o crime e as consequências penais para quem praticá-lo, e convocará a todos a denunciarem a exploração sexual de crianças e adolescentes, ligando para o Disque 100, número dedicado a quaisquer denúncias que violem os direitos humanos no país.

Segundo o prefeito de Porto Alegre e presidente da FNP, José Fortunati, a campanha pretende aumentar a intolerância diante desse crime e reforçar a importância da denúncia. “Combater a exploração sexual infantil e juvenil não deve e não pode ser apenas uma meta ou um trabalho de educação, assistencial, social ou saúde. Proteger nossas crianças é um dever de todos nós e precisamos estar atentos para denunciar sempre”, disse.

Fases

Na primeira fase, os protagonistas de filmes e demais peças publicitárias serão os jogadores Kaká e Juninho Pernambucano. Essa fase será dedicada, principalmente, à “Sensibilização”, para despertar nos torcedores e cidadãos o sentimento de proteção em relação às crianças e aos adolescentes brasileiros, e de indignação frente à exploração sexual. O segundo eixo, que começa a ser veiculado entre maio e junho, terá como protagonista a atriz Taís Araújo, e será de “Convocação”, para incentivar o cidadão a denunciar o crime, por meio do Disque 100.

Pouco antes e durante a Copa, Arnaldo César Coelho encabeça a fase de “Repressão”, que deixará claro que a exploração sexual de crianças e adolescentes é crime e que será punida. Esse eixo destaca a intolerância em relação ao crime e reforça a importância da denúncia. Na fase final da Copa, todos os protagonistas atuarão juntos, e há planos de manter a campanha no ar com novidades até as Olimpíadas.

Tudo está sendo feito voluntariamente, inclusive a mídia. A veiculação será principalmente nas cidades-sede da Copa, com o apoio das prefeituras locais, que poderão solicitar materiais por meio do site da campanha com suas próprias logomarcas. A veiculação será em pontos estratégicos de trânsito dos torcedores nacionais e estrangeiros, tais como táxis, hotéis, bares, restaurantes, aeroportos e aeronaves, estradas e demais meios de maior penetração e afinidade com o público. Várias parcerias estão sendo estabelecidas, como com a rede de hotéis Accor, cooperativas de taxistas, associações de restaurantes, a Infraero, veículos em todo o país.

Foram criados comerciais de 30, 15 e 10 segundos para televisão e web e todo tipo de peças, de adesivos de banheiro a bolachas de chope para bares e restaurantes, além de adesivos de elevadores para hotéis e flyers e cartazes para distribuição em diversos locais. Já foram estabelecidas parcerias com alguns canais e emissoras como Band e RBS, e outras reuniões estão agendadas para os próximos dias. O orçamento é amplo mas não foi divulgado, porque está pulverizado entre os diversos parceiros e variará de acordo com as adesões.

União

Está prevista a veiculação em 16 países da Europa, com aporte de recursos da União Europeia: França, Holanda, Alemanha, Polônia, Luxemburgo, Suíça, Bulgária, Bélgica, Ucrânia, Espanha, Romênia, República Tcheca, Reino Unido, Estônia, Itália e Áustria. Jair Meneguelli, presidente do Conselho Nacional do Sesi, diz que a mensagem será replicada em todo o país, não somente pela legitimidade de seus parceiros e apoiadores, mas, sobretudo, pela forma como está sendo construída junto com a sociedade.

“Esta não é uma campanha de uma ou mais instituições. É uma iniciativa que pretende envolver todas as camadas e setores da sociedade. Por isso, não será uma ação exclusiva da Copa. Mas, sim, uma ação permanente de proteção e valorização da juventude brasileira”, aposta. Setubal, do Sesi, diz que o Conselho prepara uma grande pesquisa para avaliar e mapear pelo menos 1500 municípios brasileiros e identificar o tamanho do problema da exploração sexual infantil no país – até hoje desconhecido.