Executivos falam em esforços conjuntos para resolver problemas ligados à sustentabilidade (Freepik)

Em painel realizado nesta segunda-feira (21), o Cannes Lions Live reuniu lideranças da indústria de bens de consumo, agências, grupos de comunicação e companhia de tecnologia para discutir o tema Como a nossa indústria está enfrentando a mudança climática, e como podemos reagir de forma rápida, e juntos?

Conduzido por Philip Thomas, presidente da divisão de marketing da Ascential e chairman do Cannes Lions, o encontro virtual contou com Mark Read (WPP), Wendy Clark (Dentsu International), Conny Braams (Unilever) e Matt Brittin (Google), além de Maher Nasser e Amina Mohammed – ambos da ONU.

“Nunca vimos mudanças tão bruscas de comportamento”, comentou Matt Brittin, do Google, referindo-se a mudanças de comportamento “aceleradas pela pandemia da Covid-19”, complementou Conny Braams, da Unilever, que recentemente anunciou a meta de zerar a emissão de poluentes de suas marcas até 2039. O plano de sustentabilidade da empresa ainda pretende reduzir pela metade os gases do efeito estufa emitidos ao longo do processo de produção nos próximos nove anos.

Mas para Maher Nasser, Maher Nasser, diretor da área de comunicações globais da ONU, não se trata de zerar a emissão de poluentes e sim agir para proteger a fauna e a flora. O executivo reconhece que a publicidade aborda temas sobre preservação da natureza, mas “precisa usar o seu poder de transformar hábitos para engajar as pessoas e diminuir desigualdades”.

De acordo com Brittin, o Google busca promover a sustentabilidade por meio de suas inovações. Uma delas é a ferramenta do Google Maps que mede o tempo de percurso feito com uma bicicleta. O presidente de business e operações da bigtech destaca a crescente geração de conteúdo sobre sustentabilidade a fim de suprir as buscas sobre o assunto.

Conny Braams, que lidera a área digital e de marketing da Unilever, lembra que a decisão de compra das pessoas tem sido cada vez mais influenciada por empresas que se posicionam a favor de mudanças de negócios capazes de preservar o meio ambiente. “Temos que tornar a vida das pessoas mais fácil para engajá-los nesta causa”, lembra ela.

Amina Mohammed, secretária-geral adjunta das Nações Unidas (ONU), adverte que a propaganda deve usar a criatividade – seu principal atributo – para apoiar as marcas e as autoridades a disseminarem hábitos capazes de preservar o meio ambiente.

Mark Read, CEO do grupo WPP (Divulgação)

Os desafios incidem também na mídia. “Estamos entendendo como o consumidor se comporta em cada plataforma para entregar o que ele espera da melhor forma”, comenta Mark Read, CEO do grupo WPP. O executivo lembra que as marcas elevam cada vez mais os seus esforços para estimular o consumo sustentável, atribuindo às agências a missão de auxiliá-las nas escolhas corretas tanto na mensagem como no melhor meio para comunicá-la.

Estamos fazendo o suficiente para reduzir a emissão de poluentes e ajudar as pessoas a adotarem hábitos mais saudáveis? Estas foram duas questões debatidas pelos executivos, e a sua relevância é traduzida pela própria quantidade de premiações que tratam sobre desafios de sustentabilidade.

Os principais ganhadores da categoria de Design trazem dois exemplos. Enquanto “H&M Looop” chamou a atenção para a reciclagem de roupas na cidade de Estocolmo, na Suécia, a startup londrina Notpla criou um case para os sachês comestíveis Ooho, feitos com algas marinhas, a fim de incentivar novos hábitos capazes de reduzir o uso de embalagens poluentes. Ambos os projetos ganharam Grand Prix na categoria.

Não à toa, o tema está na mesa do Lions Live. A reflexão sobre o estímulo ao consumo exagerado de produtos não sustentáveis e sobre as responsabilidades de cada um ganha cada vez mais importância para a sobrevivência dos próprios negócios. “O compromisso é de todos. Vivemos um momento em que o homem ainda procura combustível fóssil. Governos, políticos, indústrias e marcas precisam assumir metas juntos, para identificar outras formar de evoluir”, alerta Maher Nasser.

A união de esforços em torno da colaboração e não da competição foi unânime no debate deste primeiro dia do Lions Live. “A cocriação é o caminho. As questões se tornam cada vez mais complexas e precisamos agir como parceiros para sermos parte da solução, e não do problema”, conclui Conny Braams, da Unilever.