Em Cannes, Digital Favela fala sobre criatividade periférica
Painel contou com Tiago Trindade, Guilherme Pierri da Digital Favela, Thamara Pinheiro do hub criativo AUE e o artista visual Del Nunes
Dentro da programação especial que celebra o Brasil como País da Criatividade no Cannes Lions 2025, o festival sediou nesta segunda-feira (16) o painel 'Criatividade Periférica: o Brasil que o mundo ainda não descobriu', com foco na potência criativa das favelas.
A sessão contou com a participação de Tiago Trindade, sócio e CCO da Digital Favela, Guilherme Pierri, CEO e fundador da empresa, Thamara Pinheiro, CEO e cofundadora do hub criativo AUE, além do artista visual Del Nunes.
O objetivo do encontro foi destacar as periferias como verdadeiros centros de inovação cultural, propondo uma reflexão sobre a forma como essas narrativas ainda são sub-representadas no mercado global.
“Durante muito tempo, o mercado viu a criatividade da favela como exceção, quando na verdade ela sempre foi referência. Levar essas narrativas ao Cannes Lions é um movimento sem volta”, afirmou Tiago Trindade durante o debate.
Segundo ele, essa é uma oportunidade para que criativos do mundo inteiro reconheçam o valor das ideias que nascem nas periferias brasileiras. “A favela sempre criou, sempre inovou só não foi reconhecida como potência. Agora, o mundo pode conhecer essa força criativa sem sair da Riviera Francesa.”
Trindade também destacou a importância de transformar discursos em ação: “No Brasil, a gente diz muito que o óbvio tem que ser dito. Mas vou além: o óbvio tem que ser feito.” Ele também defendeu que as marcas precisam estar mais presentes nas favelas, espaços onde a criatividade é pulsante. “Não existe lugar melhor para construir comunidade do que nas favelas.”
Por lá, o CEO relembrou que esse tipo de experiência compartilhada, como a parceria entre a Digital Favela e a Natura, que levou lideranças da marca a Paraisópolis para um contato direto com a realidade de quem já movimenta o consumo e a cultura nas bordas das grandes cidades.
Thamara Pinheiro reforçou a escassez torna pessoas periféricas mais criativas, “Muito da nossa criatividade vem da nossa necessidade de sobrevivência. Encontramos soluções onde não há soluções”, afirmou.