“O poder da criatividade é maior do que o poder nuclear”

Presidente da Ucrânia participou do festival por vídeo e conclamou criativos a refletir sobre a paz e a a causa ucraniana nas campanhas

Volodymyr Zelenskyy, presidente da Ucrânia, participou por vídeo no primeiro dia do Cannes Lions. Sua participação se deu no painel “Creativity under bombs” (Criatividade sob bombas), que levou a cantora ucraniana Jamala e criativos daquele país assolado pela invasão da Rússia. Na sua fala, Zelenskyy conclamou criativos a refletir a paz e a causa ucraniana nas suas campanhas.

“O poder da criatividade humana é maior do que o poder de um estado nuclear que está preso no passado”, disse ele. O Cannes Lions já havia tomado posição, meses atrás, boicotando inscrições advindas de agências russas. Essa pegada humanista do festival não é recente. Nos seus 68 anos de existência, o Cannes Lions sempre deu brilho especial a campanhas “For Good”.

Não à toa, há, hoje, categorias diretamente focadas em Sustentabilidade e DE&I (Diversidade, Equidade&Inclusão), tais como: Glass: The Lion for Change; Grand Prix for Good; Grand Prix for Good – Health e SDGs (Sustainable Development Goals), além de outras com grande influência de ações humanitárias, sociais e ambientais, tais como: Innovation e Creative Business Transformation.

A brasileira Laura Chiavone é jurada na categoria Creative Business Transformation e diz: “É a oportunidade de revelar bons exemplos da criatividade fomentando transformações de forma a melhorar as interações entre companhias e suas comunidades. Não é a transformação pela transformação, como nunca foi a criatividade pela criatividade. É a criatividade colaborando para criar processos transformadores, de valor real e positivos”.

É essa criatividade sensível, inclusiva, social e ambientalmente responsável que está em alta no Cannes Lions deste ano. Por exemplo, com a exposição paralela Act Responsible. A mostra apresenta 4 temas (Meio Ambiente, Solidariedade, Direitos Humanos e Educação), retratados em 92 campanhas criadas por 78 agências de 38 países. Na área de conteúdo, são 69 opções, entre palestras e debates, nas áreas Action for Change, DE&I e Sustainability.

O painel focado na Ucrânia foi um deles, mas há ainda muitas oportunidades, ao longo dos 5 dias do festival. Como o “Eveyone Needs a Seat at the Table” (Todo mundo deve ter um lugar à mesa), que acontecerá no dia 24/6, às 13h30, com a participação das brasileiras Joana Mendes (presidente do Clube de Criação) e Raphaella Martins (profissional da Meta), ambas negras e ativistas.

O festival reconhece ainda o valor da jovem ativista Malala Yousafzai, que, junto com seu pai, criou a Fundação Malala para dar suporte a jovens que desejam estudar, conferindo a ela o LionsHeart Awards. O lado engajado e humanista do Cannes Lions aparece ainda na iniciativa de doar a totalidade do valor arrecadado com inscrições nas categorias SDGs a instituições que foram objeto de campanhas premiadas no festival.

As instituições que receberão os €271,488 são: Propuesta Cívica + Reporters Sans Frontieres; CCWD; VIVIR Association + Ambato's Cantonal Human Rights Protection Council; Perkumpulan Keluarga Berencana Indonesia; (COPI) Central Office of Public Interest; e WWF. O festival que acaba de começar é, sem dúvida, uma inspiração para todos aqueles que estão convencidos do poder da criatividade para mudar o mundo. E vem muito mais por aí, nos próximos 4 dias.