Caráter democrático do podcast indica potencial de crescimento no Brasil

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Os brasileiros estão descobrindo o que é e o que podem fazer com um podcast. Além disso, há caminho para que o formato cresça e se consolide como um dos principais canais de comunicação, informação e entretenimento, como já acontece nos Estados Unidos, por exemplo.

Essa foi uma das conclusões apresentadas nesta quarta (26) durante o “Na Onda dos Podcasts”. O encontro foi promovido em parceria pela Aner (Associação Nacional de Editores de Revistas) e pela ANJ (Associação Nacional de Jornais), com o apoio da ComSchool. Juliana Toscano, diretora executiva da Aner, explica a parceria. “Desde o início do ano, a ANJ e a Aner firmaram uma parceria para atuação conjunta em frentes diversas, e uma delas é a capacitação. Os desafios de jornais e revistas são muito semelhantes, e o momento é de agregar forças. Essa união é benéfica para as associações, veículos e profissionais”, disse na abertura.

O painel “Ibope Inteligência – Pesquisa sobre Podcasts” apresentou um panorama do conhecimento sobre o formato, como e por quê utilizam. A apresentação foi feita por Patrícia Pavanelli, diretora de contas e opinião pública, política e comunicação da Ibope Inteligência, e moderada por Isabela Sperandio, coordenadora da comissão de inovação digital da Aner e gerente digital Grupo Abril. 

Marçal Neto

Isabela Sperandio, coordenadora da comissão de inovação digital da Aner e gerente digital Grupo Abril, e Patrícia Pavanelli, diretora de contas e opinião pública, política e comunicação da Ibope Inteligência

A executiva mostrou que a partir de dados gerais sobre o consumo de internet no Brasil, a pesquisa apontou que o internauta brasileiro em geral é mais escolarizado, mais jovem e tem uma renda maior em comparação com a população no país.

A pesquisa teve duas etapas. A quantitativa somou 2000 entrevistas com pessoas das classes A, B e C, com 16 anos ou mais, e foi realizada de 15 a 18 de janeiro deste ano. A qualitativa, de 4 a 8 de abril, pinçou dez vídeos com depoimentos de participantes da primeira fase.

O levantamento que teve perguntas como “Qual a primeira coisa que vem à sua mente quando se fala em podcast?” e “Você já ouviu alguma vez um podcast?”. Entre os resultados, 40% das pessoas disseram que sim, já ouviram, 28% que não, e 32% não sabem nem o que é. 

Marçal Neto

Patrícia Pavanelli: “É mais do que necessário, é urgente conhecer e entender de forma mais aprofundada a questão dos podcasts no país”

Quem conhece e ouve contou que usa o formato para ter informação e entretenimento de modo informal e descontraído. No aprendizado, o destaque ficou para outros idiomas, como o inglês, e a parte de entretenimento com conteúdos relacionados a filmes, séries, assuntos geeks, músicas e livros. 

Exatamente por isso, a preferência é por conteúdos curtos – até 15 minutos -, objetivos, com conteúdo interessante e relevante. Os respondentes afirmaram que gostam de convidados com conhecimento sobre o assunto em questão. Outro ponto nesse quesito foi a percepção sobre a qualidade técnica do material: a gravação precisa ser boa e o público não gosta quando várias pessoas falam ao mesmo tempo.

A pesquisa também se debruçou sobre hábitos de consumo. Sobre frequência, os dados apontam que 43% dos respondentes não escutam com periodicidade. O restante escuta três vezes por semana (19%), duas vezes (11%) e uma vez (13%). Outros 5% ouvem uma vez a cada 15 dias e 8% apenas uma vez por mês.

E sobre o o momento de consumo, eles afirmam que ouvem antes de dormir, quando estão à toa, no transporte/deslocamento diário e durante os afazeres domésticos. Além disso, os participantes reforçaram ainda mais o caráter democrático do formato, que pode ser baixado e compartilhado. “Apesar de não haver uma frequência definida, a pesquisa mostrou que eles gostam de saber que o conteúdo está disponível naquele dia e horário, que podem acessar quando quiserem”, comenta. 

A plataforma mais utilizada para ouvir é o celular, com 75% das escolhas, sendo esse público de 25 a 34 anos (80%) e de 16 a 24 (78%). Em seguida aparece o computador com 40% e o tablet com 8%. Apesar da pesquisa mostrar que há consumo e interesse no formato, há uma grande diferença de entendimento sobre o que é podcast para quem consome e para quem cria. “O Brasil é um país muito plural. É mais do que necessário, é urgente conhecer e entender de forma mais aprofundada a questão dos podcasts no país”, disse Patrícia.

Marçal Neto

Juliana Toscano, diretora executiva da Aner. “Os desafios de jornais e revistas são muito semelhantes, e o momento é de agregar forças

Editorial em foco
A programação teve ainda a presença de podcasters que já desenvolvem trabalhos reconhecidos. O painel “Podcasts: uma estratégia editorial de sucesso” teve Rodrigo Vizeu, editor do “Café da Manhã”, Cris Fernandes, criadora e host do podcast “Ideias Negras”, Bárbara dos Anjos, jornalista e podcaster, e Thiago Theodoro, head da Capricho, que apresentam o “Estamos Bem?”. A conversa foi moderada por Alan Gripp, diretor de redação jornal O Globo. O evento também teve um Momento ComSchool, e os paineis “Podcast: um mercado em potencial crescimento” e “Podcast: qual o melhor caminho a seguir?.

Marçal Neto

Cris Fernandes, criadora e host do podcast “Ideias Negras”, participou do painel “Podcasts: uma estratégia editorial de sucesso”