O Carnaval já sente a redução de investimentos, como reflexo da crise financeira mundial. Apesar de as ações de Carnaval serem planejadas com quase um ano de antecedência, ou seja, no período anterior ao baque financeiro, as escolas de samba do Rio de Janeiro, por exemplo, já sentem na pele a falta de patrocínio: até o momento, apenas a Grande Rio, que no enredo presta homenagem ao ano da França no Brasil, recebeu aporte financeiro de empresas francesas e da cidade de Nice. A Petrobras, que no ano passado destinou R$ 12 milhões ao carnaval do sambódromo carioca, ao lado da Brasken e da Quattor, este ano não investe nos desfiles. Com isso, as escolas cariocas contam com R$ 4 milhões repassados pela Prefeitura e outros R$ 4,8 milhões do Governo do Estado. As escolas também contam com parte do lucro obtido com a venda de ingressos e os direitos de transmissão televisiva.

Apesar da redução de patrocínio às escolas, o desfile carioca terá mais uma vez o apoio de alguns anunciantes que participam da festa há alguns anos. Bradesco (terceiro ano), Unimed (sexto ano), Coca-Cola (24º ano), Nova Schin (sexto ano), Nestlé (décimo ano), Supermercados Guanabara (décimo ano), Souza Cruz (24º ano), Bob’s (15º ano) e KFC (primeiro ano) marcam presença na Marquês de Sapucaí.

Ambev, com as cervejas Brahma, Antarctica e Skol, Itaú e Nextel também estão entre os anunciantes que realizam ações nas principais festas carnavalescas do País. Em São Paulo, os efeitos da crise no Carnaval ainda estão indefinidos. Segundo Sidney Carrioulo, presidente da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo e da Águia de Ouro, as escolas ainda estão tentando montar um mapa para ver onde os reflexos estão chegando. “Ainda não está claro o quadro, só teremos certeza depois da festa. Como planejamos tudo com antecedência, os projetos de muitas escolas já tinham sido iniciados quando a crise chegou. Os reflexos serão sentidos no ano que vem”, fala ele, acrescentando que em São Paulo um desfile custa em média entre R$ 1,2 milhão e R$ 1,5 milhão. Já no Rio, a Unidos da Tijuca, por exemplo, deve fazer o desfile mais caro de sua história, com um custo de R$ 7 milhões.

Número 1

Mas mesmo em tempos de crise, a Sapucaí atraiu mais uma vez a Ambev, que pelo 19º ano consecutivo montará o Camarote Número 1, um dos espaços tradicionalmente mais badalados da avenida. A organização e a produção são do Banco de Eventos desde que ele foi criado, em 1980. Este ano, a marca escalou como madrinha do camarote Grazi Massafera.

O arquiteto André Piva projetou o espaço com 4 mil metros quadrados que terá bar, restaurante, pista de dança, palco e arquibancada com janelas que permitem uma visão maior para a Sapucaí. O camarote também atrai anunciantes. O espaço contará novamente com o patrocínio da marca Havaianas, que, como nas edições anteriores, desenvolveu um modelo exclusivo de sandálias para os convidados da Brahma. Já a Kibon levará seus picolés ao espaço que também terá drinks personalizados de sorvetes. Pelo terceiro ano consecutivo, a L’Oréal Paris montará a sua Maison de Beauté, enquanto Volkswagen e Piraquê também marcam presença no Camarote Número 1 assim como a Cantão, que customizará as camisetas.

Em São Paulo, a Ambev está  investindo R$ 5,2 milhões para montar o camarote do Bar Brahma na festa carnavalesca, sendo que deste montante, R$ 2,5 milhões estão destinados à publicidade e R$ 2,7 milhões para a montagem, cenografia e contratação de serviços.
A nona edição do Camarote Bar Brahma conta com o patrocínio da Brahma, Johnson Diversey, Piraquê, Roxos e Doentes, Grupo Bertin e Kibon (Unilever). A atriz Tânia Kalil será a madrinha do camarote do Bar Brahma em São Paulo.

Já a Antarctica é parceira de mais de 30 blocos de rua e de seis das principais escolas de samba do Rio de Janeiro. O apoio é parte da campanha “Unidos da Boa”, que traz a assinatura “Nesse Carnaval, só vai dar Boa”. O objetivo da Antarctica com esta iniciativa é “apoiar a maneira mais democrática de celebrar a festa: o carnaval de rua”, informa o anunciante através de sua assessoria. A divulgação do apoio ao Carnaval será feita através de um comercial de 30” estrelado por Karina Bacchi e Sergio Loroza e outras ações. A criação é da AlmapBBDO. A marca também prepara oito milhões de latas temáticas que serão vendidas exclusivamente no Rio de Janeiro.

Bahia

O Carnaval de Salvador também mostra a sua força com patrocinadores oficiais como Itaú, Nova Schin e Nextel. Pelo segundo ano consecutivo, o Consórcio Tudo-OCP, formado pela agência Tudo, do Grupo ABC, e pela agência de propaganda baiana OCP, é o responsável pela comercialização de cotas de patrocínio e gestão de marcas na folia de Salvador. Este ano, a festa terá como tema o Afoxé e os anunciantes se adaptaram a ele para que haja uma exposição de marcas coerente e visualmente interessante.

O investimento da Nextel no Carnaval baiano é estratégico. A operadora lança seus serviços na Bahia no primeiro trimestre de 2009. “Nada melhor do que o Carnaval para interagir com pessoas que valorizam a cultura local e nos inserir na cultura baiana”, afirma Mario Carotti, vp de mar-keting da Nextel.

Já o Itaú participa da festa patrocinando os blocos afro Ilê Aiyê, Timbalada e a cantora Claudia Leitte. No Carnaval de Salvador desde 2001, a cerveja Nova Schin também vai além do patrocínio oficial e marca presença em vários camarotes. A marca também prepara uma campanha publicitária específica para Salvador.

A Caco de Telha, empresa aberta para gerenciar a carreira de Ivete Sangalo e que, após 12 anos, tornou-se uma holding com oito frentes de negócios na área de entretenimento, informa através do vp Ricardo Martins que os blocos Cerveja e Cia e Coruja, ambos com Ivete como atração principal, já contam com o patrocínio de iG, Garnier, Bradesco, Nova Schin e Shopping Iguatemi. 

Martins não vê reflexos da crise no Carnaval baiano. “De acordo com informações do trade turístico, os hotéis já estão com taxa de ocupação maior que no ano passado e o Carnaval está de forma geral vendendo bem. Atribuo isso não só à experiência única que é o Carnaval de Salvador como também à própria crise. Acho que o aumento significativo do dólar fez com que pessoas, que até o ano passado viajavam para o exterior no Carnaval, optassem pela Bahia como destino”.

por Teresa Levin