Roseani Rocha
Para uma revista cujo título é Casa do Vaticano, a escolha do tema de sua décima edição “A Bíblia Ilustrada” é bem pertinente. Desta vez, o criativo que elaborou a edição foi Pascoal Fabra Neto, da FabraQuinteiro. O publicitário escolheu alguns dos versículos mais difundidos da Bíblia e ele mesmo encontrou em bancos de imagens – Photonica e Getty Images, não apenas no Brasil – aquelas que achou mais adequadas a cada mensagem. Somente duas das imagens não são de bancos, uma cedida por Tadeu Jungle (mas que não havia sido feita para o projeto) e uma clicada por Fabra Neto, em Barcelona, destacando “A Sagrada Família”, de Gaudí. Foram seis meses dedicados por Fabra Neto à releitura do Velho e do Novo Testamentos. Cada versículo vem acompanhado de uma imagem que lhe trouxesse uma leitura nova ou que tocasse mais os leitores. O publicitário convidou cinco líderes religiosos para que cada um explicasse a importância das Sagradas Escrituras em suas respectivas religiões. Participaram do projeto o rabino Henry Sobel, o cardeal Eugênio Sales, Frei Betto, o teólogo batista Luiz Sayão e o pastor Ed René Kivitz. Os textos servem como introdução às citações bíblicas que vêm na seqüência, escritas em português, hebraico, grego e inglês. Para cada citação, é reproduzida uma imagem em página dupla. Fabra Neto deu preferência a citações do Gênesis, que representam quase a metade do trabalho, pelo fato de ser comum à Torá judia. Entretanto, também abriu espaço para citações de outros livros. O objetivo, segundo o criador da edição, é trazer para a contemporaneidade a mensagem da Bíblia, “Para que as pessoas percebessem a mão de Deus no seu dia-a-dia, passassem a olhar com mais atenção e carinho a pessoa ao lado”. Mas na capa da edição Fabra Neto colocou um louva-a-deus, “o pior predador depois do homem”, para lembrar dos perigos de quem carrega o nome de Deus, mas realiza ações que nada têm que ver com Ele. A revista terá uma tiragem de 3 mil exemplares e será vendida por R$ 50 na Pinacoteca do Estado de São Paulo. A renda será revertida ao próprio museu. O lançamento acontecerá no espaço Traffô, na capital paulista, com data a ser definida – 25 ou 26 de outubro.
Metamorfose
Criada em 2000 por Luiz Carlos Burti e Tomás Lorente, então diretor de criação da Age, a revista sempre funcionou como uma vitrine dos recursos tecnológicos da Gráficos Burti. Na maioria das edições, um diretor de arte sugeria um tema e convidava uma série de fotógrafos a usarem sua arte para expressar o motivo dado. O primeiro número, entretanto, não teve um tema definido. A segunda edição, dirigida por Marcello Serpa, da AlmapBBDO, versou sobre o tema “feminino” em fevereiro de 2001. Três meses depois, Pedro Cappelletti, da DM9DDB, sugeriu o assunto “retícula”. Carlos Silvério, da DPZ, na edição número quatro, publicada em novembro de 2001, deu uma cadeira a cada fotógrafo. Todos refizeram o objeto-tema e a revista acabou virando uma exposição dessas cadeiras na Faap. Em abril de 2002 foi a vez de Renato Amoroso, da F/Nazca S&S, instigar profissionais com o tema “mentira”. Alexandre Gama, da NeogamaBBH, em agosto do mesmo ano, colocou em campo o “futebol”, que deu trabalho especialmente árduo à gráfica, por exemplo, pelo fato de ter de reproduzir uma chuteira com as traves, na caixa em que a revista era acondicionada. “Vida” foi a sugestão de Júlio Andery, então na Lowe, para a edição de maio de 2003. O oitavo número, de abril de 2004, dirigido por Luiz Nogueira, da McCann-Erickson, foi sobre “companheiros”. A Casa do Vaticano número 9, lançada em dezembro de 2004, foi articulada por Sérgio Gordilho, da Africa, que propôs o tema “noite”. Com a décima edição, a Burti acredita fechar um ciclo temático da revista, que passará por uma reformulação. Luiz Carlos Burti deve reunir-se com todos os diretores de criação que participaram do projeto Casa do Vaticano para reavaliar seu conceito, formato e até o nome. Se a partir da idéia de duas pessoas foram produzidas dez edições tão interessantes, imagine-se o que não virá a partir do programado “concílio”.