Cases assina novo design do Estadão
Facilitar a leitura dos conteúdos do jornal O Estado de S. Paulo, agregar mais informações aos textos que passam a ter boxes explicativos e diagramação privilegiando o corte horizontal (infográficos e abertura de fotos, por exemplo), são alguns dos features da nova identidade visual do título que completa 135 anos em 2010 e que circula com média diária de 226 mil exemplares, segundo pesquisa do mês de fevereiro do IVC (Instituto Verificador de Circulação).
As novidades desenvolvidas pelo estúdio catalão Cases Y Associats, que já fizera a reforma de 2003, poderão ser vistas a partir do próximo domingo (14) por assinantes e nas bancas. Na primeira página o impacto é sintomático: a logomarca subtrai o dia da semana e adota o símbolo Ex-Libris (da fonte), referência ao francês Bernard Gregoire, considerado o primeiro jornaleiro da cidade de São Paulo. Ele entregava A Província de S.Paulo em 1876, que precedeu a fase Estadão, montado a cavalo. O brasão tem a assinatura de José Wasth Rodrigues, o mesmo do brasão da capital paulista. Uma campanha assinada pela Y&R vai promover a mudança aos leitores.
Para o trade, a comunicação tem criação da Artplan.
As colunas passam a ser editadas na horizontal e no topo das páginas. As principais reportagens poderão vir na parte de baixo, mas o design valoriza leitura e interesse.
Os títulos passam a usar variação do tipo Eudald Headline, rebatizada de Estadão Holdline. Os textos serão processados com a fonte Freight Text. Os cadernos ganham status de marcas próprias, com atenção às capas.
A inspiração vem do “Paladar”, que ganhou projeção no universo gastronômico devido à sua direção de arte arrojada, tratamento similar às revistas. A partir de agora, o Guia de Entretenimento, publicado às sextas-feiras, adota a marca “Divirta-se”, anteriormente apenas no Jornal da Tarde. O produto, porém, será encartado nos dois jornais, sinergia que será ampliada, mas sempre com adequação. O Caderno de Cultura será extinto e passa a se chamar “Sabático”, sempre aos sábados.
Outra novidade é a publicação do “C2 Domingo”, cuja proposta é dar uma visão geral do universo cultural. Aos sábados será editado o “C2 + Música”, do popular ao jazz, do clássico à MPB, do rock ao eletrônico. “Link”, “Feminino”, “Agrícola”, “Aliás” e “Paladar” terão atualização estética, mas “TV & Lazer” será simplesmente “TV”. O caderno “Planeta”, dedicado à sustentabilidade, será mensal, mas com coluna diária e página semanal. Recentemente foi lançado o “Negócios”, às segundas-feiras, e o “Viagem e Turismo” passa a ser simplesmente “Viagem”. Os cadernos temáticos vão concentrar os chamados soft news, enquanto as rubricas de política, cidades e economia ficam com a responsabilidade do hard news.
O redesenho não atinge nessa fase a publicidade. O estúdio Cases Y Associats vai fazer proposta nessa direção ainda neste ano de 2010.
Os formatos atuais (página inteira, dupla, meia, sobrecapa, envelopamento, multipage, cinta e anúncios de linha, por exemplo) não vão sofrer alterações, mas as áreas comercial e editorial estão abertas a sugestões das agências.
“O novo visual não vai permitir conflitos entre conteúdo editorial e comercial. Antes, uma matéria com foto muito colorida poderia entrar em choque com uma peça publicitária. A partir de agora, não. Os claros permitem diferenciação na leitura”, frisou o editor Roberto Gazzi, da equipe do diretor de conteúdo Ricardo Gandour. “A mudança na publicidade vai começar pelos classificados, o próximo passo do projeto”, acrescentou Silvio Genesini, presidente executivo do Grupo Estado.
“O novo jornal será mais analítico, agradável e próximo da vida do leitor. Os novos elementos gráficos traduzem essa intenção e afetam diretamente a maneira de produzir e editar as informações. Dotados de características próprias, permitem que a notícia seja apresentada de forma mais elaborada, indo além do texto principal e de seu desdobramento.
Para nos aproximar do leitor e traduzir melhor o que ocorre no mundo, devemos produzir um jornal em que a informação proporcione diferentes ritmos de leitura e venha sempre acompanhada de contexto e, quando for o caso, da explicação das consequências do fato”, justificou Gandour, enfatizando que as mudanças resultam da pesquisa “Perceptor”, coordenada pelo instituto Ipsos entre os meses de junho e agosto de 2009, e de grupos qualitativos formados pelo Estadão.
A reforma, na visão dos executivos do Estadão, também é para valorizar o final de semana do leitor. A integração entre mídias é outra vertente. A logística começa pela publicação de uma notícia exclusiva na Agência Estado, depois no portal e, finalmente, com mais detalhes, na versão impressa no dia seguinte.
“O jornal estará ainda mais multimídia. Procuramos fórmulas para que a integração papel/internet/celular fosse mais bem trabalhada, tanto para o leitor como para o jornalista. Será uma mudança de patamar de nossos produtos, com maior alinhamento da marca Estadão”, argumentou Gazzi, lembrando ainda que o conteúdo da edição metropolitana, incluindo Classificados e encartes promocionais, será ampliada para a região de Campinas.
Os jornais Folha de S.Paulo e Diário de S.Paulo também estão em processo de redesenho. A empresa Innovation vai coordenar o projeto do Diário.
Digital
O estúdio do designer Tony Cases, que tem na equipe o brasileiro Francisco Amaral, também é responsável pelo visual do portal www.estadao.com.br, área dirigida pelo jornalista Pedro Dória. Twitter, blogs (agora com 75 contra os 20 atuais) e arquitetura matemática para que notícias sejam publicadas no topo dos sites de busca, como o Google, integram a estratégia digital do Estadão. Em janeiro foram 16 milhões de visitas, mas a ideia é crescer volume. O plano de Dória é que as seções funcionem como comunidades, benchmark do que viu em jornais como o The New York Times e The Guardian.
“O portal terá ainda mais a característica de ser o veículo da cobertura instantânea, mais aprofundada, das matérias do jornal. Não será somente a edição online, irá mais fundo na informação. Teremos uma cobertura mais próxima do leitor, dividida, por exemplo, em seis grandes capitais. Os internautas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília e Salvador terão conteúdo próprio e diferenciado, ação que deverá se estender em breve para as demais capitais”, disse Dória.
No ambiente digital, os formatos publicitários já são diferenciados. Em todos, porém, com um clique o anúncio é expandido, alguns para toda a tela. “O propósito é atender o anunciante, mas como serviço aos leitores”, ponderou a executiva Elaine Kovacs, gerente de publicidade online do Grupo Estado.
O Grupo Estado planeja um faturamento de R$ 1 bilhão neste ano, na expressão de Genesini. O Ebtida da empresa é de R$ 160 milhões. Recentemente lançou R$ 85 milhões de debêntures a serem pagas durante três anos a partir de 2011.
por Paulo Macedo